sábado, 25 de abril de 2009

Hernani Guimarães Andrade, um pesquisador de renome internacional

Desencarnou no dia 25 de abril último (2003), em Bauru – SP, pouco mais de um mês antes do seu nonagésimo aniversário, Hernani Guimarães Andrade, um dos mais conceituados pesquisadores brasileiros do fenômeno paranormal, de renome internacional.
Embora nascido em Araguari – MG, em 1913, cedo se radicou na capital paulista, onde se graduou em Engenharia na Universidade de São Paulo. Pouco depois de formado, tornou-se engenheiro da Usina Siderúrgica de Volta Redonda. Retornando à metrópole paulistana, ingressou no Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo, no qual fez sua carreira profissional até se aposentar compulsoriamente aos 70 anos de idade como diretor setorial desse organismo.
Pai de quatro filhos, três engenheiros e uma psicóloga, foi um pai prestimoso e esposo exemplar, e quem freqüentou o seu domicílio sempre testemunhou aquela imensa capacidade de compreensão e de diálogo, não apenas com os familiares, mas também com os amigos e companheiros de Doutrina.
Tornou-se espírita aos 16 anos de idade, atraído pela racionalidade e pela coerência dos postulados kardecistas. Após estudar exaustivamente as obras clássicas da Doutrina (Delanne, Denis, Bozzano, Flammarion, Crookes, Aksakoff, Richet, Crawford, Lombroso, de Rochas e tantos outros), examinou os experimentos e as teorias dos metapsiquistas e dos parapsicólogos, na busca da realidade e da essencialidade do espírito.
Possuía conhecimentos aprofundados de Física e de diversos aspectos das Ciências Biológicas, da Cosmologia, da Estatística e da Psicologia. Tinha apreciável domínio de várias disciplinas filosóficas, principalmente aquelas mais relacionadas com a Ciência (Lógica, Epistemologia, Metodologia de Pesquisa, Gnosiologia).
Era um motivador e emulador de jovens que se iniciavam no estudo do aspecto científico do Espiritismo. O signatário conheceu-o em 1956 e, desde então, cultivou sua amizade, carinho e orientação até os derradeiros dias de sua existência terrena. Foi, para muitos, um autêntico mentor encarnado. Nessa tarefa ministrou cursos, seminários, e palestras, orientou leituras, montagem de laboratórios e roteiros de experiências, incentivou a feitura de artigos em periódicos e livros.
Sua modéstia, integridade moral, austeridade intelectual, prudência e sabedoria, e, principalmente, sua generosidade era incomparável. Cada visita em sua residência ou em sua instituição era um momento de intensa aprendizagem e de atualização no que tange às investigações dos fatos paranormais levados a efeito no País e no mundo, porquanto mantinha correspondência assídua com dezenas de instituições e cientistas.
Quantos autores de ensaios e livros se beneficiaram dos textos de sua autoria ou de traduções de pesquisadores estrangeiros, inclusive o signatário, para redigir seus artigos e até capítulos inteiros de livros.
Com o objetivo de evitar o preconceito existente nos meios da ciência acadêmica em relação ao Espiritismo, “deu o nome de Psicobiofísica à disciplina científica cujo objeto é o estudo dos fenômenos psíquicos, biológicos e físicos em todas as suas manifestações. Com ênfase nas de caráter paranormal”.
Segundo Hernani, “a Psicobiofísica parte dos seguintes princípios, cuja realidade é sobejamente apoiada pelas evidências observacionais e experimentais: 1. a existência do Espírito como realidade positiva e demonstrável... ainda que não aceita pelo establishment científico oficial; 2. a existência dos fenômenos paranormais... 3. a classificação desses fenômenos segundo as categorias psíquica, biológica e física e a tentativa de explicá-los e a descoberta de suas leis; 4. ao contrário da moderna Parapsicologia, aceita, a priori, a existência, a sobrevivência do Espírito e a reencarnação, ... e admite a interação entre as matérias física e a espiritual”.
Fundou, em 1963, juntamente com outros estudiosos do aspecto científico da Doutrina, o IBPP - Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, com sede em São Paulo, do qual o signatário integrou o Conselho Superior em sua primeira gestão.
Durante 27 anos, efetuou investigações sobre o fenômeno “psi”, segundo os cânones adotados pelo norte-americano J. B. Rhine, sobre Reencarnação pelo método criado por Ian Stevenson, sobre Poltergeist pelo processo por ele criado, sobre Transcomunicação Instrumental segundo os paradigmas adotados pelos estudiosos europeus. Foi o primeiro brasileiro a projetar e construir uma câmara Kirlian para estudos da aura humana. Construiu o Tensionador Espacial Eletromagnético e, depois, o Tensionador Espacial Magnético, com câmara de campos compensados para evidenciar a existência de um campo morfogenético e, por conseguinte um modelo biológico organizador no ser humano (hipótese de sua autoria).
Foi um incansável divulgador dos estudos, teorias e pesquisas levadas a feito no País e no exterior em livros e em periódicos. Manteve durante 27 anos a página “Espiritismo-Ciência”, no jornal “Folha Espírita”. Colaborou com numerosos artigos para outros periódicos como: “No Mundo Maior”, “Obreiros do Bem”, “Revista Internacional de Espiritismo”, “Revista de Espiritismo”, “Planeta” e “Visão Espírita”. Apresentou comunicações em Congressos de âmbito nacional e internacional, com textos inseridos em anais e “proceedings”. Participou de diversas antologias e coletâneas de ensaios. Contou em todo esse labor com a inestimável colaboração da professora Suzuko Haschizumi.
Coordenou e supervisionou a tradução da obra “Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação”, de Ian Stevenson, dos fascículos sobre “Parapsicologia”, elaborados por Elsie Dubugras, e do fascículo sobre “Efeito Kirlian” publicado pela Editora Três e prestou assessoria científica na elaboração do “Dicionário de Parapsicologia, Metapsíquica e Espiritismo”, de autoria de João Teixeira de Paula.
Seu nome aparece como verbete na “Enciclopédia da Vida Após a Morte”, de autoria de James Lewis, e seus trabalhos constituem a terceira parte (mais de cem páginas) do livro “Flying Cow” do pesquisador inglês Guy Lyon Playfair (traduzido para o vernáculo e publicado pela Editora Record sob o título “A Força Desconhecida”).
Deixou as seguintes obras: “A Teoria Corpuscular do Espírito” (1958), ed. Autor; “Novos Rumos à Experimentação Espirítica” (1960), ed. Autor; “Parapsicologia Experimental” (1967), ed. Pensamento; “Caso Ruytemberg Rocha” (1971), ed. Autor; “A Matéria Psi” (1972), ed. O Clarim; “Morte, Renascimento e Evolução” (1983), ed. Pensamento; “Espírito, Perispírito e Alma”(1984), ed. Pensamento; “Psi Quântico” (1986), ed. Pensamento; “Reencarnação no Brasil” (1988), ed. O Clarim; “Poltergeist” (1989), ed. Pensamento; “Transcomunicação Instrumental” (1992), ed. FE; Renasceu por Amor (um caso que sugere reencarnação)” (1995), ed. FE; “Transcomunicação Através dos Tempos” (1997), ed. FE; “Morte, uma Luz no Fim do Túnel” (1999) ed. FE; “Parapsicologia – Uma Visão Panorâmica” (2002), ed. FE; “Você e a Reencarnação” (2003), ed. CEAC, muitas delas resenhadas pelo signatário para este jornal, encontrando-se no prelo ainda dois livros.
Y. Shimizu
(01/06/2003)

Fonte: http://www.mundoespirita.com.br/index.php?act=conteudo&conteudo=821