sábado, 31 de dezembro de 2011

Votos de Ano-novo



Vinícius Lousada[1]



A vós, caros espíritas, irmãos e irmãs conhecidos e desconhecidos, eu vos desejo particularmente um ano feliz, porque recebestes de Deus, para a vossa peregrinação terrena, um grande apoio no Espiritismo.[2]




            No número de fevereiro de 1868 da Revista Espírita, Kardec brinda-nos com a tradução e publicação de um cartão escrito, impresso e distribuído por um espírita de Leipzig, na Alemanha, cujo nome era Adolf, portador do título de conde de Poninski. O texto em questão se intitula “Meus votos de feliz ano-novo a todos os espíritas e espiritualistas de Leipzig” e parece-me que, às portas de 2012, vale a pena fazermos um breve estudo a respeito de seu conteúdo.

            Adolf inicia o seu escrito dirigindo-se aos adeptos do materialismo, doutrina que postula que “A inteligência do homem é uma propriedade da matéria; nasce e morre com o organismo. O homem nada é antes, nem depois da vida corporal”[3], como elucidou Kardec em texto presente na coleção de manuscritos que, organizados por Leymarie, fizeram parte do livro Obras Póstumas.

            Justifica o autor do texto em análise a razão de se voltar apenas aos espíritas e aos espiritualistas por compreender que os materialistas veriam seu ato fraterno como uma “ousadia”, frente à oposição filosófica evidente do materialismo em relação à Doutrina Espírita.

            Refere-se, posteriormente, aos espiritualistas e espíritas destacando como conseqüência moral da crença de ambos na imortalidade da alma o fato de que “reconhecem em cada homem uma alma irmã da sua e, por isto, me dão o direito de lhes enviar meus votos.”[4]

            Nesse sentido, também a crença na existência de Deus levaria os dois grupos à postura íntima de gratidão pelo ano passado, fomentaria o sentimento de esperança no apoio divino para o enfrentamento das provas passíveis de surgirem nos dias infelizes do calendário vindouro e, ainda, forças para a superação moral das más paixões.

            Mas, ao se dirigir particularmente aos espíritas, desejando-lhes um ano feliz, Adolf destaca as contribuições do Espiritismo no campo da fé dos indivíduos, chamando-nos a todos ao reconhecimento do valor da Doutrina como um apoio na jornada terrena. Considera, também, que diante da incredulidade, do egoísmo e do orgulho que vinha crescendo a Filosofia Espírita é um movimento de ordem divina para o bom combate desses três sicários da emancipação espiritual do gênero humano.

            Desse modo, a Doutrina dos Espíritos vem em tempo oportuno trazer a fé raciocinada baseada em fatos rigorosamente verificáveis no campo da comunicação com os Espíritos e, assim, dá-nos a certeza inabalável da vida da alma após a morte, além de consentir um acurado e racional olhar sobre o mundo espiritual, preparando-nos para a grande viagem de retorno à realidade original que espera-nos, inexoravelmente, um dia.

            Igualmente, mediante as comunicações com os Espíritos, conforme as lúcidas recomendações de Allan Kardec, o Espiritismo nos conduz ao reconhecimento da vaidade infantil que cerca as felicidades transitórias da vida material e, igualmente, a solução filosófica de uma série de problemas que sem o seu contributo esclarecedor levariam os indivíduos facilmente à falta de fé.  

            Vejamos que o Espiritismo tirou o diálogo com os habitantes do mundo invisível do terreno do sobrenatural para identificá-lo como mecanismo natural da vida que, por sua vez, merecia uma investigação científica capaz de extrair as suas consequências morais para o progresso de seus praticantes e não para especulações significadas a partir de interesses materiais ou egoístas.

            Assim, a mediunidade, tendo conquistado o seu sentido educativo de ensinar aos indivíduos a sua natureza espiritual, sem qualquer forma de exploração egoísta ou misticismo, estabeleceu-se em bases científicas para confirmar, pelos fatos que apresenta, a crença na imortalidade da alma e acalmar o coração daqueles que viveram a experiência da perda de seus entes queridos.

            Quanto aos problemas filosóficos resolvidos pelo Espiritismo, remeto o leitor à obra O que é o Espiritismo, de Allan Kardec, em seu último capítulo. Ali encontramos a argumentação lúcida da Filosofia Espírita em torno de temas como a pluralidade dos mundos habitados, a alma e a situação do homem na vida terrena e na vida espiritual. Vale a pena conferir!

            Contudo, eu gostaria de me reportar, então, a outro aspecto do texto de Adolf. Agora, refiro-me ao destaque dado à coerência entre o Cristianismo e a Doutrina Espírita. Examinemos essas palavras do autor:



         É verdade que ela [a Doutrina Espírita] não ensina nada de novo proclamando a vida da alma, pois o Cristo já falou dela; mas o Espiritismo levanta todas as dúvidas e lança uma nova luz sobre esta questão. Entretanto, guardemo-nos de considerar como inúteis os ensinamentos do Cristianismo, e de os crer substituídos pelo Espiritismo; ao contrário, fortifiquemo-nos na fonte das verdades cristãs, para as quais o Espiritismo não é senão um novo facho, a fim de que nossa inteligência e nosso orgulho não nos desencaminhem.[5]



            Observemos que a vida da alma, ensinada pelo Cristo, é reforçada pelo pensamento espírita e, através do esclarecimento que presta, identificando as leis que regem a vida espiritual e os fenômenos espíritas, dilui de forma racional qualquer dúvida sistemática em relação a essa verdade eterna.

            Além disso, o Espiritismo traz nova luz na compreensão dos ensinamentos de Jesus que ficaram obscurecidos pelas doutrinas enxertadas no Cristianismo. Recordemos que a História permite perceber que, através de dogmas e cultos exteriores, o povo foi sendo gradativamente afastado do que era essencial e puro no Evangelho do Divino Mestre.

            Adiante, os votos de ano-novo de Adolf são encerrados com uma bela prece, uma verdadeira rogativa pelo bom aproveitamento dos diálogos que podemos manter com os Espíritos nas reuniões espíritas sérias, onde se comunicam os Espíritos elevados que “se fazem reconhecer por sua linguagem, que é a mesma em toda parte, sempre de acordo com o Evangelho e a razão humana”[6].

            E, por fim, o texto recorda-nos do papel dos Bons Espíritos juntos de nós: ajudar em nossos esforços de autoaprimoramento e no conhecimento da vida espiritual a fim de assimilarmos esse saber à vida atual, o que deve corresponder a um viver mais espiritualizado, concernente com a adoção dos princípios da Filosofia Espírita.

            Portanto, meditemos nisso tudo e tenhamos um 2012 feliz, cheio de realizações enobrecedoras na direção de nossa evolução consciente.






[1] Educador, palestrante e escritor espírita. E-mail: vlousada@hotmail.com


[2] KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 11, fev. 1868. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed.  Rio de Janeiro: FEB, 2009, p. 71.


[3] KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2005, p.238.


[4] KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 11, fev. 1868. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed.  Rio de Janeiro: FEB, 2009, p. 71.


[5] KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 11, fev. 1868. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed.  Rio de Janeiro: FEB, 2009, p. 72.


[6]  KARDEC, Allan. Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos, ano 11, fev. 1868. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 3. ed.  Rio de Janeiro: FEB, 2009, p. 72.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Ano de 1861


O ano que se extingue viu progredir sensivelmente a crença no Espiritismo. É uma grande felicidade para  os homens, porque os retira um pouco das bordas do abismo que ameaça tragar o espírito humano. O ano novo será ainda melhor, porque verá graves mudanças materiais, uma revolução nas ideias, e o Espiritismo não será esquecido, crede-o; ao contrário, a ele se agarrarão, como a uma tábua de salvação. Rogarei a Deus que abençoe a vossa obra e a faça progredir.

                                                             São Luís

(...)
Revista Espírita, Fevereiro de 1861 - Ensino dos Espíritos

sábado, 24 de dezembro de 2011

FESTA DE NATAL



(SOCIEDADE ESPÍRITA DE TOURS, 24 DE DEZEMBRO DE 1862 MÉDIUM, SR. N...)

É nesta noite que, no mundo cristão, se festeja o nascimento do Menino Jesus. Mas vós, meus irmãos, deveis também alegrar-vos e festejar o nascimento da nova Doutrina Espírita. Vê-la-eis crescer como essa criança. Ela virá, como ele, esclarecer os homens e lhes mostrar o caminho que devem percorrer. Em breve vereis os reis,  como os magos, virem pessoalmente a esta doutrina pedir o socorro que não encontram nas ideias antigas. Eles não vos trarão incenso e mirra, mas prosternar-se-ão de coração ante as ideias novas do Espiritismo. Já não vedes brilhar a estrela que deve guiá-los? Coragem, pois, meus irmãos! Coragem! Em breve, com o mundo inteiro, podereis celebrar a grande festa da regeneração da Humanidade.

Meus irmãos, durante muito tempo encerrastes no coração o germe desta doutrina. Eis, porém, que hoje ele surge em plena luz, com o apoio de um tutor solidamente plantado e que não deixará que verguem seus galhos tenros. Com esse sustentáculo providencial, ele crescerá dia a dia e tornar-se-á a árvore da criação divina. Dessa árvore colhereis frutos dos quais não conservareis a exclusividade para vós, mas para os vossos irmãos que tiverem fome e sede da fé sagrada. Oh! Então apresentai-lhes esse fruto, e gritai-lhes do fundo do vosso coração: “Vinde, vinde partilhar conosco o que alimenta o nosso espírito e alivia as nossas dores físicas e morais.”

Mas não esqueçais, meus irmãos, que Deus vos fez fermentar o primeiro germe; que esse germe cresceu e  já se tornou uma árvore capaz de dar o seu fruto. Restar-vos-á algo a utilizar: os galhos que podereis transplantar. Mas, antes, vede se o terreno, ao qual confiais esse germe, não oculta sob sua camada aparente algum verme roedor, que poderia devorar aquilo que o Mestre vos confiou.

SÃO LUÍS.



Revista Espírita, abril de 1863 – FESTA DE NATAL

sábado, 17 de dezembro de 2011

JESUS E A SUA MISSÃO

 
imagem: http://www.flickr.com/photos/andreapandolfi/2190086160/in/photostream/



Vinícius Lousada[1]


Ele veio... pão da vida, luz do mundo...

Tinha o olhar quente e profundo e solene tinha a voz.

                Ele veio... mãos vazias, desarmadas...

                Nem escudos, nem espadas, só amor por todos nós.

                Toda noite sem estrelas Ele ilumina

E as nuvens mais escuras Ele desfaz...

                Ele veio e agitou a nossa alma e tirou a nossa calma,

                Mas nos trouxe a Sua paz...

- Antônio Luiz Milecco



Nosso Mestre Jesus
 
            Jesus apresentou-se no mundo em uma trajetória entre os homens e as mulheres do povo, falando-lhes do bem, do amor universal e vivendo a compaixão em sua mais concreta expressão, no diálogo constante com os sofredores de toda ordem. O Mestre é um Espírito de escol que encarnou em nosso globo para ensinar uma mensagem especial, a boa notícia referente às verdades eternas.

            Nos registros dos evangelistas e nas narrativas das tradições espirituais de além-túmulo, Ele é descrito como um rabi que vivia ensinando, onde as variadas circunstâncias eram momentos oportunos à partilha da mensagem de que era portador.

Com os recursos de fala impecável, da capacidade de dialogar profundamente com discípulos e consulentes variados, provocava em seus educandos o pensamento em torno do saber indispensável a respeito do universo íntimo, fonte das causas profundas da felicidade e da saúde, ou da ausência de ambas, na vida da criatura humana.

            Os Seus gestos tão eloqüentes como as Suas falas e as atitudes permanentemente elucidativas atestam a sua condição humana de autêntico educador e, assim sendo, o Raboni confirmou a Sua missão junto aos que o acompanhavam quando anunciou: “Vós me chamais ‘o Mestre’ e ‘o Senhor’, e dizeis bem, pois sou.”[2]

Quando o Mestre destaca ser “o Senhor” está a confirmar aos que acompanham seus passos que Ele é o Messias aguardado há muito, como destacava a mediunidade profética de indivíduos que legaram essa informação na tradição oral ou nas escrituras antigas, adotadas como fundamento da orientação religiosa dos filhos de Israel à época.



Jesus no Espiritismo
 
            Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, com base no apontamento que os Espíritos Superiores fazem do Cristo como Espírito mais perfeito que Deus nos ofereceu por guia e modelo, afirma em comentário a resposta apresentada que



“Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava.”[3]



            Vejamos que o codificador compreende o Mestre como o Espírito mais puro de quantos tem vivido em nosso lar planetário, de modo que a Sua sintonia com a vontade e as Leis do Criador era de tal forma que Kardec chegou a afirmar que “o Espírito Divino o animava”, ou seja, “dava-lhe alma”, no sentido figurado da expressão. Aliás, sobre o que ensinava, Jesus ponderou: “O ensino não é meu, mas daquele que me enviou.”[4]

            Portanto, em se tratando de Doutrina Espírita, Jesus de Nazaré é esse Espírito puro que encarna entre nós para lecionar as Leis Cósmicas e se configura como referência moral máxima que os terrícolas podem almejar como meta espiritual a ser conquistada.

            Adiante, ao estudar a superioridade da natureza de Jesus, Kardec ratifica o entendimento do Rabi como um “um Espírito superior, (...) um dos de ordem mais elevada e colocado, por suas virtudes, muitíssimo acima da humanidade terrestre”[5], reconhecido pelos imensos resultados produzidos pela “sua encarnação neste mundo”[6] E, ao descrever a missão Dele, ressalta-o como um Messias Divino portador de uma tarefa singular, somente confiada por Deus aos seus mensageiros diretos, para o cumprimento dos desígnios celestes.



O que fazer desse saber?

            Costuma dizer um amigo querido, o Prof. Cícero Teixeira, que Natal deve ser considerado como um evento diário, em que é preciso atender ao convite do Divino Amigo para a renovação de nós mesmos. Aproveito a fraterna provocação dele para convidar você, irmão leitor, a pensarmos na possibilidade de após o “corre-corre” da festa em família, que se dedique a alguns minutos de meditação sobre a sua intimidade com Jesus, o modo com que Seus ensinos fazem vibrar as fibras de seu coração.

            Melhor ainda: convide a família, já nos primeiros dias desse ano que se inicia, a realizar semanalmente a reunião do Evangelho no Lar, na simplicidade e diálogo que nela deve vigorar. Leia em conjunto algumas páginas de O Evangelho segundo o Espiritismo, entre uma prece e outra, e nesse período após a leitura se entregue a conversar produtivamente do sentido de Jesus e Sua mensagem em suas vidas. Ore com convicção pelo grupo familiar e pela coletividade.

            Caso estejamos convictos da missão de Jesus e da perspectiva que o Espiritismo tem do Mestre e de seus ensinamentos, procuremos usar esse saber honrando-O, aproveitando as Suas imorredouras lições nas mudanças morais que o momento de transição planetária que estamos a viver nos pede.

            E assim, vivamos todos os dias em Feliz Natal!






[1] Educador, escritor e palestrante espírita. Contatos: vlousada@hotmail.com.
[2] Jo 13:33.
[3] O Livro dos Espíritos, questão 625.
[4] Jo 7:16
[5] A Gênese:, cap. XV, item 2.
[6] Idem.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Espiritualizemos o Natal






Aureci Figueiredo Martins - Porto Alegre,

Festas ruidosas, mundanas, são incompatíveis com o espírito natalino.


Foi numa noite silenciosa e calma que o Governador Espiritual da Terra decidiu nascer numa estrebaria para assim presentear-nos com sua primeira exemplificação: a lição da humildade.
        
Reflitamos! Hoje, decorridos dois milênios, já aprendemos este primeiro ensinamento de Jesus? Já abandonamos a vaidade, essa ridícula filha do orgulho? Já nos conscientizamos de que a verdadeira sabedoria jamais se afasta da humildade?
        
Festejemos, pois, o Natal de Jesus em clima de fraternidade, de amor ao próximo. Busquemos nas pessoas que Deus colocou próximas a nós, especialmente nas mais carentes de luz e de pão, a presença do nosso Irmão Maior, pois que ele nos avisou: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos está preparado desde a criação do mundo, porque (...) todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.”


Fujamos à idolatria que não vai além da contemplação passiva e inoperante; procuremos seguir Jesus em nossa conduta diária, cientes de que ele é o modelo de perfeição moral a que devemos e podemos aspirar.

Natal é festa espiritual.
       
Que possamos comemorá-lo num clima de recolhimento, de prece e de paz.
Feliz Natal!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

NATAL É VIDA

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Eis o Natal que nos bafeja agora,
Trazendo bênçãos de Jesus ao mundo
A distribuir o seu amor fecundo,
Natal que em nós nova esperança aflora.

Quando é Natal o nosso ser se ancora
No amor fraterno, em sentido profundo;
Buscamos paz de segundo a segundo,
Para o nosso planeta que estertora.

Quando é Natal há sempre um canto novo
Que traz Jesus a socorrer o povo,
Povo que nunca Ele deixou a sós.
 
 
Natal é vida que abundante exprime
Lição do céu que transforma e redime,
Se Jesus renascer dentro de nós.

Sebastião Lasneau
(Mensagem psicografada por Raul Teixeira, em 12/11/2011,
durante a reunião do Conselho Federativo
Nacional da FEB, em Brasília-DF)
Distribuição da Federação Espírita Brasileira

sábado, 10 de dezembro de 2011

Caminho da Luz/União Espírita Bageense

Conheça e colabore com essa excelente obra social espírita da cidade de Bagé/RS


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Reconhecerás o verdadeiro espírita...






... não pelas perfeições que mostrará ter;

tampouco pela verbalização de conceitos impecáveis;

nem sequer pela dedicação árdua às tarefas abraçadas.

Reconhecerás, sim, pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas más inclinações[1].

Virtudes expostas podem, algumas vezes, ser máscaras que colocamos ao longo da vida para esconder o que somos dos outros e de nós mesmos.

Conhecimentos teóricos nem sempre são sinais de que sabemos “com todo o nosso ser”, quando não estão internalizados de forma a nortear nossas verdades e escolhas.

O trabalho constitui-se tarefa sublime quando realizado com dedicação, renúncia e a consciência de sua importância e necessidade para o burilamento da alma.

A virtude, a inteligência e o labor são conseqüências de nosso melhoramento, que começa no conhecimento profundo de si mesmo.

Só podemos mudar aquilo que conhecemos de nós.

A sinceridade com nossos erros e dificuldades faz ver mais claramente a realidade em nós e os passos para nossa real transformação.

A perfeição é nossa meta, mas o conhecimento de si mesmo e o esforço por melhorar-se são os meios que nos possibilitarão chegar lá.



Carina Streda
Psicopedagoga Clínica, expositora e evangelizadora
Santo Ângelo/RS



[1] KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Cap.XVII, it.4.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Assista a Semana Temática no Canal TVFERGS

Fundou Jesus alguma religião?

Aureci Figueiredo Martins (Porto Alegre/RS),
articulista e dirigente do IETRD (http://institutoesp.blogspot.com/); 
Bacharel em Direito, aposentado.
 
 
 
“Aceito Cristo e os Evangelhos, todavia não aceito vosso cristianismo. (Ghandi)
Quando mergulhamos na essência da mensagem de Jesus, torna-se-nos evidente a desconformidade das prédicas e práticas adotadas pelas religiões autoproclamadas “cristãs” com os lídimos ensinamentos do Excelso Mestre.

Chego até a pensar que, se Jesus voltasse hoje ao nosso ainda penumbroso plano terrenal, cristão ele não seria. Registre-se de passagem que Jesus era detestado e anatematizado pelos religiosos por não observar as exterioridades do farisaísmo da sua época.

Em parte alguma dos Evangelhos detectei Jesus vestindo paramentos, praticando rituais ou ministrando sacramentos ou quaisquer outras formas de culto exterior. Estas práticas litúrgicas foram criadas a pouco e pouco pelo cristianismo histórico, a partir da declaração, no século IV, do cristianismo como religião oficial do Império Romano pelo imperador e “pontifex maximus”, Constantino. Desde então o cristianismo passou de perseguido a perseguidor e os crimes e desmandos “ad majorem Dei gloriam” cometidos sob a capa da religião mancharam com sangue e lágrimas a história da Humanidade por muitos e muitos séculos.

Se Jesus orava a Deus, como pôde ser confundido com a Divindade? Se assim fosse, teríamos Deus orando para si mesmo? É bom lembrar que o Mestre ensinou-nos a dirigir nossas preces ao “Pai Nosso” e, quando um jovem rico o chamou “Bom Mestre!”, ele respondeu: “Por que me chamais bom?” E concluiu: “Bom só Deus o é!”.

Nas minhas observações, que confesso perfunctórias, não encontrei Jesus fazendo preces de abertura e de encerramento das suas atividades missionárias e quando orava dirigia-se ao Criador em silêncio e profundo recolhimento íntimo, usando expressões que lhe vinham ao coração e à mente naqueles momentos especiais.

Quanto aos chamados “milagres” a ele atribuídos, sabemos hoje que eventos sobrenaturais não podem acontecer, pois que todos os fenômenos que ocorrem, a qualquer tempo ou lugar, são perfeitamente afinados aos mecanismos causais das leis naturais, tão perfeitas e inalteráveis como o legislador que as estabeleceu: Deus. Tanto é assim, que Jesus declarou não ter vindo derrogar a lei, e que tudo o que ele fazia nós também poderíamos fazer...

Relativamente à chamada ressurreição de Lázaro, lê-se que, ao receber a notícia da morte do irmão de Marta e Maria, Jesus teria dito: “Lázaro não está morto; ele dorme”, evidenciando que seu amigo de Betânia estava num estado morte aparente, cataléptico. Quando o corpo morre, o espírito que o animava (alma) desliga-se da carne e, na condição de desencarnado, continua mais vivo do que antes.

Lê-se na pergunta 625 d’O Livro dos Espíritos: - Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? Resposta - “Vede Jesus.” E Kardec comenta – “Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque, sendo ele o mais puro de quantos têm aparecido na Terra, o Espírito Divino o animava”.

Penso, concluindo, que Jesus não fundou religião alguma, pois que o Excelso Mestre, ao proclamar a libertação pelo conhecimento, estabeleceu as bases de uma filosofia vivencial espiritualizada, que impele a cada um de seus seguidores pelas trilhas luminosas do autoconhecimento, base da crença raciocinante que os induz a sempre crescente progresso intelectual e moral, sustentáculo da conduta reta e fraterna que se reflete positivamente na coletividade humana, encarnada e desencarnada.

Feliz Natal!
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sábado, 3 de dezembro de 2011

ANDRÉ LUIZ E A CIDADE “NOSSO LAR”



P – Poderíamos falar sobre o livro “Nosso Lar”, por exemplo, sobre as realidades do livro, sobre a distância da Colônia, sobre alguma coisa das belezas do Nosso Lar?



CHICO XAVIER – A literatura mediúnica em outros países atesta a existência de outras cidades semelhantes a Nosso Lar, uma das comunidades no chamado Espaço Brasileiro.


Quando estávamos recebendo, mediunicamente, o primeiro livro de André Luiz, que traz esse título, impressionamo-nos vivamente com respeito ao assunto, porque a nossa perplexidade era indisfarçável e, sendo o nosso assombro um motivo para perturbar a recepção do livro, o nosso André Luiz promoveu, em determinada noite, a nossa ausência do corpo físico para observar alguns aspectos, os aspectos mais exteriores, da chamada cidade “Nosso Lar”. Mundo novo que somos chamados a perceber, a estudar, porque se relaciona com o futuro de cada um de nós. Ainda que não sejamos acolhidos na referida colônia, outros lares nos esperam após a desencarnação.

Isso é muito importante.


Há muita gente que considera esse assunto demasiadamente remoto para que venhamos a nos preocupar com ele.

Entretanto, na lógica terrestre, somos obrigados a cuidar dos estoques de determinados materiais – gasolina, óleo, medicamento, cereais. Se nos interessamos por isso, no trânsito sobre a Terra, por que admitir por ocioso esse tema da espiritualidade que nos espera inevitavelmente a todos?


O Espírito de André Luiz, registrando-nos o espanto, porquanto a estranheza era enorme da parte dos companheiros de Pedro Leopoldo e Belo Horizonte, aos quais mostrávamos as páginas em andamento, teve o cuidado de mostrar-nos determinada faixa de Nosso Lar, onde jaziam centenas de irmãos hospitalizados, ocupando a atenção de médicos, de instrutores, enfermeiras, sacerdotes e pastores das diversas religiões.Devemos assinalar esse fato, de vez que, freqüentemente, depois da morte são obrigados a compartilhar-nos crenças e concepções com respeitos às verdades eternas do espírito, quando a caridade de Nosso Senhor Jesus Cristo nos espera a todos, quanto a discernimento e compreensão.


Cada criatura, nessa cidade, é chamada gradativamente para um estado mais amplo de entendimento. Nosso Lar é o retrato de muitas das colônias que nos aguardam, mas não é propriamente o retrato único, porque possuímos, além da Terra, além da vida física, muitas e muitas cidades de natureza superior e outras de natureza inferior a que chegaremos, inevitavelmente, segundo as nossas escolhas e méritos neste mundo.


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 Entrevista concedida por Chico Xavier à Sra. Guiomar Albanesi, no Centro Espírita Perseverança, São Paulo, Capital, em Outubro de 1974. Livro: “A Terra e o Semeador” – Psicografia de Francisco C. Xavier – Espírito Emmanuel

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Transição Planetária - XII Semana Temática Dias da Cruz


Local:

Centro Espírita de Caridade Dias da Cruz - Rua Saldanha Marinho, 526 - 99010-062 - 3311-4419 - Passo Fundo RS

Acesse o hotsite: http://www.diasdacruz.org.br/semanatematica/

domingo, 20 de novembro de 2011

Esforça-te - Vinícius Lousada


A existência humana tem como objetivo essencial a conquista dos valores que se encontram adormecidos no cerne do Espírito. - Joanna de Ângelis[1]

Assomam-se as dificuldades em teu caminho e as lutas que tens travado na conquista de uma vida melhor parecem todas frustradas pelo mundo. O desânimo se acerca de teu coração e te sentes inclinado a desistir de teus melhores anelos.
Medita no sentido de perceberes que as demandas existenciais que nos movem são inerentes à etapa evolutiva em que nos encontramos, sendo necessárias à desacomodação em nós mesmos, tendo em conta que o trabalho e o progresso são Leis de Deus.
Reflete que trabalhando continuamente em torno das realizações felizes és instado a progredir, determinismo divino ao qual todos estamos atrelados. Somos vocacionados à plenitude e sua conquista é resultado de luta mesmo.
As reencarnações sucessivas, com as provas e expiações que nos reservam no campo das vivências, se vividas com sabedoria nos promovem na escala espírita. A cada reencarnação cabe ao Espírito galgar novo patamar ascensional, vencendo-se.
Portanto, se identificas que as dificuldades se assomam a tua frente obstando o teu caminho e as edificações felizes por ti sonhadas tardam a se realizar, pensa a respeito, adotando o paradigma do aprendiz atento às lições da escola terrestre.
            Incompreensões na família constituem-se em desafio à exemplificação a fim de que apresentemos aos familiares a face da compreensão, na vivência de uma abertura ética à esse outro diferente de nós que, também, tem as suas lutas.
            A carência material não é motivo de se colocar na condição de quem tudo pode exigir de instituições e pessoas, mas desafio à superação de si mesmo para a aprendizagem da cooperação, onde nos fazemos ricos de criatividade e empenho pessoal em prol de dias melhores.
            A riqueza não se configura em decreto divino que autoriza o mandonismo ou a humilhação dos mais simples. É empréstimo de Deus para que o indivíduo colabore com o equilíbrio social, oportunizando aos necessitados trabalho e educação.
            A enfermidade, em hipótese alguma, pode ser definida como castigo dos Céus. Ela é a amiga da saúde integral convidando-nos à cura mediante autoiluminação.
            A ausência de trabalho ou o excesso dele são indicadores interessantes para a aprendizagem da disciplina, sem a qual não comandamos os impulsos primitivos e perdemos as mais expressivas oportunidades de melhoramento.
            A dor moral é uma benfeitora que nos alerta com veemência a necessidade de novos rumos para o Espírito.
            Os momentos de solidão são horas a serem aplicadas na meditação analítica de nosso mundo íntimo.
            A falta do amor de outrem é convite à solidariedade junto à grande família humana. E os adversários são mestres do silêncio e da perseverança.
            Ao dar-nos outro olhar sobre a vida, o Espiritismo no convida a perseverar no esforço reto sem nos deixarmos paralisar perante os desafios de cada instante.
            Com retidão de caráter, forjada na têmpera das lutas e no amadurecimento do senso moral que elas ensejam, prossegue esforçando-te porque o que Deus julga útil para ti isso conquistarás.
            Lembra-te de Jesus, mais uma vez a dizer-nos: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á.”[2]
            Portanto, alma amiga, prossegue em teus esforços.



[1] FRANCO, Divaldo P. Entrega-te a Deus. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Catanduva: Intervidas, 2010, p. 68.
[2] Mateus 7:7.