sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Age com retidão



Vinícius Lousada


Um coração tranqüilo é o resultado de uma conduta reta e, por conseqüência, fator basilar para uma consciência de paz. - Joanna de Ângelis[1]


         No estudo sobre as paixões que os Espíritos Superiores levam a efeito junto a Allan Kardec, vamos apreender que o abuso daquelas é o fator em que reside o seu desequilíbrio moral. Neutras, em seu princípio, podem conduzi-lo a grandes realizações, desde que conscientemente dirigidas pelo Espírito imortal e postas a serviço de seu crescimento para Deus.
         Tendo por fundamento uma necessidade natural ou um sentimento, a paixão que concita o indivíduo à sua natureza animal afasta-o de sua espiritualização e, doutra feita: “Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.”[2]
         Deriva desse raciocínio a constatação de que todo o sentimento e toda a necessidade exagerada em seu princípio, materializados pela ação, tende a nos atrelar a um estado de inferioridade espiritual. Contudo, a ação reta inspirada pela disposição afetiva enobrecida ou pela carência equilibrada favorece a espiritualização do indivíduo, diluindo as influências negativas do ego sobre o ser que, menos esclarecido, assume atitudes mendazes.
         No estágio espiritual em que nos encontramos não é incomum surpreendermo-nos em equívoco no plano das ações, seja no campo mental, seja nas atitudes diárias ou no falar. Sem dar acolhida à hipocrisia, na análise crítica sobre si mesmo, instala-se a crise que antecede um novo tempo para a alma.
         O sentimento de culpa pode ser um elemento que ressoe na consciência, devendo ser constatado para a imediata renovação das atitudes e não para que se torne combustível de intrincados processos de transtorno emocional ou obsessivo, pelo desgosto que o indivíduo passe a ter consigo mesmo.
         Ao sentir-se alguém culpado seria oportuno que procurasse remontar às causas íntimas que o impulsionaram às atitudes incorretas, objetivando a devida correção moral e, perdoando-se, buscasse o equilíbrio reparando as faltas cometidas via prática do bem e cumprimento do dever.
         Somos, assim, convidados à renovação das atitudes pelo sofrimento que o erro provoca e, sem o cultivo inútil de culpa, podemos mudar o rumo de nossas tendências pessoais.
         A mentora Joanna de Ângelis afirma que a “atitude mantida pelo indivíduo em relação à vida e às demais pessoas é a radiografia moral que melhor o define.”[3] Oriundas dos hábitos cristalizados no comportamento, as atitudes expressam os sentimentos e as qualidades da criatura.
         Na mesma mensagem, a benfeitora espiritual propõe uma eficaz tecnologia para a renovação das atitudes a quem queira agir de forma correta em prol da sua evolução espiritual. São passos simples ao alcance de quem tem vontade firme para esse cometimento feliz.
         Primeiramente o sujeito deve abandonar o ressentimento e os sentimentos que dele derivam, para, logo em seguida, assumir atitudes edificadoras para fruir de abençoados momentos no imo da alma, na medida em se reveste do amor.
         Em um passo adiante, é preciso construir hábitos mentais saudáveis que se transformarão em postura existencial formadora de comportamentos mais equilibrados.
         Iluminar a mente com as lições do Evangelho de Jesus, meditando sobre seu conteúdo e enriquecendo o verbo com expressões edificadoras, para impulsionar a alma às atitudes nobres.        
Cabe, também, nesse tentame, o desenvolvimento de clichês mentais de paz, compaixão, amorosidade profunda que fomentam o bem-estar que a retidão gera.

         Assim sendo, coração amigo, procure ser fiel ao projeto renovador que abraça delineando-o nas ações corretas que, por sua vez, te levarão à saúde moral sonhada há tanto tempo.



[1] FRANCO, Divaldo. Plenitude. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 1991, p. 91.
[2] O Livro dos Espíritos, questão 908.
[3] FRANCO, Divaldo. Iluminação interior. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 2006, p. 67

sábado, 25 de agosto de 2012

Desapega-te




Vinícius Lousada

Aprende a repartir, a fim de compartires.- Joanna de Ângelis[1]


         O egoísta diz: isto é meu, minha conquista, logo, me pertence! E, assim, frui de um prazer temporário de forma solitária.
         O altruísta diz: vem meu irmão, veja o que temos, partilha comigo e convivamos bem. Desse modo, recolhe um prazer da alma, permanente, e comunga da fraternidade com o outro.
         Nossa reencarnação é um estado transitório e quando alcançarmos a condição de Espíritos Puros, por meio das vidas sucessivas, e, iluminarmo-nos plenamente, não estaremos mais fadados ao circuito de reentradas na carne.
         Fácil é perceber a transitoriedade da vida material quando, em verdade, tudo passa.
         Os bens mudam de donos e se tornam obsoletos, também, o corpo se desgasta com a enfermidade e a juventude é ouro perecível ante a inevitabilidade da velhice e da morte.
         Aliás, todos os dias marchamos para a desencarnação. Não se trata de pessimismo, é apenas a constatação de uma lei da vida.
         Entretanto, a sabedoria não está em negarmos a realidade material, mas sim em colocarmos as coisas a serviço de nossa evolução, enquanto nela estamos em trânsito.
         A posse material é empréstimo divino para que, mediante o trabalho, abençoemos nossas vidas e as daqueles que nos cercam, nas quais os valores que temos podem ajudar quando partilhados.
         Podes, desde já, vivenciar o princípio da solidariedade em prol do aprendizado do desapego. Partilha o que tens em excesso, divide aquilo no que te apegas e, mais, distribui, vez por outra, o que te pareça escasso para o uso pessoal.
         Treina o desapego com bom senso para que não te tornes um perdulário iludido com virtude que não tens.
         Contudo, não sejas sovina quando podes aliviar a dor do próximo ao partilhares do que tens – seja a tua inteligência ou o fruto de teu trabalho.
         Partilha para aprenderes a desfrutar em comensalidade fraternal.



[1] FRANCO, Divaldo. Momentos de Saúde. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 2001, p. 46.

domingo, 19 de agosto de 2012

Queres ser feliz?



 Crianças do Butão, país em que se mede o índice de Felicidade Interna Bruta


Vinícius Lousada


Transforma, dessa maneira, os estímulos afligentes em contribuição positiva, não sofrendo, não se lamentando, não desistindo. - Joanna de Ângelis[1]


         Na Terra nos encontramos envoltos em processos depurativos, em conformidade com a nossa condição espiritual, que segundo Kardec, ainda é de Espíritos imperfeitos[2].
         Espíritos imperfeitos - somos aqueles que nos deixamos dominar pelas más inclinações, fomentadas por nossas escolhas movidas pelos vícios e pelo egoísmo.
         Logo, enfrentamos duras provas que nos guindam ao progresso e recolhemos lutas expiatórias no caminho pessoal, outrora plantadas mediante nossos equívocos, que nos desafiam na presente reencarnação.
         Ninguém se iluda, no plano terrestre todos nós sofremos. Contudo, saber passar as experiências provacionais e expiatórias com resignação ativa é a porta da felicidade que nasce da renovação do Espírito.
         No curso de tua existência, não podes deixar de te perguntar se queres mesmo ser feliz.
         Medita demoradamente nisso.
         Procura perceber quais são tuas ideias sobre felicidade.
         Há quem creia que ser feliz seja tudo ter e gozar. Para outros, felicidade é suposta ascensão espiritual conquistada na fuga do mundo.
         Entretanto, os Guias Maiores apontaram para Kardec que felicidade é a posse do necessário[3], no campo material, e consciência tranquila, no campo moral, como decorrência do atendimento de nossos deveres.
         Queres ser feliz? Não sintas pena de ti mesmo, nem tampouco reclames da vida sem parar. Certamente as vivências exigentes do momento podem ser vistas de outro prisma, num olhar mais espiritual.
         Aposta na tua felicidade transformando a crise de agora, nascida no hoje descuidado ou em um ontem – mergulhado no olvido das Leis Morais da Vida – em oportunidade de crescimento.
         Modifica o que podes, fazendo uso de tua inteligência aliada à sensibilidade e, observando a recomendação da benfeitora espiritual na epígrafe, não desistas de ser feliz hoje mesmo.


[1] FRANCO, Divaldo. Momentos de Saúde. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 2001, p. 17.
[2] O Livro dos Espíritos. questão 101.
[3] O Livro dos Espíritos. Questão 922.