quarta-feira, 15 de abril de 2009

Você pode fazer a diferença

Carina Streda - carinastreda@terra.com.br

Santo Ângelo/RS

É possível observar a existência de pessoas que vivem na ociosidade, não se ocupam de nada útil, senão consigo mesmas. “São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão duramente sua voluntária inutilidade, começando-lhes, muitas vezes, já neste mundo, o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa.”
[1] Mas essa ociosidade pesa-lhes e cedo ou tarde sentirão necessidade de se tornarem úteis, pelo desejo de progredir. Por mais que seja muito mais fácil entregar-se ao comodismo, a ociosidade e a improdutividade geram um desconforto íntimo, porque alertam a consciência para a necessidade de produzir.


Como vivemos em sociedade, relacionando-nos com outras pessoas, somos partes integrantes de um todo que só pode evoluir se cada um fizer a sua parte. Para isso, é imprescindível observarmos nossos deveres. “O dever é a obrigação moral da criatura para consigo mesma, primeiro, e, em seguida, para com os outros.”[2] Seres sociais que somos temos inúmeros deveres perante os outros, a natureza e a nós mesmos, porém, em nosso mundo ainda em escala evolutiva inferior, aqueles que conseguem cumprir seus deveres já diferem-se da maioria. Podemos escolher: ou ficamos no simples cumprimento dos nossos deveres, ou nos esforçamos por fazer mais.


Passamos a fazer a diferença quando assumimos posturas coerentes com nossa forma de pensar. No momento de transição entre a infância a vida adulta, temos a necessidade de sermos aceitos em um determinado grupo e para isso acabamos agindo de forma que não nos é peculiar. Essas experiências são necessárias para que possamos nos conhecer e moldar a nossa personalidade. Quando adultos já deveríamos estar com essa posição formada, porém o que se observa é que existem adultos inseguros como o adolescente que necessita da aprovação alheia. Que bebem porque todos bebem, que se drogam porque seus amigos se drogam, que necessitam ter o carro do ano, a casa mais bela, para serem vistos como bem sucedidos e, assim, vivem a vida encontrando nas falhas alheias desculpa para suas próprias falhas.


Jesus nos ensinou a amar o próximo como a nós mesmos, a fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem. Se nós aprendermos a nos amar, começaremos a refletir melhor sobre nossas ações, o que nos dará mais segurança de assumirmos aquilo que realmente somos e condições de amar o nosso próximo como ele é. Acabamos, por conseqüência, cumprindo esses pequenos deveres e fazendo ainda mais do que isso, porque nos colocamos no lugar do outro não provocando ao outro o que não gostaríamos que fizesse para nós.


Como todas as nossas atitudes e pensamentos influenciam os outros de alguma forma, a mudança para melhor deve começar em nós mesmos. Não podemos, por exemplo, encaminhar nossos filhos para uma orientação religiosa, se não trazemos a fé dentro de nós. Não podemos ensinar-lhes expressões de cortesia e bons modos se nós não temos o hábito de utilizar-las no nosso dia-a-dia.

Não basta que tenhamos o conhecimento das leis que regem a nossa vida se não houver a parte mais importante que é a nossa transformação para melhor. O conhecimento só é válido quando, como na parábola do semeador[3], for como as sementes que caíram em terra fértil e assim produziram bons frutos. Só assim teremos condições de auxiliar também as outras sementes a ter oportunidade de crescer e frutificar.


[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão 574.
[2] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XVII, item 7.
[3] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap. XVII, item 5.