domingo, 27 de setembro de 2009

Para adquirir conhecimento da Doutrina Espírita



"Temos dito que a melhor maneira de uma pessoa adquirir conhecimentos sobre o Espiritismo é estudar-lhe a teoria. Os fatos virão depois, naturalmente, e serão compreendidos, qualquer que seja a ordem em que os tragam as circunstâncias. Nossas publicações têm sido feitas com o propósito de favorecer esse estudo. Aqui está a ordem em que o aconselhamos:


O que primeiro se deve ler é este resumo, que oferece o conjunto e os pontos cardiais da ciência. Com ele estará possibilitada a formação de uma ideia. Também estará feita a convicção de que, no fundo, o Espiritismo contém alguma coisa de sério. Nesta rápida exposição nos propusemos indicar os pontos em que, particularmente, deve fixar-se a atenção do observador. A ignorância dos princípios fundamentais é causa das falsas apreciações da maior parte dos que julgam o que não compreendem, ou que o fazem com base em ideias preconcebidas.


Se essa primeira leitura despertar o desejo de aprender mais, ler-se-á O Livro dos Espíritos, onde se acham amplamente desenvolvidos os princípios da doutrina. Depois, O Livro dos Médiuns, que abrange a parte experimental e é destinado a servir de guia aos que por si mesmos querem operar bem, como aos que desejam dar-se conta dos fenómenos.

Seguem-se, imediatamente, as obras em que estão desenvolvidas as aplicações e consequências da doutrina. E tais são: O Evangelho segundo o Espiritismo, o Céu e o Inferno, a Génese, etc.

A Revue Spirite é, de certa maneira, um curso de aplicação, pêlos numerosos exemplos que oferece e os desenvolvimentos que encerra, sobre a parte teórica e a parte experimental.

Às pessoas de respeito, que realizam um estudo preliminar, teremos o prazer de dar, verbalmente, as explicações necessárias sobre as partes que não tenham sido suficientemente compreendidas."

(Trecho extraído do Livro "O que é o Espiritismo?" de Allan Kardec. Obs: o título da postagem é nosso)

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Os anjos da guarda

Comunicação espontânea obtida pelo Sr. L., um dos médiuns da Sociedade


Há uma doutrina que deveria converter os mais incrédulos, por seu encanto e por sua doçura: a dos anjos da guarda. Pensar que tendes sempre junto a vós seres que vos são superiores, que aí estão sempre para vos aconselhar, para vos sustentar, para vos ajudar a subir a áspera montanha do bem, que são os amigos mais certos e mais dedicados que as mais íntimas ligações que possais estabelecer na Terra, não é uma idéia consoladora? Estes seres aí estão por ordem de Deus; foi Ele quem os pôs ao vosso lado; aí se acham por amor a Ele e junto a vós realizam bela e penosa missão. Sim; onde quer que estejais, estarão con­vosco: os calabouços, os hospitais, os lugares de deboche, a solidão - nada vos separa destes amigos que não vedes, mas cujos suaves impulsos; vossa alma sente, como lhes escuta os sábios conselhos.


Se conhecêsseis melhor esta verdade, quantas vezes ela vos ajudaria nos momentos de crise! Quantas vezes ela vos salvaria das mãos dos maus Espíritos! Mas em pleno dia esse anjo do bem muitas vezes vos poderá dizer: “Eu não te disse? E tu não o fizeste. Não te mostrei o abismo? E nele te precipi­taste. Não te fiz ouvir na consciência a voz da verdade? E seguiste os conselhos da mentira.” Ah! interrogai os vossos anjos da guarda; estabelecei com Eles essa terna intimidade, que reina entre os melhores amigos. Nada penseis ocultar-lhes, pois Eles tem o olhar de Deus e não os podereis enganar. Pensai no futuro e procurai avançar nesta vida: vossas provas serão Assim mais curtas e vossas existências mais felizes. Eia! homens, coragem: lançai para longe, de uma vez por todas, os pre­conceitos e os pensamentos ocultos; entrai na nova via que se abre à vossa frente; marchai, marchai, pois tendes guias a quem deveis seguir: o alvo não vos pode frustrar porque esse alvo é o próprio Deus.


Aos que pensassem ser impossível a Espíritos realmente ele­vados ater-se a uma tarefa tão laboriosa e de todos os instan­tes, diremos que influenciamos vossas almas mesmo estando a milhões de léguas de vós: para nós nada é o espaço e, mesmo vivendo num outro mundo, nossos Espíritos conservam suas ligações com o vosso. Desfrutamos de qualidades que não podeis compreender, mas ficai certos de que Deus não nos impôs uma tarefa acima de nossas forças e de que não vos abandonou na Terra sem amigos e sem apoio. Cada anjo da guarda tem o seu protegido, sobre o qual vela como um pai sobre o filho; é feliz quando o vê seguir o bom caminho e sofre quando seus conselhos são desprezados.



Não temais fatigar-nos com as vossas perguntas. Ao con­trário, ficai sempre em contato conosco: sereis mais fortes e mais felizes. São estas comunicações de cada um com seu Espí­rito familiar que fazem todos os homens médiuns - médiuns hoje ignorados, mas que se manifestarão mais tarde e que se espalharão como um oceano sem limites para afugentar a incre­dulidade e a ignorância. Homens instruídos, instruí; homens de talento, educai os vossos irmãos. Não sabeis que obra assim realizais: é a obra do Cristo, que Deus vos impõe. Por que Deus vos deu inteligência e a ciência, se não para as repartirdes com os vossos irmãos, para os adiantar no caminho da ventura e da felicidade eterna?


São Luís e Santo Agostinho



Observação: A doutrina dos anjos da guarda, que velam sobre os seus protegidos, apesar da distância que separa os mundos, nada tem de surpreendente: é, ao contrário, grandiosa e sublime. Não vemos na Terra um pai velar sobre seu filho, mesmo à distância, ajudando-o com seus conselhos por correspondência? Que haveria, pois, de estranho em que os Espíritos pudessem guiar aos que tomam sob sua proteção, de um mundo a outro, de vez que, para Eles, a distância que separa os mundos é, menor que aquela que na Terra separa os continentes?
(Revista Espírita 01/1859)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

UMA RECONCILIAÇÃO PELO ESPIRITISMO

Muitas vezes provou o Espiritismo sua benéfica influência restabelecendo a harmonia entre famílias e indivíduos. Disso temos numerosos exemplos, na maioria casos íntimos que nos foram confiados, por assim dizer, sob o selo da confissão e que, por isso, não podem ser revelados. Já não temos o mesmo escrúpulo para o que segue, de tocante interesse.



Um capitão da marinha mercante do Havre, nosso conhecido pessoal, é excelente espírita e bom médium. Havia iniciado ao Espiritismo vários homens de sua equipagem e só tinha motivos para se felicitar pela ordem, disciplina e bom comportamento. Tinha a bordo seu irmão de dezoito anos e um piloto de dezenove, ambos bons médiuns, animados de fé viva e que recebiam com fervor e reconhecimento os sábios conselhos dos Espíritos protetores. Uma noite, porém, discutiram. Das palavras foram a vias de fato. Assim, acertaram lugar e hora para se baterem a bordo, na manhã seguinte. Tomada a decisão, separaram-se. A noite sentiram vontade de escrever e, cada qual de seu lado, recebeu dos guias invisíveis, uma séria admoestação sobre a futilidade de sua discussão e conselhos sobre a felicidade da amizade, com um convite à reconciliação, sem preconceitos. Movidos pelo mesmo sentimento, os dois jovens deixaram simultaneamente seu lugar, e vieram chorando lançar-se nos braços um do outro. Desde então nenhuma nuvem turvou a sua mútua compreensão.



O próprio capitão nos fez o relato. Vimos o seu caderno de comunicações Espíritas, bem como os dos dois jovens, onde lemos aquela de que acabamos de falar.



O fato seguinte ocorreu ao mesmo capitão, numa de suas travessias. Temos o prazer de o transcrever, posto que alheio ao assunto.



Foi em alto mar, com o melhor tempo do mundo, quando ele recebeu a seguinte comunicação:



“Toma todas as precauções; amanhã às duas horas cairá uma borrasca e teu navio correrá grande perigo.” Como nada deixava prever o mau tempo, o capitão logo pensou numa mistificação. Contudo, para nada ter a censurar-se, ao acaso tomou medidas. Foi bom: à hora certa desencadeou-se violenta tempestade e durante três dias o navio enfrentou os maiores perigos que jamais lhe ocorreram. Graças, porém, às precauções tomadas, safou-se sem acidentes.

O fato da reconciliação sugeriu-nos as seguintes reflexões.



Um dos resultados do Espiritismo bem compreendido — e insistimos na expressão bem compreendido — é o desenvolvimento do sentimento de caridade. Mas, como se sabe, a própria caridade tem um conceito muito elástico — desde a simples esmola até o amor aos inimigos, que é o sublime da caridade. Pode-se dizer que ela resume todos os nobres impulsos da alma para com o próximo. O verdadeiro espírita, como o verdadeiro cristão, pode ter inimigos. Não os teve o Cristo? Mas não é o inimigo pessoal, pois está sempre apto a perdoar e a pagar o mal com o bem. Se dois espíritas tiverem tido outrora motivos para recíproca animosidade, sua reconciliação será fácil, porque o ofendido esquece a ofensa e o ofensor reconhece a sua sem-razão. Desde então não mais querelas, porque serão reciprocamente indulgentes e farão mútuas concessões. Nenhum deles procurará impor ao outro um perdão humilhante, que irrita e fere mais do que acalma.



Se, em tais condições, duas criaturas podem viver em boa harmonia, o maior número também o pode. E, então, serão tão felizes quanto é possível sê-lo na Terra, porque a maior parte de nossas atribulações surge do contato com os maus. Suponhamos uma nação inteira imbuída de tais princípios: não será a mais feliz do mundo? Aquilo que apenas é possível para os indivíduos — dirão uns — é utopia para as massas, a menos que se dê um milagre. Ora! Tal milagre fá-lo o Espiritismo muitas vezes, em pequena escala, nas famílias desunidas, onde restabelece a paz e a concórdia. O futuro provará que o pode fazer em larga escala.
(Revista Espírita, setembro de 1862)

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O Ponto de Vista - Allan Kardec

5. A idéia clara e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável no porvir, e essa fé tem conseqüências enormes sobre a moralização dos homens, porque muda completamente o ponto de vista pelo qual eles encaram a vida terrena. Para aquele que se coloca, pelo pensamento, na vida espiritual, que é infinita, a vida corporal não é mais do que rápida passagem, uma breve permanência num país ingrato. As vicissitudes e as tribulações da vida são apenas incidentes que ele enfrenta com paciência, porque sabe que são de curta duração e devem ser seguidos de uma situação mais feliz. A morte nada tem de pavoroso, não é mais a porta do nada, mas a da libertação, que abre para o exilado a morada da felicidade e da paz. Sabendo que se encontra numa condição temporária e não definitiva, ele encara as dificuldades da vida com mais indiferença, do que resulta uma calma de espírito que lhe abranda as amarguras.



Pela simples dúvida sobre a vida futura, o homem concentra todos os seus pensamentos na vida terrena. Incerto do porvir, dedica-se inteiramente ao presente. Não entrevendo bens mais preciosos que os da terra, ele se porta como a criança que nada vê além dos seus brinquedos e tudo faz para os obter. A perda do menor dos seus bens causa-lhe pungente mágoa. Um desengano, uma esperança perdida, uma ambição insatisfeita, uma injustiça de que for vítima, o orgulho ou a vaidade feridas, são tantos outros tormentos, que fazem da vida uma angústia perpétua, pois que se entrega voluntariamente a uma verdadeira tortura de todos os instantes.



Sob o ponto de vista da vida terrena, em cujo centro se coloca, tudo se agiganta ao seu redor. O mal que o atinge, como o bem que toca aos outros, tudo adquire aos seus olhos enorme importância. É como o homem que, dentro de uma cidade, vê tudo grande em seu redor: os cidadãos eminentes como os monumentos; mas que, subindo a uma montanha, tudo lhe parece pequeno.



Assim acontece com aquele que encara a vida terrena do ponto de vista da vida futura: a humanidade, como as estrelas no céu, se perde na imensidade; ele então se apercebe de que grandes e pequenos se confundem como as formigas num monte de terra; que operários e poderosos são da mesma estatura; e ele lamenta essas criaturas efêmeras, que tanto se esfalfam para conquistar uma posição que os eleva tão pouco e por tão pouco tempo. É assim que a importância atribuída aos bens terrenos está sempre na razão inversa da fé que se tem na vida futura.



6. Se todos pensarem assim, dir-se-á, ninguém mais se ocupando das coisas da Terra, tudo perigará. Mas não, porque o homem procura instintivamente o seu bem-estar, e mesmo tendo a certeza de que ficará por pouco tempo em algum lugar, ainda quererá estar o melhor ou o menos mal possível. Não há uma só pessoa que, sentindo um espinho sob a mão, não a retire para não ser picada. Ora, a procura do bem-estar força o homem a melhorar todas as coisas, impulsionado como ele é pelo instinto do progresso e da conservação, que decorre das próprias leis da natureza. Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever, e com isso cumpre os desígnios da Providência, que o colocou na Terra para esse fim. Só aquele que considera o futuro pode dar ao presente uma importância relativa, consolando-se facilmente de seus revezes, ao pensar no destino que o aguarda.



Deus não condena, portanto, os gozos terrenos, mas o abuso desses gozos, em prejuízo dos interesses da alma. É contra esse abuso que se previnem os que compreendem estas palavras de Jesus: O meu reino não é deste mundo.



Aquele que se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico, que perde uma pequena soma sem se perturbar; e aquele que concentra os seus pensamentos na vida terrestre é como o pobre que, ao perder tudo o que possui, cai em desespero.



7. O Espiritismo dá amplitude ao pensamento e abre-lhe novos horizontes. Em vez dessa visão estreita e mesquinha, que o concentra na vida presente, fazendo do instante que passa sobre a Terra o único e frágil esteio do futuro eterno, ele nos mostra que esta vida é um simples elo do conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador, e revela a solidariedade que liga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos. Oferece, assim, uma base e uma razão de ser à fraternidade universal, enquanto a doutrina da criação da alma, no momento do nascimento de cada corpo, faz que todos os seres sejam estranhos uns aos outros. Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, quando apenas consideramos uma parte. Essa visão de conjuntos, os homens do tempo de Cristo não podiam compreender, e por isso o seu conhecimento foi reservado para mais tarde.

(Trecho extraído de O Evangelho Segundo o Espiritismo )


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Divulgação

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