domingo, 31 de janeiro de 2010

Consciência da imortalidade

Foto: Borboleta em SJN - Vinícius



Vinícius Lousada - vlousada@hotmail.com

“Em que se torna a alma no instante da morte?
Volta a ser Espírito, isto é, retorna ao mundo dos Espíritos, que havia deixado momentaneamente.”



O mistério da morte há muito ocupa o imaginário da humanidade. Desde tempos imemoriais, os povos lidam com a sua presença das mais diferentes e criativas maneiras.

Do medo à acolhida da figura da morte, viaja a concepção mitológica desse fenômeno que obedece ao automatismo natural da entropia, da dispersão da energia dos corpos para colaborar com outras formas de manifestação da vida.

Na atualidade, erguem-se, como sempre se fez, doutrinas absurdas apresentando uma visão distorcida do pós-morte em função de interesses amesquinhados da comercialização da fé.

Por outro lado, insiste o paradigma materialista, com o aval da racionalização científica – entenda-se racionalização por um desvio da racionalidade –, em afirmar a morte como o fim e a dimensão espiritual do ser humano como uma produção do cérebro.

Nesse campo de batalha das idéias transita o indivíduo numa pós-modernidade sem referências, temendo a morte ou encastelando-se na indiferença, ignorando os aspectos mais transcendentes da vida vindo a iludir-se quanto ao seu significado profundo.

O medo da morte, da sua ou do outro, vai sofrendo tentativas de abafamento na entrega desnorteada ao prazer e às disputas pelas conquistas impermanentes.

O indivíduo da era da informação, que avançou no conhecimento do universo das micro-partículas e, ao mesmo tempo, foi capaz de decifrar o genoma humano e mapear o território cerebral, anda no mundo desconhecendo a sua própria natureza espiritual, inconsciente da sua imortalidade.

Naturalmente, não têm faltado pesquisadores sérios – como Kübler Ross, Moody Jr., por exemplo -, pensadores, místicos, religiosos e médiuns que se fazem portadores do recado da continuidade da vida após a degeneração do corpo biológico.

Mas, seduzidos pelo materialismo, muitos se fazem surdos ou, na sua míope arrogância, dão-lhes descréditos sem conhecerem as suas produções a respeito de palpitante e necessário tema.

Contudo, há 150 anos, o Espiritismo tem oferecido um entendimento diferenciado da morte. Segundo o relato dos Espíritos, colhidos por Allan Kardec utilizando-se da metodologia da concordância universal, e os fatos que nos são apresentados todos os dias, através do fenômeno mediúnico, a morte não é o fim da existência, mas um retorno do ser ao mundo dos Espíritos.

A realidade insofismável da comunicabilidade dos Espíritos, vivenciada por muita gente na intimidade de sua vida particular, estudada por diversos sábios no passado, experimentada como sobrenatural na religião tradicional e verificada nas reuniões mediúnicas, nas sociedades espíritas, conjuga uma infinidade de fatos que não dão margem à dúvida sobre a imortalidade da alma.

A Filosofia dos Espíritos aclara-nos, ainda, que são diversos os estados psicológicos dos desencarnados na erraticidade, estando cada qual a transitar na faixa de felicidade ou tormento edificada em estreito vínculo com as virtudes adquiridas ou imperfeições não superadas até então.

Cada um, cultivando a faixa mental a que se afeiçoa na manutenção da própria evolução ou no condicionamento aos hábitos infelizes, se agrega por sintonia a comunidades espirituais erigidas pelo poder plasmador do pensamento dos indivíduos e das coletividades.

Através do conhecimento espírita, haurido no estudo das obras de Allan Kardec e nas que lhe são posteriores, o sujeito pode munir-se da consciência de sua imortalidade.

Entretanto, devemos atentar para um detalhe: a consciência da imortalidade não se traduz em mera informação e tampouco o Espiritismo é o único caminho para tanto.

Existem pessoas que memorizam sentenças morais descuidadas do dever de vivê-las. Logo, a simples leitura de Kardec não basta. É preciso meditar sobre os enunciados, buscar reflexivamente a aplicação no roteiro de desenvolvimento pessoal .

Também, ante a diversidade religiosa presente em nossa civilização planetária, não podemos ignorar que são vários os caminhos de espiritualização das criaturas, e muitos deles, têm dado conta do dever de conscientizar os sujeitos a respeito da impermanência dos laços que prendem o ser à matéria.

A consciência autêntica da imortalidade nasce da junção entre o conhecimento espiritual sobre a vida além da morte e a busca da vivência integral do bem.

O atestado de consciência da imortalidade consiste num modo-de-ser de quem se sabe em trânsito, num estar no mundo e com os outros de forma suave, transcendente ao terra-a-terra.

Cônscio da sua imortalidade, o Espírito reencarnado é capaz de contemplar a sua própria incompletude e, portanto, fazer-se aberto ao inusitado, ao que vem de novo no retorno à pátria maior que a morte do corpo faculta.

Caso tenha vivido no bem, goza hoje do “céu interior”, sente as primícias do “nirvana” no próprio âmago e aguarda, numa espera serena a própria libertação da conexão com a carne porque sabe que o que lhe aguarda na vida futura é fruto do que tem plantado ao longo de sua breve passagem terrena.

Quanto à morte dos seus, o sujeito, consciente da imortalidade, compreende que há tempo para tudo e que a desencarnação do seu afeto anuncia um tempo de despedida que vem acompanhada de saudade.

Do mesmo modo, entende que em breve haverá tempo para rever o outro, amenizar a saudade e abraçá-lo seja aqui ou noutro lado da vida.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Momento Joanna de Ângelis




Saúda o teu dia com a oração de reconhecimento.


Tu estás vivo.


Enquanto a vida se expressa, multiplicam-se as oportunidades de crescer e ser feliz.


Cada dia é uma bênção nova que Deus te concede, dando-te prova de amor.


Acompanha a sucessão das horas cultivando otimismo e bem estar.

Jonna de Ângelis - Divaldo Frando do livro "Vida Feliz"



quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Chico Xavier - o Filme




Em 02 abril de 2010 os cinemas terão a estréia do filme de Daniel Filho, com grande elenco, sobre a vida do médium espírita mineiro Francisco Cândido Xavier.

Para saber mais visite o site oficial do filme: http://www.chicoxavierofilme.com.br/site/

E aproveite para ver o trailer oficial do filme:

domingo, 10 de janeiro de 2010

APRECIAÇÃO DA OBRA A GÊNESE



(Paris, 18 de dezembro de 1867 – Médium: Sr. Desliens)

Esta obra vem na hora certa, na medida em que a doutrina está hoje bem estabelecida do ponto de vista moral e religioso. Seja qual for a direção que tome de agora em diante, tem precedentes muito arraigados no coração dos adeptos, para que ninguém possa temer que ela se desvie de seu caminho.


O que importava satisfazer antes de tudo, eram as aspirações da alma; era suprir o vazio deixado pela dúvida nas almas vacilantes em sua fé. Esta primeira missão hoje está cumprida. O Espiritismo entra atualmente em uma nova fase; ao atributo de consolador, alia o de instrutor e diretor do espírito, em ciência e em filosofia, como em moralidade. A caridade, sua base inabalável, dele fez o laço das almas ternas; a Ciência, a solidariedade, a progressão, o espírito liberal dele farão o traço de união das almas fortes.


Conquistou os corações que amam com armas de doçura; hoje viril, é às inteligências viris que se dirige. Materialistas, positivistas, todos os que, por um motivo qualquer, se afastaram de uma espiritualidade cujas imperfeições suas inteligências lhes mostravam, nele vão encontrar novos alimentos para sua insaciabilidade. A Ciência é sua senhora, mas uma descoberta chama outra, e o homem avança sem cessar com ela, de desejo em desejo, sem encontrar completa satisfação. É que o Espírito também tem suas necessidades; é que a alma mais ateísta tem aspirações secretas, inconfessadas, e que essas aspirações reclamam seu alimento.


A religião, antagonista da Ciência, respondia pelo mistério a todas as questões da filosofia céptica. Ela violava as leis da Natureza e as adaptava à sua fantasia, para daí extrair uma explicação incoerente de seus ensinamentos. Vós, ao contrário, vos sacrificais à Ciência; aceitais todos os seus ensinamentos sem exceção e lhe abris horizontes que ela supunha intransponíveis. Tal será o efeito desta nova obra; não poderá senão assegurar mais os fundamentos da crença espírita nos corações que já a possuem, e fará dar um passo à frente para a unidade a todos os dissidentes, à exceção, entretanto, dos que o são por interesse ou por amorpróprio; esses o vêem com despeito sobre bases cada vez mais inabaláveis, que os lançam para trás e os rechaçam na sombra. Só havia pouco ou nenhum terreno comum onde se pudessem encontrar. Hoje, o materialismo vos acotovela por toda parte, porque estando em seu terreno, não estareis menos no vosso, e ele não poderá fazer outra coisa senão aprender a conhecer os hóspedes que lhe traz a filosofia espírita. É um instrumento de duplo efeito: uma sapa, uma mina que ainda derruba algumas ruínas do passado, uma colher de pedreiro que edifica para o futuro.


A questão de origem que se prende à Gênese é para todos uma questão apaixonada. Um livro escrito sobre esta matéria deve, em conseqüência, interessar a todos os espíritos sérios. Por esse livro, como vos disse, o Espiritismo entra numa nova fase e esta preparará as vias da fase que mais tarde se abrirá, porque cada coisa deve vir a seu tempo. Antecipar o momento propício é tão prejudicial quanto deixá-lo escapar.

São Luís


(Revista Espírita, fevereiro de 1869)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

CONSELHOS DE ANO NOVO

 Vinícius Lousada – vlousada@hotmail.com




Um adágio popular afirma o ano novo como vida nova. Será mesmo? Será que a simples mudança de calendário define um viver diferenciado para melhor? Claro que a mudança é da lei divina, vivemos mergulhados em processos de impermanência e, o Espiritismo, por sua vez, nos ensina que estamos submetidos à Lei de Progresso, uma das leis morais, segundo Allan Kardec, que faz uma leitura da progressão espiritual que podemos empreender como seres perfectíveis.

Assim, creio que estamos em dinâmico processo de crescimento a partir das aprendizagens que somos capazes de efetivar, passando pelas experiências e convivências as mais diversificadas, conforme nossas necessidades educativas, seja do ponto de vista moral, seja do intelectual.

E quanto às superstições reveladas em simpatias e crendices que definem cor de roupa, o que comer ou o modo de andar na entrada do ano novo, elas podem nos garantir uma vida melhor? A superstição é um apego exagerado ao que a ignorância, má conselheira, define por verdade sem a qual não se pode ser feliz.

A superstição também é fruto de uma inadequada educação religiosa que não apresentou ao indivíduo uma maneira lúcida de viver o sagrado, um jeito racional de experimentar a sua espiritualidade.

A fé raciocinada preconizada pelo Espiritismo, quando vivida no livre pensar, pode proporcionar uma espiritualidade profunda, sobretudo, no momento em que esses valores subjacentes nos ensinos dos Espíritos não ilustram somente a inteligência, mas iluminam o sentimento e mobilizam o espiritista para o bem.

Então, como podemos fazer para ter um ano novo e uma vida melhor? Compreendo, pautado na Filosofia Espírita, que podemos ter uma existência de qualidade aprimorando-nos no presente. E o meio de fazê-lo já foi lecionado por Santo Agostinho (1), evocando a doutrina socrática (2) – precursora do Espiritismo – quando postulava o conhecimento de si mesmo.

O mestre Allan Kardec teve o ensejo de apresentar na Revista Espírita, de junho de 1863, uma sintética e bela dissertação do literato desencarnado La Fontaine intitulada “Conhecer a si mesmo”.

Entre os seus sábios conselhos encontramos:

a. “O que muitas vezes impede que vos corrijais de um defeito, de um vício, é, certamente, o fato de não perceberdes que o tendes.” (p. 266) Ou seja, o desconhecimento de si impede que identifiquemos nossas imperfeições ou limites morais para que possamos mudar para melhor, aliás, nenhuma reforma considerável é possível sem o conhecimento exato a respeito do que merece mudança.

b. “Enquanto vedes os menores defeitos do vizinho, do irmão, nem sequer suspeitais que tendes as mesmas faltas, talvez cem vezes maiores que as deles.” A falta de indulgência nubla nossa visão sobre nós mesmos. Quando nos fazemos juízes inveterados dos outros gastamos tempo e energia que poderiam ser destinados à exploração do planeta interno e, com isso, passamos a perder o foco da atenção sobre nós mesmos que, no caso de nossa progressão espiritual, é o que mais importa.

c. “Deveríeis analisar-vos um pouco como se não fôsseis vós mesmos.” (p. 266) Parece-me que equanimidade seria uma palavra-síntese dessa frase. Cabe-nos uma análise sincera e imparcial de nossa natureza moral tornando a subjetividade objeto de exame, fazendo o exercício mental de “olhar de fora" para cá dentro do ser.

d. “Sede francos convosco mesmos; travai conhecimento com o vosso caráter(...).” A franqueza gera a desilusão, o que de fato é uma maravilha. É melhor ficar momentaneamente desapontado consigo por descobrir-se equivocado do que passar uma reencarnação em permanente auto-engano. Aliás, o pensador espiritualista Hermógenes diz, num de seus escritos, que se tivesse que fundar uma religião ela se chamaria “desilusionismo”

Enfim, aproveitemos a tecnologia de bem viver ofertada gratuitamente pelo Espiritismo visando não somente um ano novo melhor, mas igualmente, uma vida melhor na Terra.




NOTAS:
 
(1) O Livro dos Espíritos, questão 919.
 
(2) O Evangelho segundo o Espiritismo, introdução – item IV.