O primeiro período do Espiritismo, caracterizado pelas mesas girantes, foi o da curiosidade. o segundo foi o período filosófico, marcado pelo aparecimento do Livro dos Espíritos. Desde esse momento o Espiritismo tomou um caráter completamente outro. Foram entrevistos o objetivo e a extensão, bebendo-se a fé e a consolação; e a rapidez de seu progresso foi tal que nenhuma outra doutrina filosófica ou religiosa oferece outro exemplo. Mas, como todas as idéias novas, teve adversários tanto mais encarniçados quanto maior era a idéia, porque nenhuma idéia grande pode estabelecer-se sem ferir interesses. É preciso que se situe, e as pessoas deslocadas não podem vê-la com bons olhos. Depois, ao lado das pessoas Interessadas estão os que, por sistema, sem motivos precisos, são adversários natos de tudo quanto é novo.
Nos primeiros anos, muitos duvidaram de sua vitalidade, razão por que lhe deram pouca atenção. Mas quando o viram crescer, a despeito de tudo, propagar-se em todas as camadas da sociedade e em todas as partes do mundo, tomar o seu lugar entre as crenças e tornar-se uma potência pelo número de seus aderentes, os interessados na manutenção das idéias antigas alarmaram-se seriamente.
Então uma verdadeira cruzada foi dirigida contra ele, dando Inicio ao período da luta, do qual o auto-de-fé de Barcelona, a 9 de outubro de 1860, foi, de certo modo, o sinal. Até aí ele tinha sido objeto dos sarcasmos da incredulidade, que ri de tudo, sobretudo daquilo que não compreende, mesmo das coisas mais santas, e aos quais nenhuma idéia nova pode escapar. É o seu batismo do trópico. Mas os outros não riem: olham-no com cólera, sinal evidente e característico da importância do Espiritismo. Desde esse momento os ataques tomaram um caráter de violência incrível. Foi dada a palavra de ordem: sermões furibundos, mandamentos, anátemas, excomunhões, perseguições individuais, livros, brochuras, artigos de jornais, nada foi poupado, nem mesmo a calúnia.
Estamos, pois, em pleno período de luta, mas este não terminou. Vendo a inutilidade dos ataques a céu aberto, vão ensaiar a guerra subterrânea, que se organiza e já começa. Uma calma aparente vai ser sentida, mas é a calma precursora da tempestade; mas também à tempestade sucede o tempo sereno.
Espíritas, não vos inquieteis, porque a saída não é duvidosa; a luta é necessária e o triunfo será mais brilhante. Disse e repito: vejo o fim; sei quando e como será atingido. Se vos falo com tal segurança é que para tanto tenho razões, sobre as quais a prudência manda que me cale; mas as conhecereis um dia. Tudo quanto vos posso dizer é que poderosos auxiliares virão para fechar a boca a mais de um detrator. Entretanto a luta será viva e se, no conflito, houver vítimas de sua fé, que estes se rejubilem, como o faziam os primeiros mártires cristãos, dos quais muitos estão entre vós, para vos encorajar e dar exemplos que se lembrem destas palavras do Cristo:
“Felizes os que sofrem perseguição por amor à justiça, porque deles é o reino dos céus. Sereis felizes quando os homens vos carregarem de maldições, e vos perseguirem e falsamente disserem todo mal contra vós por minha causa. Rejubilai-vos então e tremei de alegria, porque uma grande recompensa vos está reservada nos céus. Porque assim eles perseguiram os profetas que vieram antes de vós.” (Mat. VI: 10-12).
Estas palavras não parecem ter sido ditas para os Espíritas de hoje, como para os apóstolos de então? E que as palavras do Cristo têm isto de particular: são para todos os tempos, porque sua missão era para o futuro, como para o presente.
A luta determinará uma nova fase do Espiritismo e levará ao quarto período, que será o período religioso. Depois virá o quinto, penado intermediário, conseqüência natural do precedente e que, mais tarde, receberá sua denominação característica. O sexto e último período será o da regeneração social, que abrirá a era do século vinte. Nessa época todos os obstáculos à nova ordem de coisas queridas por Deus, para a transformação da terra, terão desaparecido. A geração que surge, imbuída das idéias novas, estará em toda a sua força e preparará o caminho da que deve inaugurar a vitória definitiva da união, da paz e da fraternidade entre os homens, confundidos numa mesma crença, pela prática da lei evangélica. Assim serão verificadas as palavras do Cristo, pois todas devem ter cumprimento nesta hora, porque os tempos preditos são chegados. Mas é em vão que, tomando a figura pela realidade, buscais sinais no céu: esses sinais estão ao vosso lado e surgem de toda parte.
É notável que as comunicações dos Espíritos tenham tido em cada período um caráter especial: no primeiro eram frívolas e levianas; no segundo foram graves e instrutivas; desde o terceiro eles pressentiram a luta e suas várias peripécias. A maior parte das que se obtêm hoje nos diversos centros têm por objeto premunir os adeptos contra as manobras de seus adversários. Assim, por toda a parte são dadas instruções a este respeito, como por toda parte é anunciado um resultado idêntico. Esta coincidência, sobre este ponto de vista, como sobre muitos outros, não é um dos fatos menos significativos. A situação se acha completamente resumida nas duas comunicações seguintes, cuja verdade muitos Espíritas já reconheceram.
Nos primeiros anos, muitos duvidaram de sua vitalidade, razão por que lhe deram pouca atenção. Mas quando o viram crescer, a despeito de tudo, propagar-se em todas as camadas da sociedade e em todas as partes do mundo, tomar o seu lugar entre as crenças e tornar-se uma potência pelo número de seus aderentes, os interessados na manutenção das idéias antigas alarmaram-se seriamente.
Então uma verdadeira cruzada foi dirigida contra ele, dando Inicio ao período da luta, do qual o auto-de-fé de Barcelona, a 9 de outubro de 1860, foi, de certo modo, o sinal. Até aí ele tinha sido objeto dos sarcasmos da incredulidade, que ri de tudo, sobretudo daquilo que não compreende, mesmo das coisas mais santas, e aos quais nenhuma idéia nova pode escapar. É o seu batismo do trópico. Mas os outros não riem: olham-no com cólera, sinal evidente e característico da importância do Espiritismo. Desde esse momento os ataques tomaram um caráter de violência incrível. Foi dada a palavra de ordem: sermões furibundos, mandamentos, anátemas, excomunhões, perseguições individuais, livros, brochuras, artigos de jornais, nada foi poupado, nem mesmo a calúnia.
Estamos, pois, em pleno período de luta, mas este não terminou. Vendo a inutilidade dos ataques a céu aberto, vão ensaiar a guerra subterrânea, que se organiza e já começa. Uma calma aparente vai ser sentida, mas é a calma precursora da tempestade; mas também à tempestade sucede o tempo sereno.
Espíritas, não vos inquieteis, porque a saída não é duvidosa; a luta é necessária e o triunfo será mais brilhante. Disse e repito: vejo o fim; sei quando e como será atingido. Se vos falo com tal segurança é que para tanto tenho razões, sobre as quais a prudência manda que me cale; mas as conhecereis um dia. Tudo quanto vos posso dizer é que poderosos auxiliares virão para fechar a boca a mais de um detrator. Entretanto a luta será viva e se, no conflito, houver vítimas de sua fé, que estes se rejubilem, como o faziam os primeiros mártires cristãos, dos quais muitos estão entre vós, para vos encorajar e dar exemplos que se lembrem destas palavras do Cristo:
“Felizes os que sofrem perseguição por amor à justiça, porque deles é o reino dos céus. Sereis felizes quando os homens vos carregarem de maldições, e vos perseguirem e falsamente disserem todo mal contra vós por minha causa. Rejubilai-vos então e tremei de alegria, porque uma grande recompensa vos está reservada nos céus. Porque assim eles perseguiram os profetas que vieram antes de vós.” (Mat. VI: 10-12).
Estas palavras não parecem ter sido ditas para os Espíritas de hoje, como para os apóstolos de então? E que as palavras do Cristo têm isto de particular: são para todos os tempos, porque sua missão era para o futuro, como para o presente.
A luta determinará uma nova fase do Espiritismo e levará ao quarto período, que será o período religioso. Depois virá o quinto, penado intermediário, conseqüência natural do precedente e que, mais tarde, receberá sua denominação característica. O sexto e último período será o da regeneração social, que abrirá a era do século vinte. Nessa época todos os obstáculos à nova ordem de coisas queridas por Deus, para a transformação da terra, terão desaparecido. A geração que surge, imbuída das idéias novas, estará em toda a sua força e preparará o caminho da que deve inaugurar a vitória definitiva da união, da paz e da fraternidade entre os homens, confundidos numa mesma crença, pela prática da lei evangélica. Assim serão verificadas as palavras do Cristo, pois todas devem ter cumprimento nesta hora, porque os tempos preditos são chegados. Mas é em vão que, tomando a figura pela realidade, buscais sinais no céu: esses sinais estão ao vosso lado e surgem de toda parte.
É notável que as comunicações dos Espíritos tenham tido em cada período um caráter especial: no primeiro eram frívolas e levianas; no segundo foram graves e instrutivas; desde o terceiro eles pressentiram a luta e suas várias peripécias. A maior parte das que se obtêm hoje nos diversos centros têm por objeto premunir os adeptos contra as manobras de seus adversários. Assim, por toda a parte são dadas instruções a este respeito, como por toda parte é anunciado um resultado idêntico. Esta coincidência, sobre este ponto de vista, como sobre muitos outros, não é um dos fatos menos significativos. A situação se acha completamente resumida nas duas comunicações seguintes, cuja verdade muitos Espíritas já reconheceram.
(Texto de Allan Kardec na Revista Espírita de julho de 1863)