segunda-feira, 10 de novembro de 2008

ENSINO ESPÍRITA

O ensino-aprendizagem da Doutrina Espírita
Segundo Allan Kardec

“Há algum tempo constituíram-se alguns grupos, de especial caráter, e cuja multiplicação entusiasticamente desejamos encorajar. São os denominados grupos de ensino. Neles ocupam-se pouco ou quase nada das manifestações. Toda a atenção se volta para a leitura e explicação de “O Livro dos Espíritos”, de “O Livro dos Médiuns” e artigos da “Revista Espírita”. Algumas pessoas devotadas reúnem com esse objetivo um certo número de ouvintes, suprindo para eles as dificuldades da leitura ou do estudo isolado. Aplaudimos de todo o coração essa iniciativa que, esperamos, terá imitadores e não poderá, em se desenvolvendo, deixar de produzir os melhores resultados.”
(Allan Kardec, in “Viagem Espírita em 1862”, Instruções particulares, item X)



SOBRE A ESTRUTURA GERAL DO CAP. III D’O LIVRO DOS MÉDIUNS

Do item 18 podemos extrair o objetivo do capítulo:

Objetivo: Ensino da Doutrina Espírita.
a) ensinar aos outros: “Ensina todo aquele que procura persuadir a outro(...)”.
b) ensinar a si mesmo: “(...)os que queiram instruir-se por si mesmos. Uns e outros, seguindo-os, acharão meio de chegar com mais segurança e presteza ao fim visado.”

“Muito natural e louvável é, em todos os adeptos, o desejo, que nunca será demais animar, de fazer prosélitos. Visando facilitar-lhes essa tarefa, aqui nos propomos examinar o caminho que nos parece mais seguro para se atingir esse objetivo, a fim de lhes pouparmos inúteis esforços.
Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem, pois, seriamente queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a brincar. O Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas as questões que interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que principalmente convém é encará-lo pelas suas conseqüências.
Forma-lhe sem dúvida a base a crença nos Espíritos, mas essa crença não basta para fazer de alguém um espírita esclarecido, como a crença em Deus não é suficiente para fazer de quem quer que seja um teólogo. Vejamos, então, de que maneira será melhor se ministre o ensino da Doutrina Espírita, para levar com mais segurança à convicção.
Não se espantem os adeptos com esta palavra - ensino. Não constitui ensino unicamente o que é dado do púlpito ou da tribuna. Há também o da simples conversação. Ensina todo aquele que procura persuadir a outro, seja pelo processo das explicações, seja pelo das experiências. O que desejamos é que seu esforço produza frutos e é por isto que julgamos de nosso dever dar alguns conselhos, de que poderão igualmente aproveitar os que queiram instruir-se por si mesmos. Uns e outros, seguindo-os, acharão meio de chegar com mais segurança e presteza ao fim visado.

O método geral de ensino-aprendizagem:

a) começar pela teoria: “É crença geral que, para convencer, basta apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico. (...)” O Livro dos Médiuns, item 19.
“Ainda outra vantagem apresenta o estudo prévio da teoria - a de mostrar imediatamente a grandeza do objetivo e o alcance desta ciência.” (O Livro dos Médiuns, item 32)

b) partir do conhecido para o desconhecido: “Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido.”

c) a existência da alma como ponto de partida: “Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma.”

d) conhecer o perfil do aprendiz tendo como base sua opinião sobre a existência da alma: “Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é, cumpre verifiquemos se ele crê na existência da alma, na sua sobrevivência ao corpo, na sua individualidade após a morte.”

“É crença geral que, para convencer, basta apresentar os fatos. Esse, com efeito, parece o caminho mais lógico. Entretanto, mostra a experiência que nem sempre é o melhor, pois que a cada passo se encontram pessoas que os mais patentes fatos absolutamente não convenceram. A que se deve atribuir isso? É o que vamos tentar demonstrar.

No Espiritismo, a questão dos Espíritos é secundária e consecutiva; não constitui o ponto de partida. Este precisamente o erro em que caem muitos adeptos e que, amiúde, os leva a insucesso com certas pessoas. Não sendo os Espíritos senão as almas dos homens, o verdadeiro ponto de partida é a existência da alma. Ora, como pode o materialista admitir que, fora do mundo material, vivam seres, estando crente de que, em si próprio, tudo é matéria? Como pode crer que, exteriormente à sua pessoa, há Espíritos, quando não acredita ter um dentro de si? Será inútil acumular-lhe diante dos olhos as provas mais palpáveis. Contestá-las-á todas, porque não admite o princípio.
Todo ensino metódico tem que partir do conhecido para o desconhecido. Ora, para o materialista, o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes de tudo, fazendo que ele a observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa que escapa às leis da matéria. Numa palavra, primeiro que o torneis ESPÍRITA, cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA. Mas, para tal, muito outra é a ordem de fatos a que se há de recorrer, muito especial o ensino cabível e que, por isso mesmo, precisa ser dado por outros processos. Falar-lhe dos Espíritos, antes que esteja convencido de ter uma alma, é começar por onde se deve acabar, porquanto não lhe será possível aceitar a conclusão, sem que admita as premissas. Antes, pois, de tentarmos convencer um incrédulo, mesmo por meio dos fatos, cumpre nos certifiquemos de sua opinião relativamente à alma, isto é, cumpre verifiquemos se ele crê na existência da alma, na sua sobrevivência ao corpo, na sua individualidade após a morte. Se a resposta for negativa, falar-lhe dos Espíritos seria perder tempo. Eis aí a regra. Não dizemos que não comporte exceções. Neste caso, porém, haverá provavelmente outra causa que o toma menos refratário.” (O Livro dos Médiuns, item 19)


O PERFIL DO APRENDIZ

Os incrédulos
- os materialistas por sistema – negação absoluta sobre a existência da alma (nada há o que fazer)
- os materialistas por falta de coisa melhor – a crença na alma não é de todo nula, há um gérmen latente (é o náufrago a quem se lança uma tábua de salvação)
- incrédulos de má-vontade – fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir (lamentá-los é tudo o que se pode fazer)
- incrédulos por interesse ou de má-fé – (não há com eles o que fazer)
- os incrédulos por pusilanimidade, por escrúpulos religiosos, por orgulho, por espírito de contradição, por negligência, por leviandade, etc. (pouco se pode fazer)
- incrédulos por decepções – os que passaram de uma confiança exagerada à incredulidade – resultado de incompleto estudo do Espiritismo e de falta de experiência.(é um campo a joeirar)
- os incertos – há uma vaga intuição das idéias espíritas – não lhes falta aos pensamentos senão serem coordenados e formulados.(campo propício)

Os crentes
Sem um estudo direto
I. os espíritas sem o saberem – Sem jamais terem ouvido tratar da Doutrina Espírita, possuem o sentimento inato dos grandes princípios que dela decorrem.

Com um estudo direto - espíritas experimentadores – “os que crêem pura e simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência de observação.(...)”
I. Espíritas imperfeitos – vêem mais do que os fatos; compreendem a parte filosófica; admiram a moral da doutrina ou espírita, mas não a praticam.
II. os verdadeiros espíritas – “(...)os que não se contentam com admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as conseqüências.”
III. espíritas exaltados – confiança demasiadamente cega e freqüentemente pueril, no tocante ao mundo dos espíritos. “O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra. Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo.” (O Livro dos Médiuns, item 28)
Pesquisa baseada no material do site http://www.feparana.com.br/

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