sexta-feira, 24 de junho de 2011

Não descuide de seu progresso intelectual


Instituto Pestalozzi


Larissa Carvalho - Educacora, Historiadora e palestrante espírita
Rio Grande/RS




                      A ideia de que ninguém deve procurar aprender e melhorar-se para ser mais útil à Revelação Divina é muito mais uma tentativa de consagração à ociosidade que um ensaio de humildade incipiente.  - Emmanuel [1]  



Nos caminhos da vida, por vezes, deparamos com pessoas que exaltam o trabalho para o Cristo. Pessoas que nos inspiram a também trabalharmos, por nossa vez, pelos desesperançados do mundo, distribuindo consolo aos desesperados, levando alimento do corpo aos que passam fome. Irmãos generosíssimos, que distribuem do que lhes faz falta, que abrigam em seus lares outros irmãos sem rumo ou necessitados do carinho de um lar, de uma família.

Deparamos com grandes almas que dedicam suas vidas a instituições benemerentes, atendendo crianças enfermas, abandonadas, carentes de instrução e de afeto. Cruzamos com mantenedores de hospitais beneficentes, de casas de repouso aos idosos abandonados, de organizações em prol de vítimas de violência doméstica. Enfim, não nos falta exemplos de amor e fraternidade no mundo, se tivermos olhos de ver.

Em sua grande maioria, estes irmãos e irmãs não apelam unicamente para o desenvolvimento de suas virtudes morais. Procuram desenvolver suas aptidões intelectuais, da mesma forma.

O apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso, por exemplo, era um homem muito bem educado. Seus mestres eram provenientes das escolas de Atenas e Alexandria, os maiores centros acadêmicos da Grécia antiga. Falava Grego, hebraico e era profundo conhecedor das antigas escrituras, dos clássicos gregos, das leis romanas. Também foi notável orador, divulgador do cristianismo e um homem de Bem, capaz de diminuir-se para que o Cristo fosse exaltado.

Mohandas Karamchand Gandhi, que dedicou sua vida à causa da libertação do povo indiano da colonização britânica, era advogado, tendo cursado a faculdade de direito em Londres. Leitor de obras como Bhagavad-Gita – o texto da religião hinduista – e tendo o Sermão da Montanha de Jesus como referência espiritual, era um intelectual indiano educado na Inglaterra. Mas sua cultura só auxiliou-o em defesa da não-violência para a libertação da Índia.

E como não citarmos o mestre lionês, Allan Kardec, que estudou numa das escolas europeias mais bem conceituadas de sua época, a Escola Pestalozzi, graduou-se em Ciências e Letras, conhecia profundamente o alemão (é o tradutor das obras de Fénelon para o francês), inglês e holandês, mas também dominava o espanhol e o italiano, além de conhecedor profundo de várias temáticas das ciências física, matemática, história, como atestam seus livros didáticos escritos antes da codificação.

Nenhum destes grande homens descuidaram da própria instrução intelectual. Note-se que muitos não os realizaram na escola formal, mas com leituras, buscando estudar obras de variadas ciências, pesquisando a partir da curiosidade em compreender o mundo.

Isto nos faz pensar que para sermos úteis à Doutrina dos Espíritos é necessário desenvolvermo-nos intelectualmente, ao lado de nossos esforços pelo desenvolvimento moral. Insensato pensar que para trabalhar para o Cristo precisamos estar com mentes e mãos ociosos para termos tempo para o Céu. Pensamento antiquado, que somente atesta preguiça mental.

Para realizarmos grandes obras de cunho espiritual, necessitamos conhecer mais, aprender sempre, estudar muito, seja nos bancos escolares, universitários, grupos de estudos, seja em bibliotecas e em nossas casas, mas nunca perdermos de vista que o conhecimento nos habilita a trabalharmos melhor na obra Divina e atentemos para o aviso do apóstolo dos gentios: “Procurai com zelo os melhores dons e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (Paulo, I Coríntios, 12:31)

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[1]          XAVIER, Francisco Cândido (psicografado); Emmanuel (ditado). Fonte Viva. 36ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009, p. 133.