José Artur M. Maruri dos Santos, advogado e colaborador
josearturmaruri@hotmail.com
Qualquer discussão sobre espiritismo deve passar por um tríplice questionamento (1): “Credes em Deus? Credes ter uma alma? Credes na sobrevivência da alma após a morte?”.
Na hipótese de você responder negativamente, ou mesmo se a sua consciência lhe responder que não sabe ou que não está seguro disso, não prossiga na leitura deste artigo.
Por outro lado, se a sua consciência lhe diz que Deus existe, que temos uma alma e que a alma pode sobreviver ao que chamamos de morte, siga em frente, porque é daí que decorre a existência dos espíritos.
Agora, leitor, se indague quanto à possibilidade da comunicação dos espíritos conosco, espíritos investidos na experiência carnal.
Reflita: um homem livre não pode se comunicar com um homem aprisionado? Parece-me que isso é totalmente possível. Tão possível quanto um espírito fora da experiência corporal dirigir-se a um espírito encarnado, eis que o primeiro é totalmente livre para comunicar-se com quem bem entender.
Várias religiões crêem e professam a existência das almas e admitem que elas estejam por toda a parte, tanto que algumas apontam para locais onde elas se encontram após a morte e outras que em seus rituais prestam-se apenas ao afastamento dos seres espirituais e sequer preocupam-se com o encaminhamento destes. Portanto, tendo isto como premissa, não é natural pensar que quem nos amou durante a vida se aproxime de nós e queira conosco comunicar-se?
Agora, se você respondeu as três primeiras questões de modo negativo, ou mesmo qualquer delas, podemos concluir que você não é afeito à questões transcendentais.
Dessa forma, convidamos você, caro leitor, para que se atente para a seguinte inserção: a simples negação da possibilidade de comunicação com os “mortos” não traz prova alguma de que isto não seja perfeitamente possível. Partindo deste princípio, invertemos a nossa posição e pedimos provas peremptórias que a comunicação com os entes que já se foram é impossível. Mas pedimos provas concretas, que por a mais b nos seja evidenciado
1º Que o ser que pensa em nós durante a vida, não deve mais pensar após a morte;
2º Que, se pensa, não deve mais pensar naqueles que amou;
3º Que, se pensa naqueles que amou, não deve mais querer se comunicar com eles;
4º Que, se pode estar por toda a parte, não pode estar ao nosso lado;
5º Que, se está ao nosso lado, não pode se comunicar conosco;
6º Que por ser corpo fluídico não pode agir sobre a matéria inerte;
7º Que, se pode agir sobre a matéria inerte, não pode agir sobre um ser animado;
8º Que, se pode agir sobre um ser animado, não pode dirigir sua mão para fazê-lo escrever;
9º Que, podendo fazê-lo escrever, não pode responder às suas perguntas e transmitir-lhe seu pensamento” (2) .
Dessa forma, nos utilizamos deste espaço para que você, leitor, reflita sobre todos estes questionamentos e procurem provas concretas da impossibilidade da comunicação com os que já se foram. Pois, o espiritismo traz a evidência pelos fatos que nos aparecem diariamente e a traz, também, pelo raciocínio.
Agora, se ainda assim você não encontrar provas destes fenômenos, pedimos que o nosso raciocínio seja contestado e que o equívoco dos fatos seja evidenciado.
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(1) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. IDE, 87ª Edição, 2008. Cap. I, item 4, p. 12.
(2) KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. IDE, 87ª Edição, 2008. Cap. I, item 4, p. 13.