domingo, 1 de março de 2009

Ante a desencarnação de Kardec - discurso de Delanne

EM NOME DOS ESPÍRITAS DOS CENTROS DISTANTES,
pelo Sr. Alexandre Delanne.

MUI CARO MESTRE,

Tive tantas vezes a ocasião, pelas minhas numerosas viagens, de ser perto de vós, o intérprete dos sentimentos fraternais e reconhecidos de nossos irmãos da França e do exterior, que eu acreditaria faltar a um dever sagrado, se não viesse, em seu nome, neste momento supremo, vos testemunhar seus pesares.

Eu não seria, ai! senão um eco bem fraco, para vos pintar a alegria dessas almas tocadas pela fé espírita, que se abrigaram sob a bandeira de consolação e de esperança que haveis tão corajosamente plantado entre nós.

Um grande número dentre eles, seguramente, preencheriam melhor do que eu, esta missão do coração.

A distância e o tempo não lhes permitindo estar aqui, ouso fazê-lo, conhecendo a vossa benevolência habitual a meu respeito e a de nossos bons irmãos que represento.

Recebei, pois, caro mestre, em nome de todos, a expressão dos pesares sinceros e profundos que vai fazer nascer, de todos os lados, vossa partida precipitada deste mundo.

Conheceis, melhor do que ninguém, a Natureza humana; sabeis que ela tem a necessidade de ser sustentada. Ide, pois, até eles, derramar ainda a esperança em seus corações.

Provai-lhes, por vossos sábios conselhos e vossa poderosa lógica, que não os abandonais, e que a obra à qual tão generosamente vos devotastes, não perecerá, não poderia perecer, porque ela está assentada sobre as bases inabaláveis da fé raciocinada.

Soubestes, pioneiro emérito, coordenar a pura filosofia dos Espíritos, e colocá-la à altura de todas as inteligências, desde as mais humildes que haveis elevado, até as mais eruditas, que vieram a vós, e que contam hoje modestamente em nossas fileiras.

Obrigado, nobre coração, pelo zelo e pela perseverança que colocastes para nos instruir.

Obrigado por vossas vigílias e por vossos labores; pela fé forte que haveis incrustado em nós.

Obrigado pela felicidade presente da qual gozamos, pela felicidade futura que nos haveis tornado certa, quando formos, como vós, reentrar na grande pátria dos Espíritos.

Obrigado ainda pelas lágrimas que haveis secado, pelos desesperos que haveis acalmado e pela esperança que haveis feito nascer nas almas abatidas e desencorajadas.

Obrigado, mil vezes obrigado, em nome de todos os nossos confrades da França e do estrangeiro! Até breve .
(Revista Espírita, maio de 1869)