sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

NATAL - POESIA MEDIÚNICA

“Natal! Reparte o carinho
Que te envolve a noite santa.
Veste, alimenta e levanta
O companheiro a chorar.
E, na glória do caminho
Dos teus gestos redentores,
Recorda por onde fores
Que o Cristo nasceu sem lar” -- Irene S. Pinto

(Do livro “Antologia mediúnica do Natal”,
psicografia de Chico Xavier, ed. FEB, pg. 16).

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Refletindo sobre o Progresso

Larissa Carvalho - Expositora e evangelzadora espírita - I. E. Terceira Revelação Divina - POA/RS
camachocarvalho@yahoo.com.br




Bastante grande é a perversidade do homem. Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, ele, em vez de avançar, caminha aos recuos?
Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas. (L.E., q.784)

No mundo se fala de progresso. Progresso tecnológico, científico, econômico, político. A tecnologia de ponta avança em suas especificidades e torna os instrumentos eletrônicos, computacionais cada vez mais potentes e de menor volume. Pequeninos aparelhos eletrônicos, hoje, são capazes de armazenar em formatos de bits e bytes, em combinações de 0 e 1, o que apenas algumas centenas de arquivos de ferro poderiam conservar.




A medicina descobre curas para doenças que até então condenavam seus portadores à morte; e a genética manipula os genes humanos de tal forma a procurar outras curas para problemas que faziam os doentes sentirem-se condenados pela vida. As ciências humanas, por sua vez, buscam e alcançam resultados muito positivos para a relativização da história da humanidade e valores de sujeitos calados pelo preconceito humano ao longo da mesma.




Afora todo esse desenvolvimento intelectual alcançado pela nossa sociedade, enquanto espíritas, por vezes, olhamos ao nosso redor e nos questionamos onde encontra-se o tão alardeado progresso que iremos assistir e que irá alavancar a Terra a mundo de Regeneração na escala dos mundos compreensível ao nosso entendimento. Vemos o desenvolvimento das técnicas, das ferramentas que utilizamos para viver, mas também testemunhamos um mundo onde a violência parece alastrar-se, onde as drogas ganham cada vez mais adeptos, onde as guerras parecem focos de incêndio sem a possibilidade de contenção.




Nos deparamos, em nosso tempo, com tanto progresso científico, tecnológico, econômico, com tantos avanços materiais, mas não temos conseguido vislumbrar os efeitos desse progresso na resolução da fome e da miséria no mundo; na solução dos graves problemas no campo da medicina para as populações, em geral, dos países; na erradicação do analfabetismo; na solução do problema nefasto do desemprego; no aniquilamento do preconceito; na grande desigualdade social vivida no âmbito dos países periféricos; e tantos outros graves problemas que assolam nossa sociedade.




Assim, por vezes, nos questionamos: Onde, então, o progresso da humanidade?
A partir do momento que nos dedicamos aos estudos espiritistas e começamos a compreender as engrenagens da vida com o auxílio da lente dos ensinos ditados pelos espíritos superiores sob comando do Espírito de Verdade passamos a ter consciência que o progresso intelectual da humanidade não a impulsiona para o efetivo progresso sem que ocorra, também, o desenvolvimento progressivo da moralidade nos homens.




E – invocando a primeira obra espírita organizada, codificada por Kardec, leitura obrigatório de todo adepto da Doutrina Espírita ou daquele que está procurando conhecer essa doutrina –, de acordo com a questão 780 d’O Livro dos Espíritos, o progresso moral decorre do progresso intelectual. Podemos ter em mente, desta forma, que estamos vivendo um período de transição, onde o progresso intelectual deve estar engendrando o desenvolvimento da moralidade no ser humano. Mas como perceber se isso procede ou não procede.




Se auscultarmos brevemente a história mesmo recente da nossa sociedade ocidental – para circunscrevermos nosso campo e visão – iremos perceber o quanto de progresso moral temos realizado nas últimas décadas. Quando, há anos atrás, considerávamos o duelo uma forma legítima de manutenção da honra ofendida por uma traição ou pelo desrespeito alheio; as exibições públicas de matança de homens por animais selvagens como genuíno divertimento de um público ávido por sangue; quando abandonar crianças à própria sorte no meio de florestas ou sacrificar os familiares mais jovens para que a pouca alimentação possa sustentar, pelo menos, os que sobreviveram aos difíceis primeiros anos infantis eram ações justificáveis e, mesmo, aceitáveis, embora não legais; vivíamos uma moralidade comandada pela lei do mais forte, pelos instintos inferiores humanos, pelo homem velho atormentado pelo passado regido pelo ímpeto e pelas atitudes inferiores.




Na atualidade assistimos a mudanças claramente perceptíveis, embora não costumemos refletir sobre elas: as brigas, as guerras privadas ainda existem, mas não são legitimadas pela sociedade; ainda há homens que decidem resolver seus problemas com armas de fogo, sem diálogo, mas, em termos de porcentagem o número é pequeno comparado ao dos homens e mulheres que lutam pela paz em todos recantos onde movimentam-se os indivíduos. Ter uma arma, portar instrumentos que possam ferir não é mais uma marca de virilidade, coragem, para a maioria de nós, mas um símbolo de perigo, de violência iminente, de desrespeito social.




Ainda assistimos a espetáculos em circos, em teatros, mas a platéia, hoje, regozija-se com atores encenando esquetes da vida cotidiana, adaptações de grandes peças da literatura mundial, nunca o espetáculo da morte dos circos romanos. Ainda vemos circos de horrores que incluem a matança de animais, espectadores que se comprazem com cenas grotescas no cinema, na televisão, mas, apesar dessas almas enfermas, a comoção do grande público, os espetáculos patrocinados por governos e entidades respeitáveis têm como atração a cultura e o talento humanos, uma celebração ao belo e ao estético.




Nossas crianças e jovens, atualmente, contam com a proteção de órgãos internacionais e nacionais, com projetos sociais de atendimento, com estatuto popularizado, com o respeito humano, com atendimento especializado, com políticas públicas. A comunidade busca proteger as crianças de maus-tratos, de abandono, busca assegurar-lhes o direito à educação, ao lazer, a presença dos pais, ao carinho, aos cuidados alimentares, médicos e psicológicos. Embora nessa área também existam almas enfermas que desconsideram esses seres pequeninos que precisam de nossos cuidados, estamos cada vez mais preocupados com o bem-estar infantil e juvenil, e cada vez mais encantados e aprendizes desses Espíritos imortais habitantes de pequeninos corpos.




Há alguns anos começamos a nos preocupar com a Natureza, com a casa terrestre que habitamos. Em que ocasiões, há duzentos anos atrás, nos preocuparíamos com isso? Em nenhuma, em raras ocasiões, em pouquíssimas oportunidades e dificilmente com o objetivo específico de conservar a beleza da Terra, mas com objetivos utilitários, com vistas ao maior aproveitamento dos recursos naturais.




Então, podemos perceber, agora, o nosso progresso?
O progresso intelectual faz que o homem possa discernir o que é bem do que é mal, como nos explicam os Espíritos
[1], perceber erros que cometemos; corrigindo, paulatinamente, as leis humanas, os códigos que regem a vida em sociedade. Estamos em processo de esclarecimento, iluminando nossos corações, percebendo as barbaridades que cometíamos. Abrindo-nos intelectualmente, ao outro, à alteridade propagada pela antropologia, à outredade, estamos descobrindo as dores do nosso próximo, estamos transferindo-a à nós, aprendendo a piedade, começando a procurar curar essas dores, amenizar os sofrimentos dos outros indivíduos, nossos iguais, nossos irmãos.




No entanto, estamos em processo; assim, ainda necessitamos corrigir muitas atitudes ainda arraigadas ao nosso ser.
E como o livre-arbítrio acompanha a inteligência, com o progresso intelectual fomos compreendendo que nos tornamos responsáveis por nossas escolhas, e fomos nos responsabilizando por elas. Entendemos que a vida na Terra depende do cuidado que com a Terra temos, assim, precisamos conservar a Natureza, preservar aquilo que a conserva: o verde, as matas, as águas.




Mas os Espíritos da Codificação nos esclarecem que “o moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se”[2] ensejando-nos a reflexão de que ainda temos longo caminho a percorrer. Pois se percebemos que muitos progressos realizamos ao longo dos anos, também não podemos ficar indiferentes à realidade de violência, desrespeito e miséria moral e intelectual que assola a Terra de forma geral. Temos ainda longo caminho pela frente, mas o desânimo não pode andar conosco nas fieiras da estrada a percorrer.




E, da mesma forma, não podemos ficar parados na estrada aguardando o progresso esperado chegar. Nós precisamos andar pela estrada, realizar a caminhada. A sociedade é formada pelos seus indivíduos. Todos nós, sem exceção, somos esses indivíduos. Já alertavam os Espíritos da Codificação de que a força para progredir haure o homem em si mesmo, naturalmente, e aqueles mais adiantados têm o dever de auxiliar o progresso dos outros, por meio do contato social[3].
Precisamos desenvolver nossa moralidade, precisamos ser éticos para com o mundo, descobrir as virtudes da caridade, mas primeiro precisamos decidir-nos sobre o que queremos para nosso futuro. Se soubermos os objetivos que queremos alcançar com a atual existência, o caminho a seguir é de fácil escolha e, em geral, não é o mais fácil em termos de travessia. Precisamos focar no objetivo de nossas vidas. Será que temos esses objetivos? O planejamento de nossas vidas também faz parte do nosso progresso individual, bem como o conhecimento de nós mesmos.




Se desejarmos viver em uma sociedade mais justa, sairmos tranqüilos às ruas sem medos, sem receios, se quisermos que nossos filhos encontrem uma cidade organizada, emprego e qualidade de vida, se necessitamos não mais preocuparmo-nos com guerras, terrorismos e outras tantas atrocidades presentes no nosso mundo, hoje, temos o dever de nos preocuparmos com o progresso: Primeiramente o nosso, buscando ser homem de bem, vivendo uma vida ética, sem guerras domésticas, sem violência simbólica, doando-nos aos familiares, aos amigos, desenvolvendo compaixão para com as dores do próximo, praticando a caridade com amor, sem obrigação, sem querer livra-se de culpas milenares. Depois, retornando no caminho de nossos próprios pés, na estrada tortuosa já conhecida, então, e trazendo conosco outros irmãos, buscando os que caíram no decorrer da caminhada, os afetos que não tiveram forças. Assim, com alegria, reuniremos nossa família universal, no fim desse caminho conhecido, e poderemos considerar que o progresso almejado é mais fácil do que pensávamos, pois depende unicamente de nós.




Conhecer, crescer intelectualmente, sem necessitarmos verter conhecimentos inúteis somente para mostrarmos nossos progressos intelectuais. Conviver, tolerar, ser paciente, ser manso, ser benévolo, amar; procurar sermos homens e mulheres de bem, como nos anuncia o Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita, só assim veremos, sem delongas, erguer-se diante de nós o mundo verdadeiramente regenerado, o mundo que alcança os benefícios dos progressos realizados, pois contará com homens e mulheres que cresceram e alçaram o progresso através das duas asas anunciadas pelo Espírito Emannuel: sabedoria e amor, inteligência e moralidade



[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 87ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006, p. 408, q. 780a.
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 87ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006, p. 409, q. 780b.
[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 87ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006, p. 408, q. 779.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Jesus



Você já parou para pensar, algum dia, como era o homem Jesus?


Se nos inspirarmos nos Evangelhos podemos esboçar Sua aparência física e espiritual. Verdadeiramente, Sua aparência física não está descrita nos Evangelhos, mas Ele sempre se mostra simpático e atraente. Causava profunda impressão na multidão, quando Se apresentava em público.


Tinha um corpo sadio, resistente ao calor e ao frio, à fome e à sede, aos cansaços das longas jornadas a pé, pelas trilhas das montanhas da Palestina. Também ao cansaço por Sua atividade ininterrupta junto ao povo, que não Lhe deixava tempo nem para se alimentar.


Embora nascido em uma estrebaria, oculto aos olhos dos grandes do mundo, teve Seu nascimento anunciado aos pequenos, que traziam os corações preparados para O receber. A orquestra dos céus se fez presente e a ópera dos mensageiros celestiais O anunciou a quem tivesse ouvidos de ouvir.


Antes de iniciar o Seu messianato, preparou-Lhe os caminhos um homem rude, vestido com uma pele de animal e que a muitos, com certeza, deve ter parecido esquisito ou perturbado. Principalmente porque, num momento em que o povo aguardava um libertador que fosse maior que o próprio Moisés, ele falava de alguém que iria ungir as almas com fogo.


Enquanto todos aguardavam um guerreiro, que surgisse com seu exército numeroso para subjugar o dominador romano, João, o Batista, lhes falava do Cordeiro de Deus. E cordeiro sempre foi símbolo de mansuetude, de delicadeza.


Quando Ele se fez presente, às margens do Jordão, a sensibilidade psíquica de João O percebe e O apresenta ao mundo.


Esse ser tão especial tomou de um grão de mostarda e o fez símbolo da fé que move montanhas. Utilizou-Se da água pura, jorrada das fontes cristalinas, para falar da água que sacia a sede para todo o sempre.


Tomou do pão e o multiplicou, simbolizando a doação da fraternidade que atende o irmão onde esteja e com ele reparte do pouco que tem.


Falou de tesouros ocultos e de moedas perdidas. Recordou das profissões menos lembradas e as utilizou como exemplo, Ele mesmo denominando-Se o Bom Pastor, que conhece as Suas ovelhas.


Ninguém jamais O superou na poesia, na profundidade do ensino, na doce entonação da voz, cantando o poema das bem-aventuranças, no palco sublime da natureza.


Simples, mostrava Sua sabedoria em cada detalhe, exemplificando que os grandes não necessitam de ninguém que os adjetive, senão sua própria condição.


Conviveu com os pobres, com os deserdados, com os considerados párias da sociedade, tanto quanto visitou e privou da amizade de senhores amoedados e de poder.


Jesus, ontem, hoje e sempre prossegue exemplo para o ser humano que caminha no rumo da perfeição.


* * *


Embora visando sempre as coisas do Espírito, Jesus jamais descurou das coisas pequenas e mínimas da Terra.


É assim que Seu coração se alegra pelas flores do campo, as quais toma para exemplo em Sua fala, da mesma forma que as pequeninas aves do céu.


O Seu amor se dirigia sobretudo aos pobres, aos humildes, aos oprimidos, aos desprezados e aos párias.


E, justamente por conhecer a fraqueza e a malícia dos homens, sempre perdoa, enquanto Ele mesmo alimenta a Sua vida pelo cumprimento da vontade e do agrado de Deus, o Pai.




Redação do Momento Espírita com detalhes colhidos no verbeteJesus, do Dicionário enciclopédico da bíblia, deA. Van den Born, ed. Vozes.Em 05.12.2008.

Pedimos a sua atenção para o fato de o Momento em Casa não ser um serviço diário. São enviadas, em média, 3 a 4 mensagens no decorrer da semana.As mensagens do Momento Espírita também estão disponíveis em CD's e livros, em
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Ciência Admirável


Qual potente farol varando a noite escura
Em que a sombra do mal reinava soberana,
Fulge o sol da verdade eterna que promana
Da mensagem do Cristo, restaurada e pura.

É o fulgor celestial da obra kardequiana
Cujas bases factuais, em lógica estrutura,
Vêm revelar a vida além da sepultura
E as vidas sucessivas na experiência humana.

Corolário moral da messe iluminista,
Eis a Ciência Admirável com seu facho forte,
Tal qual no cartesiano êxtase prevista.

Sob a luz da razão, a fé se fez mais forte
E o homem pôde ver, além da própria vista,
A vida espiritual que esplende além da morte.

Aureci Figueiredo Martins, Porto Alegre/RS

I. E. Terceira Revelação Divina
aureci@globo.com

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Base histórica:

O rigoroso inverno de 1619 imobilizou o exército de Maximiliano da Baviera. Um percalço militar irrelevante para o desfecho da Guerra dos Trinta Anos, que ensangüentaria a Europa, mas que teve inesperada e decisiva importância para a Filosofia e a ciência moderna.
René Descartes, jovem francês de 23 anos engajado nas tropas bávaras, aproveitou o frio para se isolar em um quarto de estalagem nas cercanias de Ulm, na Alemanha, e - como era de seu gosto - passar dias em febril atividade intelectual.
Na madrugada gelada de 11 de novembro, as centelhas de seu cérebro explodiram em sonhos agitados - em um deles, o Espírito da Verdade lhe abria os tesouros da Ciência. Na manhã seguinte, superexcitado, Descartes concluiu estar no limiar de uma “ciência admirável".

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Perante o Analfabetismo

"Há no ar uma idéia racional, aprovada por todas as pessoas progressistas: a de que todos deviam saber ler. Por mais bela que seja, nossa doutrina encontra um obstáculo na ignorância. Assim o nosso dever, de todos nós os espíritas, é diminuir o número de nossos irmãos ignorantes, a fim de que O Livro dos Espíritos não se torne letra morta para tantos párias. Trabalhar em espalhar a instrução nas massas é, ao mesmo tempo, abrir caminho ao Espiritismo e destruir o elemento do fanatismo; é diminuir outro tanto o arrastamento da ignorância; é criar homens que viverão e morrerão bem." - Sanson (Revista Espírita, dezembro de 1864)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ENSINO ESPÍRITA

O ensino-aprendizagem da Doutrina Espírita
Segundo Allan Kardec

“Há algum tempo constituíram-se alguns grupos, de especial caráter, e cuja multiplicação entusiasticamente desejamos encorajar. São os denominados grupos de ensino. Neles ocupam-se pouco ou quase nada das manifestações. Toda a atenção se volta para a leitura e explicação de “O Livro dos Espíritos”, de “O Livro dos Médiuns” e artigos da “Revista Espírita”. Algumas pessoas devotadas reúnem com esse objetivo um certo número de ouvintes, suprindo para eles as dificuldades da leitura ou do estudo isolado. Aplaudimos de todo o coração essa iniciativa que, esperamos, terá imitadores e não poderá, em se desenvolvendo, deixar de produzir os melhores resultados.”
(Allan Kardec, in “Viagem Espírita em 1862”, Instruções particulares, item X)



SOBRE A ESTRUTURA GERAL DO CAP. III D’O LIVRO DOS MÉDIUNS

Do item 18 podemos extrair o objetivo do capítulo:

Objetivo: Ensino da Doutrina Espírita.
a) ensinar aos outros: “Ensina todo aquele que procura persuadir a outro(...)”.
b) ensinar a si mesmo: “(...)os que queiram instruir-se por si mesmos. Uns e outros, seguindo-os, acharão meio de chegar com mais segurança e presteza ao fim visado.”

“Muito natural e louvável é, em todos os adeptos, o desejo, que nunca será demais animar, de fazer prosélitos. Visando facilitar-lhes essa tarefa, aqui nos propomos examinar o caminho que nos parece mais seguro para se atingir esse objetivo, a fim de lhes pouparmos inúteis esforços.
Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar. O Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas as questões que interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que principalmente convém é encará-lo pelas suas conseqüências.
Forma-lhe sem dúvida a base a crença nos Espíritos, mas essa crença não basta para fazer de alguém um espírita esclarecido, como a crença em Deus não é suficiente para fazer de quem quer que seja um teólogo. Vejamos, então, de que maneira será melhor se ministre o ensino da Doutrina Espírita, para levar com mais segurança à convicção.
Não se espantem os adeptos com esta palavra - ensino. Não constitui ensino unicamente o que é dado do púlpito ou da tribuna. Há também o da simples conversação. Ensina todo aquele que procura persuadir a outro, seja pelo processo das explicações, seja pelo das experiências. O que desejamos é que seu esforço produza frutos e é por isto que julgamos de nosso dever dar alguns conselhos, de que poderão igualmente aproveitar os que queiram instruir-se por si mesmos. Uns e outros, seguindo-os, acharão meio de chegar com mais segurança e presteza ao fim visado.

O método geral de ensino-aprendizagem:

a) começar pela teoria: “É crença geral que, para convencer, basta apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico. (...)” O Livro dos Médiuns, item 19.
“Ainda outra vantagem apresenta o estudo prévio da teoria - a de mostrar imediatamente a grandeza do objetivo e o alcance desta ciência.” (O Livro dos Médiuns, item 32)

b) partir do conhecido para o desconhecido: “Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido.”

c) a existência da alma como ponto de partida: “Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma.”

d) conhecer o perfil do aprendiz tendo como base sua opinião sobre a existência da alma: “Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é, cumpre verifiquemos se ele crê na existência da alma, na sua sobrevivência ao corpo, na sua individualidade após a morte.”

“É crença geral que, para convencer, basta apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico. Entretanto, mostra a experiência que nem sempre é o melhor, pois que a cada passo se encontram pessoas que os mais patentes fatos absolutamente não convenceram. A que se deve atribuir isso? É o que vamos tentar demonstrar.

No Espiritismo, a questão dos Espíritos é secundária e consecutiva; não constitui o ponto de partida. Este precisamente o erro em que caem muitos adeptos e que, amiúde, os leva a insucesso com certas pessoas. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma. Ora, como pode o materialista admitir que, fora do mundo material, vivam seres, estando crente de que, em si próprio, tudo é matéria? Como pode crer que, exteriormente à sua pessoa, há Espíritos, quando não acredita ter um dentro de si? Será inútil acumular-lhe diante dos olhos as provas mais palpáveis. Contestá-las-á todas, porque não admite o princípio.
Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido. Ora, para o materialista, o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes de tudo, fazendo que ele a observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa que escapa às leis da matéria. Numa palavra, primeiro que o torneis ESPÍRITA, cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA. Mas, para tal, muito outra é a ordem de fatos a que se há de recorrer, muito especial o ensino cabível e que, por isso mesmo, precisa ser dado por outros processos. Falar-lhe dos Espíritos, antes que esteja convencido de ter uma alma, é começar por onde se deve acabar, porquanto não lhe será possível aceitar a conclusão, sem que admita as premissas. Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é, cumpre verifiquemos se ele crê na existência da alma, na sua sobrevivência ao corpo, na sua individualidade após a morte. Se a resposta for negativa, falar-lhe dos Espíritos seria perder tempo. Eis aí a regra. Não dizemos que não comporte exceções. Neste caso, porém, haverá provavelmente outra causa que o toma menos refratário.” (O Livro dos Médiuns, item 19)


O PERFIL DO APRENDIZ

Os incrédulos
- os materialistas por sistema – negação absoluta sobre a existência da alma (nada há o que fazer)
- os materialistas por falta de coisa melhor – a crença na alma não é de todo nula, há um gérmen latente (é o náufrago a quem se lança uma tábua de salvação)
- incrédulos de má-vontade – fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir (lamentá-los é tudo o que se pode fazer)
- incrédulos por interesse ou de má-fé – (não há com eles o que fazer)
- os incrédulos por pusilanimidade, por escrúpulos religiosos, por orgulho, por espírito de contradição, por negligência, por leviandade, etc. (pouco se pode fazer)
- incrédulos por decepções – os que passaram de uma confiança exagerada à incredulidade – resultado de incompleto estudo do Espiritismo e de falta de experiência.(é um campo a joeirar)
- os incertos – há uma vaga intuição das idéias espíritas – não lhes falta aos pensamentos senão serem coordenados e formulados.(campo propício)

Os crentes
Sem um estudo direto
I. os espíritas sem o saberem – Sem jamais terem ouvido tratar da Doutrina Espírita, possuem o sentimento inato dos grandes princípios que dela decorrem.

Com um estudo direto - espíritas experimentadores – “os que crêem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência de observação.(...)”
I. Espíritas imperfeitos – vêem mais do que os fatos; compreendem a parte filosófica; admiram a moral da doutrina ou espírita, mas não a praticam.
II. os verdadeiros espíritas – “(...)os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as conseqüências.”
III. espíritas exaltados – confiança demasiadamente cega e freqüentemente pueril, no tocante ao mundo dos espíritos. “O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo.” (O Livro dos Médiuns, item 28)
Pesquisa baseada no material do site http://www.feparana.com.br/

Estude e divulgue o pensamento kardequiano.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Espiritismo na Feira do Livro de Porto Alegre - 2008


Sessão de autógrafos:
Vinícius Lousada - Saberes de Espiritualidade e Paz, ed. Francisco Spinelli: 05 de novembro, às 19:30hs, Praça de Autógrafos;


José Carlos Pereira Jatz - Espírito Saudável: Mente Sã e Corpo São, ed. Pallotti: 09 de novembro, às 15:30hs, Praça de Autógrafos;


Gládis Pedersen de Oliveira e Dimitrius Gutierrez - As Sementes Contaram e o Arrependimento de Diego, ed. Francisco Spinelli: 13 de novembro, às 14hs, Deck dos Autógrafos - Cais e


Zoé Mary Saraiva Paim - O Espiritismo Segundo o Evangelho, ed. Evangraf: 15 de novembro, às 18:30hs, Praça de Autógrafos.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Conhecer-se a si mesmo : Revista Espírita 06/1863



DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS

CONHECER-SE A SI MESMO

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE SENS, 9 DE MARÇO DE 1863)



O que impede, por vezes, que vos corrijais de um defeito, de um vicio, é, certamente, que não vos apercebeis que o tendes. Enquanto vedes os menores defeitos do próximo, do irmão, nem mesmo suspeitais de que tendes as mesmas falhas, talvez maio­res que as deles. Isto é uma conseqüência do orgulho que vos leva, como a todos os seres imperfeitos, a não achar nada de bom senão em vós. Deveríeis vos analisar como se não fosseis vós mes­mos. Imaginai, por exemplo, que aquilo que fizestes ao vosso irmão, vos tivesse sido feito por ele. Colocai-vos em seu lugar: que faríeis? Respondei sem idéia preconcebida, pois suponho que quereis a verdade. Assim fazendo, estou certo de que muitas vezes descobrireis defeitos vossos, que antes não havíeis notado. Sede francos convosco mesmos; travai conhecimento com o vosso caráter, mas não o aduleis, porque as crianças aduladas às vezes se tornam más e os aduladores são os primeiros a experimentar os efeitos. Voltai um pouco a sacola onde estão os vossos e os alheios defeitos. Ponde os vossos à frente e os dos outros para trás e cuidai que não tenhais de baixar a cabeça quando tiverdes a vossa carga à frente.
La Fontaine

DEFINIÇÕES KARDEQUIANAS

Como Allan Kardec definiu o Espiritismo:


Ciência:

“O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Es­píritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.” (O que é o Espiritismo, Preâmbulo)

“O Espiritismo é uma ciência de observação...” (O que é o Espiritismo, cap. I)

“O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo invisível e as suas relações com o mundo visível.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I, item 6)

"O Espiritismo caminha ao lado da ciência no campo da matéria: admite todas as verdades que a ciência comprova; mas não se detém onde ela pára: prossegue nas suas pesquisas no campo da espiritualidade." (Obras Póstumas, I Parte "in fine")


FILOSOFIA

"Há duas coisas no Espiritismo: a parte experimental das manifestações e a doutrina filosófica." (O que é o Espiritismo, FEB, 17ª ed, p. 119)

A força do Espiritismo "está na sua filosofia, no apelo que dirige à razão, ao bom-senso." (O Livro dos Espíritos, conclusão, item VI)

"Este livro (...) foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema." (O Livro dos Espíritos, Prolegômenos)

"A explicação dos fatos que o Espiritismo admite, de suas causas e conseqüências morais, forma toda uma ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e aprofundado.” (O Livro dos Médiuns, item 14, item 7º)


espiritualidade

"A bandeira que arvoramos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário,em torno da qual somos felizes de ver desde já tantos homens se juntarem em todos os pontos da Terra, porque compreendem que está nela (...) o signo de uma nova era para a humanidade." (O Livro dos Médiuns, 1861, cap. 24 "in fine", Edicel, trad. J.Herculano Pires)

"A vaidade de certos homens, que crêem saber tudo e tudo querem explicar à sua maneira, dará origem a opiniões dissidentes, mas todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão no mesmo sentimento de amor ao bem e se unirão por um laço fraterno que envolverá o mundo inteiro; deixarão de lado as mesquinhas disputas de palavras para somente se ocuparem das coisas essenciais." (O Livro dos Médiuns,1861, pp. 54/55)

“Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral”. (Revista Espírita, dez/1868. Discurso de 01-11-1868 na SPES)


(enviado por Aureci Martins, I. E. Terceira Revelação Divina/POA-RS)

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O CONSOLO DAS EVOCAÇÕES

935. Que pensar da opinião das pessoas que consideram as comunicações de além túmulo como uma profanação?
– Não pode haver profanação quando há recolhimento e quando a evocação é feita com respeito e decoro. O que o prova é que os Espíritos que vos são afeiçoados se manifestam com prazer, sentem-se felizes com a vossa lembrança e por conversarem convosco. Profanação haveria se as evocações fossem feitas com leviandade.

A possibilidade de entrar em comunicação com os Espíritos é uma bem doce consolação, que nos proporciona o meio de nos entretermos com os parentes e amigos que deixaram a Terra antes de nós. Pela evocação eles se aproximam de nós, permanecem ao nosso lado, nos ouvem e nos respondem. Não existe mais, por assim dizer, separação entre nós e eles, que nos ajudam com os seus conselhos, nos dão testemunho da sua afeição e do contentamento que experimentam por nos lembrarmos deles. E para nós uma satisfação sabê-lo felizes e aprender através deles as detalhes da sua nova existência, adquirindo a certeza de um dia, por nossa vez, nos juntarmos a eles.

(Questão 935 do L.E. seguida do comentário de Kardec - tradução de Herculano Pires)

Enviado por Larissa Carvalho - camachocarvalho@yahoo.com.br

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Por que Allan Kardec?

Artigo publicado em Reformador, abril de 1986, pp. 102-3.
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Silvio Seno Chibeni

Dogmatismo? Tradicionalismo? Fanatismo? Visão estreita?

Vejamos:

A obra de Allan Kardec, quando analisada internamente, revela uma solidez lógica, uma racionalidade, uma limpidez argumentativa, uma coerência de fazerem inveja aos mais conceituados tratados filosóficos que a Humanidade possui;

Allan Kardec revelou, em tudo o que fez, uma prudência, um equilíbrio, uma sobriedade, um espírito positivo e despreconcebido, um bom senso, enfim, que singularizam sua figura entre todos os expoentes da cultura humana;

A obra de Allan Kardec, contrariamente ao que em geral acontece com outras que abordam os mesmos assuntos, está firme e amplamente baseada em fatos, cuidadosa e minuciosamente examinados à luz dos referidos critérios racionais; não surgiu entre as quatro paredes de um gabinete, mas de uma extensa convergência de informações;

Allan Kardec era possuidor de uma vasta erudição, transitando inteiramente à vontade pelos mais variados campos do saber – das ciências às artes, das filosofias às religiões – o que lhe permitiu trazer ao seu domínio de estudo os mais relevantes problemas que interessam ao homem, dentro de uma visão abarcante e integrada da realidade;

A obra de Allan Kardec apresenta-se dentro de padrões de clareza e objetividade tais, que não deixa nenhuma margem a ambigüidades e mal-entendidos, especialmente quanto aos pontos fundamentais;

Allan Kardec soube ser impessoal, separando com rigor suas opiniões pessoais e peculiaridades de sua vida privada do conhecimento doutrinário, que é independente e objetivo; jamais pretendeu a posse exclusiva e completa da verdade, nunca recusou um princípio pelo só fato de ter sido descoberto ou proposto por outrem, nunca hesitou em abandonar uma idéia quando provada errônea por argumentos insofismáveis;

A obra de Allan Kardec é incomparavelmente abrangente, ocupando-se desde os fatos mais palpáveis, destacadamente os relativos à sobrevivência do ser, até as mais profundas investigações da ética, passando pelo exame lúcido das grandes questões filosóficas que ao longo das eras têm desafiado o raciocínio do homem;

Allan Kardec tem sido confirmado, por fontes independentes e fidedignas, como um grande emissário de Jesus, especialmente escolhido por Ele para concretizar na Terra a Sua promessa do envio do Consolador, [nota 1] que nada mais é do que o Espiritismo, que veio para nos ensinar todas as coisas (o esclarecimento abundante que traz), para nos fazer lembrar tudo o que Jesus nos disse (a sanção e explicação que ele nos dá dos Evangelhos), e que estará sempre conosco (a perenidade do Espiritismo);

A obra de Allan Kardec não é uma estrutura estática e fechada, mas sim dinâmica e aberta a complementações futuras, incorporando a característica da progressividade, essencial a todo sistema científico ou filosófico que não pretenda ser sepultado pelas constantes e inevitáveis descobertas de fatos novos e pela ampliação geral do conhecimento humano;
Allan Kardec testemunhou em todos os atos de sua vida a sua condição de Espírito de escol: jamais prejudicou a alguém; só com o bem retribuiu as ingratidões, ofensas e calúnias com que em vão tentaram embaraçar-lhe os passos; doou-se por completo à grande obra de educação dos homens que é o Espiritismo: a ela sacrificou o conforto, o repouso, os bens materiais, a saúde e até a própria vida.

Estudemos com seriedade essa obra. Conheçamos de perto esse autor. [nota 2]

Depois, comparemo-los à obras e autores que os pretendam superar. Quais se poderão gloriar de fazer-lhes frente em apenas algumas das dez características enumeradas (para não dizer em todas)?

Retornemos, por fim, à questão: Por que Allan Kardec?

Talvez já não seja difícil respondê-la ... [nota 3]



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Notas:

1.Cf. Evangelho de João, cap. 14.[volta]

2. Para uma visão precisa, detalhada e completa da personalidade de Allan Kardec, bem como das origens, dimensões e significado de sua obra, consulte-se o livro Allan Kardec (3 vols.), de Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, editado pela Federação Espírita Brasileira em 1979/80.[volta]

3. Para uma exposição do caráter legitimamente científico (à luz da moderna filosofia da ciência) do desenvolvimento de uma atividade de pesquisa em torno de um núcleo de princípios básicos (como o Espiritismo o faz em relação aos princípios fundamentais da obra de Allan Kardec), veja-se o artigo "Espiritismo e ciência", em Reformador de maio de 1984. (Nota do Autor em outubro de 1998: Para o mesmo tema, ver também os artigos "A excelência metodológica do Espiritismo" e "O paradigma espírita", publicados na mesma revista, números de novembro e dezembro de 1988 e junho de 1994, respectivamente.) [volta]

(texto extraído do site: http://www.geocities.com/Athens/Academy/8482/porque.html)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Pai Nosso


Senhor Deus, nosso Pai, que estás presente
No fulgor das galáxias infinitas,
Que, mesmo sendo a tudo transcendente,
Até no pó dos átomos habitas.

Seja a tua presença percebida
Como a causa maior que tudo enseja:
Que saibam todos que és a luz da vida
E o nome Teu glorificado seja!

Que o Teu Reino de amor e de verdade
Em nossos corações por fim se alteie,
Erguendo em nós o altar da caridade
E a fé raciocinante nos norteie.

Seja a Tua vontade soberana,
Que nas leis naturais tem expressão,
O roteiro de luz da espécie humana
Na conquista da regeneração.

Nosso corpo carnal, mero instrumento,
Dá que, de pão, não sofra por carência;
Mas ao ser imortal, como alimento,
Faz com que chegue a espírita ciência.

Que a Tua sereníssima presença
Em nossos atos seja refletida,
E nem sequer tomemos por ofensa
Qualquer injúria que nos chegue à vida.

E não nos deixes, Pai, fracos, entregues
Aos impulsos sombrios que nos assaltem:
Que bondosos espíritos delegues
Para suprirem forças que nos faltem

E que possam também nos proteger
Do mal que neste mundo inda viceja,
Pois que ao Teu supérrimo poder
Tudo sempre se inclina. Que assim seja!

( Versos de Aureci Figueiredo Martins,
aureci@globo.com )

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A DOUTRINA ESPÍRITA E A JUSTIÇA

s instituições jurídicas são um reflexo inegável do avanço ou

Carolina Paulsen - Bacharel em Direito e Pós-graduanda em Direitos Humanos - Pelotas/RS. E-mail: carolina.paulsen@gmail.com



As instituições jurídicas são um reflexo inegável do avanço ou atraso moral de uma determinada sociedade. Basta recordar o quão longa foi a caminhada da Humanidade em direção a um Direito mais humanizado, mais consoante com a dignidade intrínseca de todo ser humano. Nesse sentido, a história da justiça é também a história da razão prevalecendo sobre a barbárie.

A Doutrina Espírita há muito elucidou este fato, no Livro dos Espíritos, questão número 795, quando os Espíritos responderam ao questionamento de Kardec sobre a causa da instabilidade das leis humanas: “Nas épocas de barbaria, são os mais fortes que fazem as leis e eles as fizeram para si. À proporção que os homens foram compreendendo melhor a justiça, indispensável se tornou a modificação delas. Quanto mais se aproximam da vera justiça, tanto menos instáveis são as leis humanas, isto é, tanto mais estáveis se vão tornando, conforme vão sendo feitas para todos e se identificam com a lei natural”1.

Tem-se, portanto, a lei natural –ou divina- eterna, imutável e perfeita em todos os seus caracteres e a lei humana, imperfeita, mutável e em constante processo de evolução, rumo à similitude com a lei divina2.

Se na infância da humanidade, os primeiros códigos escritos consagravam a lei do “olho por olho, dente por dente”, paulatinamente, e conforme a evolução moral do orbe terrestre, as leis humanas foram adaptando-se aos novos tempos e aproximando-se da lei divina. Aos poucos o Direito foi livrando-se do ranço autoritário de outrora, sempre sob a tutela dos Espíritos Superiores, que permitiram a evolução das instituições jurídicas conforme o avanço moral dos habitantes do Planeta. Não se pode olvidar que há não muito tempo atrás o Direito legitimava a escravidão, a guerra de conquista e tantas outras práticas que hoje chocam a consciência do homem comum. Porém, seria após sangrentos conflitos, como a Revolução Francesa de 1789 e a Segunda Guerra Mundial, que a Humanidade veria finalmente nos seus códigos jurídicos o feito que mais aproximou o Direito humano do Direito divino: a consagração dos direitos humanos fundamentais.

Tais direitos representam, juridicamente, a garantia de que todo ser humano é igual ao outro e que todos nós temos o dever de agir uns para com os outros num espírito de fraternidade. O Direito agora representa um conjunto de valores comuns que todos nós temos o dever de preservar se quisermos manter a comunidade humana na senda do progresso.

A Doutrina Espírita há muito nos ensina que Deus imprimiu na consciência de cada um o conhecimento da lei divina – porém as paixões humanas tantas vezes calaram os reclames de justiça da mente de nossos legisladores, seres imperfeitos como nós, resultando em iniqüidades e retrocessos para o planeta. O Direito hoje, graças à consagração dos direitos humanos, é a voz de uma consciência ética comum universal, cada vez mais próxima do Direito divino, rumo ao desenvolvimento moral de nosso planeta.

Instituições como o Tribunal Penal Internacional, o Direito Humanitário3 e o Direito Internacional dos Direitos Humanos justificam a esperança de um progresso cada vez maior de nosso planeta e nossas instituições, representando um verdadeiro sinal dos tempos, manifestações de um Direito cada vez mais humanizado e acorde com os princípios da prevalência absoluta da dignidade humana e da caridade cristã. Não está longe o tempo em que todo ser humano será um irmão em dignidade e em direitos e não mais há de prevalecer a iniqüidade e a injustiça em nossa morada terrestre – tempo que certamente a Doutrina Espírita ajudará a construir.

1 O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2003, p. 371.

2 Ver a questão 797 do Livro dos Espíritos, que estatui: “797. Como poderá o homem ser levado a reformar suas leis? Isso ocorre naturalmente, pela força mesma das coisas e da influência das pessoas que o guiam na senda do progresso. Muitas já ele reformou e muitas outras reformará. Espera!”. (op. cit., p. 372).

3 O Direito Humanitário é um conjunto de normas que busca proteger, em tempo de guerra, as pessoas que não participam das hostilidades ou deixaram de participar. Seu principal escopo é limitar o sofrimento humano em tempo de conflito armado. Ou seja, em nossos tempos, até mesmo a guerra está limitada.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A COMPLEXIDADE DOS SABERES ESPÍRITAS

Vinícius Lousada

É interessante observar a conexão entre os saberes organizados em O Livros dos Espíritos e as demais obras da Codificação, há entre eles uma inter-relação, ou seja, todos os pontos se correlacionam numa harmonia de conjunto e são filosoficamente interdependentes, uns desaguam nos outros de tal forma que a inteligibilidade acerca de determinado aspecto pede a igual compreensão de outros mais.
Como uma tapeçaria – trata-se de uma metáfora - composta pelo entrelaçamento de seus fios, se nos apresenta o Espiritismo. Seus princípios e conceitos estão conectados, entrecruzam-se formando o todo doutrinário, num fluxo contínuo de informações tecidas dialogicamente entre si.
Emerge a necessidade de serem desdobrados os temas abordados na primeira obra e assim, passam a figurar no painel da Doutrina Espírita, as demais obras da Codificação, tais como: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, A Gênese e O Céu e o Inferno.
Trata-se da execução, no plano terrestre, de um projeto estruturado anteriormente no mundo dos Espíritos por uma equipe vasta de colaboradores, da qual Kardec era um de seus diletos membros, liderados pelo Espírito Verdade. Trata-se da concretização do Consolador anunciado outrora pelo Mestre Nazareno, cujo início pode ser demarcado em 18 de abril de 1857, com a publicação de O Livro dos Espíritos.



Alguns aspectos do conteúdo de O Livro dos Espíritos

Contendo a ciência do infinito, essa obra nos apresenta um estudo, no seu Livro Primeiro, das Causas Primárias – Deus, os elementos gerais do universo, a Criação universal e o princípio vital - contemplando um entendimento sobre intrincadas questões que o dogmatismo religioso não dava conta de esclarecer ante as exigências do emergente culto à racionalidade do século XIX, herdeiro do iluminismo francês.
Vale destacar, por exemplo, a concepção espírita de Deus, da Inteligência Suprema num caráter não-antropomórfico, como a Causa Primeira de todas as coisas. Porém, os Espíritos vão deixar claro nossos limites intelectuais para entender a natureza íntima de Deus.
Certamente, esse apontamento não faz parte da tradição das religiões que comumente apresentam como “mistério da fé” aquilo que a racionalidade humana é incapaz de abarcar dado o seu insipiente desenvolvimento. Os Espíritos Superiores afirmam várias vezes a Allan Kardec que nem mesmo eles conhecem, em profundidade, natureza de Deus, da qual somente podem nos dar uma pálida idéia frente ao reconhecimento sábio da própria ignorância, de seu compromisso com a verdade e, sobretudo, em função de nossos parcos recursos intelectuais.
Somente entenderemos Deus quando estivermos mais desmaterializados e, mediante o nosso aperfeiçoamento, Dele estivermos mais próximos, tal como se pode entender da questão 11 de O Livro dos Espíritos.
Quando Kardec perscruta esses saberes, os Guias da humanidade advertem: “(...) Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos desembaraçardes delas, o que vos será mais útil o que quererdes penetrar o que é impenetrável.”
[1] Mas, das elucidações dos Espíritos, o nobre mestre delineou os atributos da Divindade, um conjunto de qualidades que aproximam as nossas conjecturas de um entendimento possível em referência ao Pai Celeste.
No Livro Segundo da obra fundamental do Espiritismo, a temática que passa a ser estudada é o Mundo Espírita. Nela os Espíritos abordam a questão da nossa natureza espiritual e origem – sendo os meandros dessa última um mistério
[2] até mesmo para os Espíritos Superiores.
No Mundo Espírita encontramos também a escala espírita, que deveria receber maior atenção dos adeptos do Espiritismo, aliás, como toda a obra do Codificador para que se possa ter um entendimento mais coerente e fiel sobre o seu conteúdo doutrinário.
A escala espírita, consistindo numa classificação, não absoluta, das diferentes ordens de Espíritos, leia-se categorias evolutivas de todos nós, em conformidade com as nossas aquisições intelectuais e morais, é uma ferramenta excelente para todos que lidam com a questão da mediunidade.
Kardec considerou a escala espírita como a chave da ciência espírita
[3], como um quadro capaz de ajudar a determinar a ordem ou o grau de elevação ou inferioridade dos Espíritos com os quais venhamos a travar contato, permitindo-nos alinhavar, por conseqüência, o grau de confiança de que são merecedores ou não.
Além de tratar de temas como a desencarnação, a realidade da vida espiritual e os fenômenos de emancipação da alma, as ações interventoras dos Espíritos no mundo corpóreo, suas ocupações e os reinos da Natureza, o Livro Segundo dá a devida atenção ao dogma filosófico da reencarnação.
A reencarnação é um verdade universal que vai ganhar essa terminologia com Allan Kardec, no recolhimento de variadas comunicações espíritas que vão delinear esse princípio. Ela rasga o paradigma da unicidade da existência, postulado pela teologia tradicional, revigorando a lei dos renascimentos, ensinada no seio de algumas tradições espirituais antigas e apresentado por Jesus Cristo naquele célebre diálogo entre o Mestre e o doutor da lei chamado Nicodemos.
Aprendemos que precisamos renascer para evoluir, somente o retorno à conexão com a carne nos permite galgar progressivamente a escala evolutiva rumo à perfeição relativa que somos vocacionados a atingir.
Em seu Livro Terceiro, encontramos as leis morais, mais tarde atendidas em O Evangelho segundo o Espiritismo cujo foco de atenção é a essência moral dos ensinos de Jesus. Na leitura atenta e sem preconceito do iluminado conteúdo dessa terceira parte, apreende-se a perfeita convergência entre o Cristianismo do Cristo – em contraposição ao que dele fizeram os homens – com toda a moral lecionada pelos Espíritos Superiores.
Aqui vale ressaltar, entre outras tantas passagens dignas de relevo, a questão do homem de bem. Fica claro que a categoria “homem de bem” se trata da meta comportamental que deve ser perseguida por todos aqueles que abraçam o Espiritismo como filosofia de vida, buscando num exercício perseverante de auto-aperfeiçoamento, a vivência da lei de justiça, amor e caridade em toda a sua amplitude.
Por fim, no Quarto Livro, podemos verificar que tem atenção o sofrimento e a felicidade nas paragens terrestres e na vida futura, concedendo-nos a compreensão de que somos todos artífices da nossa felicidade nas duas dimensões da vida, que ninguém escapa à lei de retorno, sendo necessário o reencontro educativo da consciência culpada com as conseqüências de suas ações antiéticas, da mesma forma que, aquele que trilha um caminho justo e nobre, recolhe no calhau das experiências, os felizes resultados de suas ações.
A conclusão de O Livro dos Espíritos, perfeitamente sincronizada com as demais partes da obra, não deixa a desejar e aborda, inclusive, três efeitos gerais da compreensão do Espiritismo Filosófico
[4], sendo esses: o desenvolvimento do sentimento religioso; a resignação ante as vicissitudes da vida e a indulgência para com as imperfeições alheias.


(artigo publicado na íntegra na Revista Reencarnação -FERGS - de nº 433, com o título "O Livro dos Espíritos e a Codificação)

[1]KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Especial. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2007, questão 14.
[2]KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Especial. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2007, questão 78.
[3]KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Especial. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2007, questão 100.
[4]KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Especial. ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 2007, p. 635.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

RELIGIÃO, NO SENTIDO FILOSÓFICO...


"[...] o Espiritismo é, assim, uma religião? Sim, sem dúvida, senhores: No sentido filosófico o Espiritismo é uma religião, e disso nos honramos, pois que é a doutrina que funda os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos não em uma simples convenção, mas sobre a mais sólida das bases: as próprias leis da Natureza.

Por que então declaramos que o Espiritismo não era uma religião? Pela razão de que há apenas uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e que, segundo a opinião geral, o termo religião é inseparável da noção de culto, evocando unicamente uma idéia de forma, com o que o Espiritismo não guarda qualquer relação. Se se tivesse proclamado uma religião, o público nele não veria senão uma nova edição, ou uma variante, se quisermos, dos princípios absolutos em matéria de fé, uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, cerimônias e privilégios; não o distinguiria das idéias de misticismo e dos enganos contra os quais se está freqüentemente bem instruído.

Não apresentando nenhuma das características de uma religião, na acepção usual da palavra, o Espiritismo não poderia nem deveria ornar-se de um título sobre cujo significado inevitavelmente haveria mal-entendidos. Eis porque ele se diz simplesmente uma doutrina filosófica e moral."


Revue Spirite, Dezembro de 1868.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

sexta-feira, 11 de julho de 2008

COMPREENSÃO E AMOR


Zombaram das mesas girantes; jamais zombarão da filosofia, da sabedoria e da caridade que brilham nas comunicações sérias. Elas foram o vestíbulo da Ciência; é nele que, ao entrar, devem ser deixados os preconceitos, como se deixa um manto. Não é demais insistir para que façais de vossas reuniões um centro sério. Que alhures façam demonstrações físicas, vejam, ouçam, que entre vós se compreenda e se ame. Que pensais ser aos olhos dos Espíritos superiores, quando fazeis girar ou erguer-se uma mesa? Escolares. Passará o sábio o seu tempo a recordar o a-bê-ce da Ciência? Ao contrário, vendo que buscais as comunicações sérias, vos consideram como homens em busca da verdade. São Luís

Acrescenta o Sr. Allan Kardec: Não está aqui, senhores, um admirável programa, traçado com essa precisão e essa simplicidade de palavra que caracterizam os Espíritos realmente superiores? Que entre vós se compreenda, isto é, que todos de­vemos aprofundar tudo, para nos darmos conta de tudo; que entre vós se ame, isto é, que a caridade, uma benevolência mútua devem ser o objetivo dos nossos esforços, o laço a nos unir, a fim de mostrar pelo nosso exemplo o verdadeiro objetivo do Espiritismo. Estranhamente nos enganaríamos quanto aos sentimentos da Sociedade, se julgássemos que ela despreza o que se faz alhures. Nada é inútil e as experiências físicas também têm sua vantagem, que ninguém nos contesta. Se não nos ocupamos com elas, não é porque tenhamos outra bandeira. Temos nossa especialidade de estudos, como outros têm a sua, mas tudo isto se confunde num objetivo comum: o progresso e a propagação da Ciência.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Kardec e a Evolução do Espiritismo



As declarações de Kardec, quanto à natureza evolutiva do Espiritismo, têm servido de justificação para muitas confusões doutrinárias. Renovadores encarnados e reveladores desencarnados apóiam-se nas próprias palavras do codificador, para desfigurarem a codificação. E quando alguém se levanta em defesa da pureza da doutrina, é logo acusado de retrógrado. Entretanto, a verdade é que Kardec só admitia a evolução mediante rigoroso controle dos fatos e das comunicações mediúnicas, estas sempre sujeitas ao exame do bom-senso e ao critério da universidade.



Leia na íntegra o artigo clicando no link abaixo:


Kardec e a Evolução do Espiritismo
Fundação Maria Virgínia e José Herculano Pires - 02 de July de 2008



sábado, 21 de junho de 2008

OS FALSOS IRMÃOS E OS AMIGOS INÁBEIS


Assim como demonstramos em nosso artigo precedente, nada poderia prevalecer contra a destinação providencial do Espiritismo. Do mesmo modo que ninguém pode impedir a queda daquele que, nos decretos divinos: homens, povos ou coisas, deve cair, ninguém pode deter a marcha do que deve ir adiante. Esta verdade, com relação ao Espiritismo, ressalta dos fatos realizados, e muito mais ainda de um outro ponto capital. Se o Espiritismo fosse uma simples teoria, um sistema, poderia ser combatido por um outro sistema, mas ele repousa sobre uma lei natural, tudo tão bem quanto o movimento da Terra. A existência dos Espíritos é inerente à espécie humana; não se pode, pois, fazer que não seja, e não se pode mais proibi-los de se manifestar quanto não se pode impedir o homem de caminhar. Não têm necessidade, para isso, de nenhuma permissão, e se riem de todas as proibições, porque não é preciso perder de vista que, além das manifestações mediúnicas propriamente ditas, há manifestações naturais e espontâneas, que se produziram em todos os tempos e se produzem todos os dias, entre uma multidão de pessoas que jamais ouviram falar dos Espíritos. Quem poderia, pois, se opor ao desenvolvimento de uma lei da Natureza? Sendo essa lei obra de Deus, insurgir-se contra ela é se revoltar contra Deus. Estas considerações explicam a inutilidade dos ataques dirigidos contra o Espiritismo. O que os Espíritas têm a fazer, em presença dessas agressões, é continuar pacificamente seus trabalhos, sem fanfarrice, com a calma e a confiança que dá a certeza de chegar ao objetivo.






No entanto, se nada pode deter a marcha geral, há circunstâncias que podem lhe trazer entraves parciais, como uma pequena barragem pode abrandar o curso de um rio sem impedi-lo de correr. Desse número são as providências inconseqüentes de certos adeptos mais zelosos do que prudentes, que não calculam bastante a importância de seus atos ou de suas palavras; por aí produzem, nas pessoas ainda não iniciadas na Doutrina, uma impressão desfavorável, muito mais própria para afastá-las do que as diatribes dos adversários. O Espiritismo, sem dúvida, está muito difundido, mas o seria ainda mais se todos os adeptos tivessem sempre escutado os conselhos da prudência, e sabido conter-se numa sábia reserva. Sem dúvida, é preciso ter em conta a intenção, mas é certo que mais de um justificou o provérbio: Mais vale um inimigo confesso do que um amigo desajeitado. O pior disto é fornecer armas aos adversários que sabem habilmente explorar uma imperícia. Não saberemos, pois, senão recomendar aos Espíritas para refletirem maduramente antes de agir; em semelhante caso a prudência manda não se referir à sua opinião pessoal. Hoje, que de todos os lados se formam grupos ou sociedades, nada é mais simples do que se concordar antes de agir. O verdadeiro Espírita, não tendo em vista
senão o bem da coisa, sabe fazer abnegação do amor-próprio; crer em sua própria infalibilidade, recusar em aceitar a opinião da maioria, e persistir num caminho que se demonstra mau e comprometedor, não é o fato de um verdadeiro Espírita; isto seria dar prova de orgulho, se não for o fato de uma obsessão.




Entre as imperícias, é preciso colocar, em primeira linha, as publicações intempestivas ou excêntricas, porque são os fatos que mais repercutem. Nenhum Espírita ignora que os Espíritos estão longe de terem a soberana ciência; muitos dentre eles sabem disso menos do que certos homens, e, como certos homens também, não têm menos a pretensão de tudo saber. Sobre todas as coisas, têm sua opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa; ora, como os homens ainda, são geralmente aqueles que têm as idéias mais falsas que são os mais obstinados. Esses falsos sábios falam de tudo, excitam os sistemas, criam utopias, ditam as coisas mais excêntricas, e ficam felizes de encontrar intérpretes complacentes e crédulos que aceitam suas elucubrações de olhos fechados. Essas espécies de publicações têm gravíssimos inconvenientes, porque o médium engana-se a si mesmo, freqüentemente seduzido por um nome apócrifo, as dá como coisas sérias das quais a crítica se apodera com pressa para denegrir o Espiritismo, ao passo que, com menos presunção, bastar-lhe-ia aconselhar-se com seus colegas para ser esclarecido. É muito raro que, nesse caso, o médium não ceda à injunção de um Espírito que quer, ai! ainda como certos homens, a toda força ser impresso; com mais experiência, saberia que os Espíritos verdadeiramente superiores aconselham, mas não se impõem nem gabam jamais, e que toda prescrição imperiosa é um sinal suspeito.





Quando o Espiritismo for completamente assistido e conhecido, as publicações dessa natureza não terão mais inconvenientes do que os maus tratados de ciências não têm em nossos dias; mas no início, nós o repetimos, elas têm um lado muito deplorável. Não se saberia, pois, em fato de publicidade, trazer mais circunspecção, nem calcular com mais cuidado o efeito que pode ser produzido sobre o leitor. Em resumo, é um grave erro crer-se obrigado a publicar tudo o que ditam os Espíritos, uma vez que, se há os bons e esclarecidos, há os maus e ignorantes; importa fazer uma escolha muito rigorosa de suas comunicações, podando tudo o que é inútil, insignificante, falso ou de natureza a produzir uma impressão má. É preciso semear, sem dúvida, mas semear a boa semente e em tempo oportuno.





Passemos a um assunto mais sério ainda, os falsos irmãos. Os adversários do Espiritismo, alguns pelo menos, porque pode e deve haver os de boa fé, não são, como se sabe, muito escrupulosos sobre a escolha dos meios; tudo é para eles de boa guerra, e quando não se pode tomar uma cidadela de assalto, ela é minada por baixo. Na falta de boas razões, que são as armas leais, se os vê, todos os dias derramar sobre o Espiritismo a mentira e a calúnia. A calúnia é odiosa, eles bem o sabem, e a mentira pode ser desmentida, e também procuram fatos para se justificarem; mas como encontrar fatos comprometedores entre pessoas sérias, se não for os produzidos por si mesmo ou por associados?



O perigo não está nos ataques de viva força; nem está nas perseguições, nem mesmo na calúnia, como vimos; mas está nas astúcias ocultas empregadas para desacreditar e arruinar o Espiritismo por si mesmo. Triunfarão? É o que examinaremos dentro em pouco.



Já chamamos a atenção sobre essa manobra no relatório de nossa viagem em 1862 (página 45), porque, no nosso caminho, recebemos três beijos de Judas dos quais não fomos vítima, embora nada tenham manifestado; de resto deles havíamos sido prevenidos antes de nossa partida, assim como as armadilhas que nos seriam estendidas. Mas ficamos de olho sobre eles, certo de que um dia mostrarão as suas verdadeiras intenções, porque é tão difícil a um falso Espírita arremedar sempre o verdadeiro Espírita, do que um mau Espírita simular um Espírito superior; nem um nem o outro podem sustentar por muito tempo seu papel.



De várias localidades nos assinalam indivíduos, homens ou mulheres, com antecedentes e com relações suspeitas, cujo zelo aparente pelo Espiritismo não inspira senão uma medíocre confiança, e não estamos surpresos de encontrar os três Judas dos quais falamos: há-os no baixo e no alto da escala. De sua parte, freqüentemente, é mais que do zelo; é do entusiasmo, uma admiração fanática. Segundo ele seu devotamento vai até o sacrifício de seus interesses, e apesar disso não atraem nenhuma simpatia: um fluido malsão parece envolvê-los; sua presença nas reuniões ali lança um manto de gelo. Acrescentemos que há os que cujos meios de existência tornam-se um problema, em província sobretudo onde todo o mundo se conhece.



O que caracteriza principalmente esses pretensos adeptos é sua tendência em fazer o Espiritismo sair de seus caminhos de prudência e de moderação pelo seu ardente desejo do triunfo da verdade; a impelir as publicações excêntricas, a se extasiar de admiração diante das comunicações apócrifas mais ridículas, e que eles têm o cuidado de difundir; a provocar, nas reuniões, assuntos comprometedores sobre a política e a religião, sempre para o triunfo da verdade que não precisam ter sob o alqueire; seus elogios sobre os homens e as coisas são golpes de turíbulo a quebrar cinqüenta faces: são os fanfarrões do Espiritismo. Outros são mais adocicados e mais insinuantes; sob seu olhar oblíquo e com palavras melosas, sopram a discórdia, pregando a desunião; lançam jeitosamente sobre o tapete questões irritantes ou ferinas, assunto de natureza a provocar dissidências; excitam um ciúme de preponderância entre os diferentes grupos, e ficam encantados em velos se lançarem pedra, e, em favor de algumas divergências de opinião sobre certas questões de forma e de fundo, o mais freqüentemente provocadas, levantar bandeira contra bandeira.






Alguns fazem, em seu dizer, um excessivo consumo de livros espíritas, do qual os livreiros quase não se apercebem, e uma propaganda exagerada; mas, por efeito do acaso, a escolha de seus adeptos é infeliz; uma fatalidade leva-os a se dirigirem de preferência a pessoas exaltadas, às idéias obtusas, ou que já deram sinais de aberração; depois, apresentando-se ocasião a deploram gritando-a por toda parte, constata-se que essas pessoas se ocupam do Espiritismo, do qual na maior parte do tempo não compreenderam a primeira palavra. Aos livros espíritas que esses apóstolos zelosos distribuem generosamente, freqüentemente, acrescentam não críticas, isso seria imperícia, mas livros de magia e de feitiçaria, ou escritos políticos pouco ortodoxos, ou diatribes ignóbeis contra a religião, a fim de que, apresentando-se a ocasião, fortuita ou não, se possa, numa verificação, confundir o todo reunido.





Como é mais cômodo ter as coisas sob a mão, para ter comparsas dóceis, o que se acha por toda parte, há os que organizam ou fazem organizar reuniões onde se ocupa, de preferência, daquilo que o Espiritismo precisamente recomenda para não se ocupar, e onde se tem o cuidado de atrair estranhos que não são sempre os amigos; ali o sagrado e o profano são indignamente confundidos; os nomes mais veneráveis são misturados às práticas mais ridículas da magia negra, com acompanhamento de sinais e palavras cabalísticas, talismãs, tripés sibilinos e outros acessórios; alguns a isso acrescentam, como complemento, e às vezes como produto lucrativo, a cartomancia, a quiromancia, a marca de café, o sonambulismo pago, etc.; Espíritos complacentes, que ali encontram intérpretes não menos complacentes, predizem o futuro, dizem a sorte, descobrem os tesouros escondidos e os tios da América, indicam, se for preciso, o curso da Bolsa e os números vencedores da loteria; depois, um belo dia, a justiça intervém, ou bem vê-se num jornal o relatório de uma sessão de Espiritismo à qual o autor assistiu e conta o que viu, com seus próprios olhos viu.






Tentareis reconduzir todas essas pessoas a idéias mais sadias? Seria tempo perdido, e se compreende o porquê: a razão e o lado sério da Doutrina não são seu negócio; é o que os mais atormenta; dizer-lhes que prejudica a causa, que dão armas aos seus inimigos, é elogiá-los; sendo seu objetivo desacreditá-la, tendo ar de defendê-la. Instrumentos, não temem nem de comprometer os outros levando-os sob o rigor da lei, e nem de se colocar eles mesmos, porque sabem ali encontrar compensação.






Seu papel não é sempre idêntico; varia segundo sua posição social, suas aptidões, a natureza de suas relações e o elemento que os faz agirem; mas o objetivo é sempre o mesmo. Nem todos empregam meios tão grosseiros, mas que nem por isso são menos pérfidos. Lede certas publicações supostamente simpáticas à idéia, mesmo em aparência defensiva da idéia, pesai-lhes todos os pensamentos, e vede se, às vezes, ao lado de uma aprovação colocada à guisa de cobertura e de etiqueta, não descobrireis, lançado como por acaso, um pensamento insidioso, uma insinuação de duplo sentido, um fato contado de maneira ambígua e podendo se interpretar num sentido desfavorável. Entre eles há os menos velados, e que, sob o manto do Espiritismo, são evidentemente feitos tendo em vista suscitar divisões entre os adeptos. Perguntar-se-nos-ão, sem dúvida, se todas as torpezas das quais acabamos de falar são invariavelmente o fato de manobras ocultas, ou uma comédia representada num objetivo interessado, e se elas não podem ser também o de um movimento espontâneo; em uma palavra, se todos os Espíritas são homens de bom senso e incapazes de se enganar?






Pretender que todos os Espíritas são infalíveis seria tão absurdo quanto a pretensão de nossos adversários de terem, só eles, o privilégio da razão. Mas se há os que se enganam, é, pois, que menosprezam o sentido e o objetivo da Doutrina; nesse caso, sua opinião não pode fazer lei, e é ilógica ou desleal, segundo a intenção, de tomar a idéia individual pela idéia geral, e de explorar uma exceção. Ocorreria o mesmo tomando-se as aberrações de alguns sábios pelas regras da ciência. Àqueles diremos: Se quereis saber de que lado está a presunção de verdade, estudai os princípios admitidos pela imensa maioria, se não for ainda a unanimidade absoluta dos Espíritas do mundo inteiro.





Os crentes de boa fé podem, pois, se enganar, e não consideramos um crime não pensarem como nós; se, entre as torpezas relatadas acima, fossem elas o fato de uma opinião pessoal, não se poderia nisso ver senão desvios isolados, lamentáveis, dos quais seria injusto fazer recair a responsabilidade sobre a Doutrina, que os repudia vivamente; mas se dizemos que podem ser o resultado de manobras interesseiras, é que nosso quadro foi tomado sobre modelos.







Ora, como é a única coisa que o Espiritismo haja, verdadeiramente, que temer no momento, convidamos todos os adeptos sinceros a se manterem em guarda evitando as armadilhas que se poderia estender-lhes. Para esse efeito, não poderiam ser mais circunspectos sobre os elementos a introduzir em suas reuniões, nem repelir com muito cuidado todas as sugestões que tendessem a desnaturar-lhe o caráter essencialmente moral. Mantendo ali a ordem, a dignidade e a seriedade que convém a homens sérios, se ocupando de uma coisa séria, fecharão o acesso aos mal intencionados que se retirarão quando reconhecerem que ali nada têm a fazer. Pelos mesmos motivos, devem declinar toda solidariedade com as reuniões formadas fora das condições prescritas pela sã razão e os verdadeiros princípios da Doutrina, se não podem conduzi-los para um bom caminho.





Como se vê, há uma grande diferença, certamente, entre os falsos irmãos e os amigos desajeitados, mas, sem o querer, o resultado pode ser o mesmo: desacreditar a Doutrina.


A nuança que os separa, freqüentemente, não está senão na intenção, o que faz
que se possa, algumas vezes, confundi-los e, vendo-os servir os interesses do partido adverso, supor que foram ganhados por ele. A circunspecção é, pois, nesse momento sobretudo, mais necessária do que nunca, porque não é preciso esquecer que palavras, ações ou escritos inconsiderados são explorados, e que os adversários se encantam em poderem dizer que isso vem dos Espíritas.





Nesse estado de coisas, compreende-se quais armas a especulação, em razão dos abusos aos quais pode dar lugar, podem oferecer aos detratores para apoiar sua acusação de malabarismos. Isso pode, pois, em certos casos, ser uma armadilha estendida da qual é preciso desconfiar. Ora, como não há malabarismo filantrópico, a abnegação e o desinteresse absoluto dos médiuns tiram aos detratores um de seus mais poderosos meios de difamação interrompendo toda discussão sobre esse assunto.





Levar a desconfiança ao excesso seria um erro muito grave, sem dúvida, mas num tempo de luta, e quando se conhece a tática do inimigo, a prudência se torna uma necessidade que não exclui, de resto, nem a moderação, nem a observação das conveniências das quais jamais se deve desistir. Aliás, não se poderia equivocar-se sobre o caráter do verdadeiro Espírita; há nele uma franqueza de maneiras que desafia toda suspeita, sobretudo quando é corroborada pela prática dos princípios da Doutrina. Que se levante bandeira contra bandeira, como procuram fazê-lo nossos antagonistas, o futuro de cada um está subordinado à soma de consolações e de satisfação moral que trazem; um sistema não pode prevalecer sobre um outro senão com a condição de ser mais lógico, e do qual a opinião pública é o soberano juiz; em todos os casos, a violência, as injúrias e a aspereza são maus antecedentes e uma recomendação pior ainda.


Resta a examinar as conseqüências desse estado de coisas. Essas astúcias podem, sem contradita, momentaneamente, trazer algumas perturbações parciais, por isso é preciso desmanchá-las tanto quanto possível, mas elas não poderiam prejudicar o futuro; primeiro porque não terão senão um tempo, uma vez que são uma manobra da oposição que cairá pela força das coisas; em segundo lugar que, o que quer que se diga e que se faça, não tirará jamais, à Doutrina, seu caráter distintivo, sua filosofia racional nem sua moral consoladora. Será estranho torturá-la e deturpá-la, fazer os Espíritos falarem à sua vontade, ou recolher comunicações apócrifas para lançar contradições como obstáculos, não se fará prevalecer um ensinamento isolado, fosse ele verdadeiro e não suposto, contra aquele que é dado de todas as partes. O Espiritismo se distingue de todas as outras filosofias naquilo que não é o produto da concepção de um único homem, mas de um ensino que cada um pode receber sobre todos os pontos do globo, e tal é a consagração que recebeu O Livro dos Espíritos. Este livro, escrito sem equívoco possível e ao alcance de todas as inteligências, será sempre a expressão clara e exata da Doutrina, e a transmitirá intacta àqueles que virão depois de nós. As cóleras que provoca são um indício do papel que está chamado a desempenhar, e da dificuldade de lhe opor alguma coisa de mais séria.





O que fez o rápido sucesso da Doutrina Espírita são as consolações e as esperanças que ela dá; todo sistema que, pela negação dos princípios fundamentais, tendesse a destruir a própria fonte dessas consolações, não poderia ser acolhido com mais favor.




É preciso não perder de vista que estamos, como dissemos, em momento de transição, e que nenhuma transição se opera sem conflito. Que não se admire, pois, em ver se agitarem as paixões em jogo, as ambições comprometidas, as pretensões frustradas, e cada um tentar recobrar o que vê lhe escapar, aferrando-se ao passado; mas pouco a pouco tudo isso se apaga, a febre se acalma, os homens passam, e as idéias novas ficam.





Espíritas, elevai-vos pelo pensamento, levai vossos olhares vinte anos à frente, e o presente não vos inquietará.


(Revista Espírita, março de 1863
)