VIOLÊNCIA E NORMOSE - Vinícius Lousada
Notadamente a violência ganha destaque nos noticiários. Não faltam as estatísticas apontando que vivemos dias em que assumimos posturas belicosas em escala alarmante, levando os analistas sociais, jornalistas, curiosos e pensadores apontarem em relevo o nosso modo desordenado de ser e estar em coletividade, colocando a vida humana em nível de baixa consideração na disputa de migalhas que passam.
Os niilistas, que apostam estarmos vivendo dias de caos, distribuem uma concepção pessimista da vida, ressaltam que nos tornamos agressivos enquanto civilização que reproduz comportamentos apenas concebíveis em tempos de barbárie, presentes em nosso passado ancestral. Outros, os defensores de posturas beligerantes gritam em defesa da indústria das armas, defendendo o direito do cidadão, do suposto homem de bem de matar caso se veja constrangido por indivíduos de caráter agressivo ou homicida.
A grande massa prossegue indiferente, aprisionada no estágio de normose – a patologia da normalidade, segundo Pierre Weill – a que se vê acometida, seguindo os padrões comportamentais pouco ou quase nada reflexivos, dando conta de rotineiramente trabalhar, comer, consumir, gozar e dormir celeremente, sem fruir o momento presente, sem atentarem para o rumo que dão ás suas vidas e à mesquinhez de seus projetos existenciais ególatras, quando os têm...
Entorpecidos, os indivíduos normóticos não se apercebem do absurdo dos quadros de violência que desenhamos no painel dos relacionamentos humanos, dos mais simples aos complexos, ou os consideram comuns e até mesmo necessários – quase um eixo orientador das condutas humanas, ou seja, algo totalmente normal.
São Espíritos condicionados pela interdição do pensar, nas vidas sucessivas e no além-túmulo, típica dos regimes autoritários fomentadores de revolta ou covardia e das religiões fundamentalistas do oriente ou do ocidente que lhes inspiraram a submissão intelectual aos dogmas e adesão irreflexiva às suas práticas ou aos discursos.
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