quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

DEUS ESCREVE CERTO POR LINHAS TORTAS

Foto: Flores no litoral - VLL


Gianni Salvini
Colaborador da União Espírita Bageense

            Quem nunca ouviu esta expressão? “Deus escreve certo por linhas tortas”. Costumamos ouvi-la, normalmente, após termos passado por uma situação difícil, após uma decepção ou por uma prova onde achávamos que tudo estava perdido, mas que de repente, no final das contas, não é que deu tudo certo?
            Nós humanos, nos achamos modernos, racionais, achamos que a ciência tem a resposta para tudo. Nós mesmos que jurávamos que a Terra era achatada como um disco. Nós que críamos que a Terra era o centro do universo e que todos os outros globos, estrelas, satélites e tudo mais, é que giravam em torno de nosso singelo planeta chamado Terra.
            Não admitimos nossa inferioridade perante a imensidão do universo e das obras de Deus. Não admitimos nosso egocentrismo. Praticamos a egolatria desde muito tempo. Preferimos rebaixar Deus a nossos vícios e imperfeições morais do que admitir a magnificência de Suas obras. Fazemos de Deus um velho de barba, sentado num trono, punindo e castigando qualquer falta que venhamos a cometer. Falamos da “mão de Deus”, os “olhos de Deus”, e assim por diante, tudo por falta de termos para comparação, mas não admitimos nossa pequenez.
            Reconhece-se a presença dos homens pela sua obra. Pela grosseria ou pela exatidão e beleza do trabalho, se reconhece o grau de inteligência de quem executou a obra. Lançando o olhar em torno da natureza, podemos imaginar, pela beleza e superioridade das obras que não foi o homem, nem o acaso que produziu isso tudo. É obra de uma inteligência superior a humanidade.
            No estado de inferioridade que nos encontramos ainda não nos é facultado, compreender totalmente a essência de Deus. “(...) ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito(...).”[1] Deus é a suprema e soberana inteligência, eterno, imutável, imaterial, onipotente, infinitamente perfeito, único e soberanamente justo e bom.
            Sendo Ele soberanamente justo e bom, poderia desejar mal a algum de seus filhos? Jesus nos responde em Mateus 7:9-11. “E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?”
            A providência Divina. Deus sabe o que é melhor para nós. Confiemos nele. Um filho nos pede uns patins, por exemplo, e sabemos que ele, por ser muito novo ainda, com qualquer queda poderá se machucar, pois não tem idade para este tipo de brinquedo ainda, mas daqui alguns anos ele estará apto a brincar tranquilo sem perigo de uma queda dolorosa. Naquele momento, nosso filho, nos vê como cruéis e intolerantes. Assim é com Deus em nossa vida, quando não conseguimos o que queremos. Nos achamos injustiçados, preteridos.
            Ele sabe o melhor momento para mudarmos de cidade, para ganhar aquela promoção no emprego, fechar aquele negócio, comprar a casa nova, estudar neste ou naquele local. Somos afoitos como crianças. Se não foi desta vez, logo virá algo melhor. Deus conhece nossas necessidades, nossos anseios e sabe o que é melhor para cada um.
            Trabalhemos e confiemos em Deus. Assim como Ele provê a comida a todos os pássaros, mas não as joga em seus ninhos, nós também devemos trabalhar para obter o que Ele nos reservou de melhor.
            Deus não escreve certo por linhas tortas. Nós e que não sabemos ler o que Ele escreve em linhas retas, pois ainda somos pouco alfabetizados na escola do espírito.

           




[1] KARDEC, Allan. A Gênese. 48º edição. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira. 2005. P. 68.