Vinícius Lousada
Um coração tranqüilo é o resultado de uma conduta reta e, por
conseqüência, fator basilar para uma consciência de paz. - Joanna de Ângelis[1]
No
estudo sobre as paixões que os Espíritos Superiores levam a efeito junto a
Allan Kardec, vamos apreender que o abuso daquelas é o fator em que reside o
seu desequilíbrio moral. Neutras, em seu princípio, podem conduzi-lo a grandes
realizações, desde que conscientemente dirigidas pelo Espírito imortal e postas
a serviço de seu crescimento para Deus.
Tendo
por fundamento uma necessidade natural ou um sentimento, a paixão que concita o
indivíduo à sua natureza animal afasta-o de sua espiritualização e, doutra
feita: “Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota
predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.”[2]
Deriva
desse raciocínio a constatação de que todo o sentimento e toda a necessidade
exagerada em seu princípio, materializados pela ação, tende a nos atrelar a um
estado de inferioridade espiritual. Contudo, a ação reta inspirada pela
disposição afetiva enobrecida ou pela carência equilibrada favorece a
espiritualização do indivíduo, diluindo as influências negativas do ego sobre o
ser que, menos esclarecido, assume atitudes mendazes.
No
estágio espiritual em que nos encontramos não é incomum surpreendermo-nos em
equívoco no plano das ações, seja no campo mental, seja nas atitudes diárias ou
no falar. Sem dar acolhida à hipocrisia, na análise crítica sobre si mesmo,
instala-se a crise que antecede um novo tempo para a alma.
O
sentimento de culpa pode ser um elemento que ressoe na consciência, devendo ser
constatado para a imediata renovação das atitudes e não para que se torne
combustível de intrincados processos de transtorno emocional ou obsessivo, pelo
desgosto que o indivíduo passe a ter consigo mesmo.
Ao
sentir-se alguém culpado seria oportuno que procurasse remontar às causas
íntimas que o impulsionaram às atitudes incorretas, objetivando a devida
correção moral e, perdoando-se, buscasse o equilíbrio reparando as faltas
cometidas via prática do bem e cumprimento do dever.
Somos,
assim, convidados à renovação das atitudes pelo sofrimento que o erro provoca
e, sem o cultivo inútil de culpa, podemos mudar o rumo de nossas tendências
pessoais.
A
mentora Joanna de Ângelis afirma que a “atitude mantida pelo indivíduo em
relação à vida e às demais pessoas é a radiografia moral que melhor o define.”[3] Oriundas dos hábitos
cristalizados no comportamento, as atitudes expressam os sentimentos e as
qualidades da criatura.
Na
mesma mensagem, a benfeitora espiritual propõe uma eficaz tecnologia para a
renovação das atitudes a quem queira agir de forma correta em prol da sua
evolução espiritual. São passos simples ao alcance de quem tem vontade firme
para esse cometimento feliz.
Primeiramente
o sujeito deve abandonar o ressentimento e os sentimentos que dele derivam,
para, logo em seguida, assumir atitudes edificadoras para fruir de abençoados
momentos no imo da alma, na medida em se reveste do amor.
Em um
passo adiante, é preciso construir hábitos mentais saudáveis que se
transformarão em postura existencial formadora de comportamentos mais
equilibrados.
Iluminar
a mente com as lições do Evangelho de Jesus, meditando sobre seu conteúdo e
enriquecendo o verbo com expressões edificadoras, para impulsionar a alma às
atitudes nobres.
Cabe, também, nesse
tentame, o desenvolvimento de clichês mentais de paz, compaixão, amorosidade
profunda que fomentam o bem-estar que a retidão gera.
Assim sendo, coração amigo, procure ser
fiel ao projeto renovador que abraça delineando-o nas ações corretas que, por
sua vez, te levarão à saúde moral sonhada há tanto tempo.