segunda-feira, 30 de março de 2009

Sobre a violência de nossos dias

VIOLÊNCIA E NORMOSE - Vinícius Lousada

Notadamente a violência ganha destaque nos noticiários. Não faltam as estatísticas apontando que vivemos dias em que assumimos posturas belicosas em escala alarmante, levando os analistas sociais, jornalistas, curiosos e pensadores apontarem em relevo o nosso modo desordenado de ser e estar em coletividade, colocando a vida humana em nível de baixa consideração na disputa de migalhas que passam.

Os niilistas, que apostam estarmos vivendo dias de caos, distribuem uma concepção pessimista da vida, ressaltam que nos tornamos agressivos enquanto civilização que reproduz comportamentos apenas concebíveis em tempos de barbárie, presentes em nosso passado ancestral. Outros, os defensores de posturas beligerantes gritam em defesa da indústria das armas, defendendo o direito do cidadão, do suposto homem de bem de matar caso se veja constrangido por indivíduos de caráter agressivo ou homicida.

A grande massa prossegue indiferente, aprisionada no estágio de normose – a patologia da normalidade, segundo Pierre Weill – a que se vê acometida, seguindo os padrões comportamentais pouco ou quase nada reflexivos, dando conta de rotineiramente trabalhar, comer, consumir, gozar e dormir celeremente, sem fruir o momento presente, sem atentarem para o rumo que dão ás suas vidas e à mesquinhez de seus projetos existenciais ególatras, quando os têm...

Entorpecidos, os indivíduos normóticos não se apercebem do absurdo dos quadros de violência que desenhamos no painel dos relacionamentos humanos, dos mais simples aos complexos, ou os consideram comuns e até mesmo necessários – quase um eixo orientador das condutas humanas, ou seja, algo totalmente normal.

São Espíritos condicionados pela interdição do pensar, nas vidas sucessivas e no além-túmulo, típica dos regimes autoritários fomentadores de revolta ou covardia e das religiões fundamentalistas do oriente ou do ocidente que lhes inspiraram a submissão intelectual aos dogmas e adesão irreflexiva às suas práticas ou aos discursos.

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http://www.espiritualidades.com.br/Artigos_D_L/Lousada_vinicius_violencia_nossos_dias.htm

terça-feira, 17 de março de 2009

Aproveitamento de Embriões em Pesquisas Científicas - José Raul Teixeira


“O Consolador” - Há muitos debates sobre células-tronco embrionárias. Considerando como são formados os embriões resultantes da fertilização “in vitro”, é-nos difícil entender que a todos eles estejam ligados Espíritos, visto que, para um mesmo casal, produzem-se diversos embriões, dos quais alguns são implantados e outros mantidos em baixíssima temperatura. Se tudo correr bem na gestação, é comum que os embriões congelados sejam esquecidos e, por conseguinte, jamais utilizados. Em alguns países, como a Inglaterra, a lei estipula um prazo, findo o qual eles são eliminados. Ainda que não se tratando de uma posição do Espiritismo, e sim um argumento pessoal, como você vê essa questão?


JRT - Sendo uma pessoa vinculada às ciências, vejo como muito delicada essa questão, tendo em vista muitos posicionamentos extremadamente apaixonados e que nos remetem aos tempos distantes das posições ultramontanas em relação ao progresso científico.


É comum que os religiosos, em geral, evoquem para si o direito de atuar nas suas crenças como bem o desejem ─ ainda que toda a sociedade se depare, incontável número de vezes, com posicionamentos argumentativos e práticas ardilosos, anti-sociais e mesmo criminosos contra o povo ─, sem admitirem qualquer intromissão de cientistas, nenhuma opinião que se oponha aos seus intentos ou que não façam parte dos seus quadros, quase sempre distanciados dos verdadeiros fins dos ensinamentos imortais deixados por Jesus Cristo e por outros Missionários espirituais da humanidade. Contudo, quase sempre os mesmos religiosos arrogam-se o direito de não somente opinar mas de determinar sobre as reflexões e práticas da Ciência, como se fossem detentores da absoluta verdade.


Afora os posicionamentos políticos, laboratoriais, comerciais e demais interesses particulares que se atiram nos caminhos dos cientistas-pesquisadores ─ que costumam estar presentes nessas discussões, fazendo lobbies em favor de empresas ou de grupos, com os quais se deve ter muita cautela pelo cinismo e pelas pressões com que atuam ─, sou de parecer que aos religiosos caberia ressaltar e propagar a realidade espiritual do ser humano, trabalhar na educação moral dos indivíduos, o que lhes possibilitaria tomar as melhores decisões diante do mundo e diante da Espiritualidade, deixando àqueles que assumiram responsabilidades perante a Ciência o labor que lhes cabe, oferecendo, quando solicitados, os seus mais lúcidos pareceres que deverão ser tão lúcidos quão desapaixonados. O que não me parece coerente é que os religiosos desejem governar todos os ângulos de visão da sociedade, como se tivessem o privilégio da verdade sobre os demais pensadores.


Indiscutivelmente, encontraremos abusos que à justiça caberá questionar e corrigir, evocando os preceitos éticos imponentes. O que creio não ser razoável é partirmos do princípio de que, por adotar posições muitas vezes materialistas ou ateístas (em relação aos preceitos e dogmas das religiões institucionais), devam os cientistas ser considerados como não sérios ou como irresponsáveis. Entendo que deveremos respeitar esse grande pugilo de pesquisadores que têm oferecido suas vidas em prol de uma sociedade melhor, permitindo que realizem seus empreendimentos, seus trabalhos, suas pesquisas.


Tenho ouvido do Espírito Camilo que muitos desencarnados, retidos em situações de complexos conflitos e sofrimentos no além, são visitados e indagados quanto ao interesse que tenham de servir de instrumentos ao progresso da Ciência no mundo, apresentando-se para animarem embriões que se prestarão às pesquisas. Findadas as experiências, essas entidades que reencarnariam em delicadas situações de enfermidades físicas, mentais ou sócio-econômicas, ou todas conjugadas, logram obter melhorias significativas nos processos em que estão incursas. São muitas as que aceitam e que são levadas a tais lidas nas esferas do trabalho científico. É real que nem todos os embriões, tendo-se em vista as fases iniciais em que são tomados, estão ligados a inteligências espirituais, mas outros tantos estão, sim, animados por essas entidades referidas, ou seja, as que se apresentam para servir de “cobaias” nas atividades de pesquisas científicas.



Há, por outro lado, uma questão que se quer calar. Por que há defesas tão extremadas dos possíveis embriões com ligações espirituais, enquanto que não há a mesma paixão pelas crianças já reencarnadas, malnascidas, abandonadas nas ruas ou nos orfanatos? O que deve passar pela mente geral relativamente a tais crianças e os citados embriões? Por que não costumamos ver ninguém solicitar aos laboratórios detentores dos embriões algum deles como filho? Diante das quantidades que são atiradas fora, após os períodos exigidos por lei, é de estranhar que ninguém reclame uns dois ou três para serem cuidados, implantados na condição de filhos, de modo a salvá-los da destruição...
Entrevista de José Raul Teixeira ao “ O Consolador

domingo, 1 de março de 2009

Ante a desencarnação de Kardec - discurso de Delanne

EM NOME DOS ESPÍRITAS DOS CENTROS DISTANTES,
pelo Sr. Alexandre Delanne.

MUI CARO MESTRE,

Tive tantas vezes a ocasião, pelas minhas numerosas viagens, de ser perto de vós, o intérprete dos sentimentos fraternais e reconhecidos de nossos irmãos da França e do exterior, que eu acreditaria faltar a um dever sagrado, se não viesse, em seu nome, neste momento supremo, vos testemunhar seus pesares.

Eu não seria, ai! senão um eco bem fraco, para vos pintar a alegria dessas almas tocadas pela fé espírita, que se abrigaram sob a bandeira de consolação e de esperança que haveis tão corajosamente plantado entre nós.

Um grande número dentre eles, seguramente, preencheriam melhor do que eu, esta missão do coração.

A distância e o tempo não lhes permitindo estar aqui, ouso fazê-lo, conhecendo a vossa benevolência habitual a meu respeito e a de nossos bons irmãos que represento.

Recebei, pois, caro mestre, em nome de todos, a expressão dos pesares sinceros e profundos que vai fazer nascer, de todos os lados, vossa partida precipitada deste mundo.

Conheceis, melhor do que ninguém, a Natureza humana; sabeis que ela tem a necessidade de ser sustentada. Ide, pois, até eles, derramar ainda a esperança em seus corações.

Provai-lhes, por vossos sábios conselhos e vossa poderosa lógica, que não os abandonais, e que a obra à qual tão generosamente vos devotastes, não perecerá, não poderia perecer, porque ela está assentada sobre as bases inabaláveis da fé raciocinada.

Soubestes, pioneiro emérito, coordenar a pura filosofia dos Espíritos, e colocá-la à altura de todas as inteligências, desde as mais humildes que haveis elevado, até as mais eruditas, que vieram a vós, e que contam hoje modestamente em nossas fileiras.

Obrigado, nobre coração, pelo zelo e pela perseverança que colocastes para nos instruir.

Obrigado por vossas vigílias e por vossos labores; pela fé forte que haveis incrustado em nós.

Obrigado pela felicidade presente da qual gozamos, pela felicidade futura que nos haveis tornado certa, quando formos, como vós, reentrar na grande pátria dos Espíritos.

Obrigado ainda pelas lágrimas que haveis secado, pelos desesperos que haveis acalmado e pela esperança que haveis feito nascer nas almas abatidas e desencorajadas.

Obrigado, mil vezes obrigado, em nome de todos os nossos confrades da França e do estrangeiro! Até breve .
(Revista Espírita, maio de 1869)