domingo, 26 de julho de 2009

Passaporte para a Vida


Senhor, eu gostaria de ser uma via Láctea de estrelas
Para nas horas de amarguras, poder a todas vê-las.
Na impossibilidade de ser um dossel de astros
Permite que eu seja um pirilampo na noite escura
Diminuindo na alma torva de alguém o peso da amargura.
Eu gostaria, senhor, de ser a chuva generosa
Que se abatesse sobre a terra ingrata de forma e de benção formosa
Para reverdecer o chão e dar alegria aos que sofrem amargurados no coração
Na impossibilidade de atender toda a aridez
Deixa-me pelo menos ser um copo de água fria
Para diminuir a angústia de quem padece na agonia
Dando-lhe um pouco de alento para continuar.
Eu gostaria de ser uma montanha altaneira
Para ter uma visão da terra inteira
E poder viver da emoção de amar
No entanto, na minha própria pequenez eu te digo por uma vez
Deixa-me ser, pelo menos, a pedra que faz o piso
Para diminuir no chão o lodaçal
E ajudar o herói que caminha estóico na busca de um outro fanal.
Eu queria ser uma escada
Que ajudasse os legionários do bem a subir às alturas
Mas na impossibilidade de lograr o tentame
Deixa-me ser, pelo menos, o primeiro degrau
Eu sei que os ajudando no primeiro passo eles lograrão o espaço
E folgarão a felicidade do bem.
Eu gostaria, Senhor, de ser o jardim abençoado
Para reverdecer a terra e fazer dela todo um tapete de alegrias
Para aqueles que perdem na amargura seus dias
Mas na impossibilidade de logra-lo
Eu te peço ser uma rosa solitária na frija da rocha
Para dar beleza à agrura da negra montanha
Para aquele que galga na procura de um lugar de segurança e de ufania.
Eu queria... eu queria, Senhor, ser um trigal maduro
Para me transformar em pão, diminuir a fome do mundo
E acabar, na Terra, com a mensagem triste da desolação
Mas porque reconheço minha pequenez
Eu te peço que me transformes num grão de trigo
Para iniciar o mister e um dia atingir a honra e a glória de servir.
Senhor, eu gostaria de seu o irmão
Daquele que marcha a sós na ventania
Alongar os meus olhos, de estender as minhas mãos
Acompanha-lo a sombra de uma árvore gentil na estrada da soledade
E quando ele me perguntasse: - Quem és?
E respondesse: - Sou teu amigo! Dá-me a tua mão
Quero seguir contigo! Sou teu irmão. Venci a morte. Tenho o passaporte para a vida
Estou a teu lado alma querida
Deixa-me seguir contigo. Estou a teu lado.

Prece proferida por Divaldo Pereira Franco na palestra “Passaporte para a Vida” (LEAL)

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Férias da Sociedade Espírita de Paris


(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, 1º DE AGOSTO DE 1862 - MÉDIUM: SR. E. VEZY)

Ides, pois, separar-vos por algum tempo, mas os bons Espíritos estarão sempre com os que lhes pedirem auxilio e apoio.

Se cada um de vós deixa a mesa do mestre, não é apenas para exercício ou repouso, mas ainda para servir, onde quer que vos espalheis, à grande causa humanitária, sob a bandeira a cujo abrigo vos pusestes.

Bem compreendeis que para o espírita fervoroso não há horas designadas para o estudo; toda a sua vida não é mais que uma hora, e ainda demasiado curta para o trabalho a que se dedica: o desenvolvimento intelectual das raças humanas!

Os galhos não se destacam do tronco porque deste se afastem: ao contrário, dão lugar a novos impulsos que os unem e os solida­rizam.

Aproveitai estas férias que vão espalhar-vos, para vos tomardes ainda mais fervorosos, a exemplo dos Apóstolos do Cristo: saí deste cenáculo fortes e corajosos; que vossa fé e as boas obras liguem em torno de vós milhares de crentes, que abençoarão a luz que espalhareis em vosso redor.

Coragem! Coragem! No dia do encontro, quando a auriflama do Espiritismo vos chamar ao combate e se desdobrar sobre vossas cabeças, que cada um tenha em volta de si os adeptos que houver formado sob sua bandeira, e os bons Espíritos dirão o seu número e o levarão a Deus!
Não durmais, pois, Espíritas, à hora da sesta: velai e orai! Já vos disse e outras vozes vo-lo repetirão, soa o relógio dos séculos, uma vibração retine, chamando os que se acham na noite. Infelizes dos que não a quiserem escutar!

Espíritas! Ide despertar os adormecidos e dizei-lhes que vão ser surpreendidos pelas vagas do mar que sobe em rugidos surdos e terríveis; ide dizer-lhes que escolham um lugar mais iluminado e mais sólido, porque eis que os astros declinam e a natureza inteira se move, treme, agita-se!...

Mas após as trevas eis a luz; e aqueles que não tiverem querido ver e ouvir imigrarão naquela hora para mundos inferiores, a fim de expiar e esperar longamente, mui longamente, os novos astros que devem elevar-se e os esclarecer, E o tempo lhes parecerá eternidade, pois não lobrigarão o término de suas penas, até o dia em que começarem a crer e compreender.

Espíritas, não mais vos chamarei crianças, mas homens, ho­mens valentes e corajosos! Soldados da nova fé, combatei va­lentemente; armai o braço com a lança da caridade e cobri o corpo com o escudo do amor. Entrai na liça! Alerta! Alerta! Calcai aos pés o erro e a mentira e estendei a mão aos que vos perguntarem: “Onde está a luz?” Dizei-lhes que os que marcham guiados pela estrela do Espiritismo não são pusilânimes, que se não deslumbrem com miragens e não aceitem como leis senão aquilo que ordena a razão fria e sã; que a caridade é a sua divisa e que não se despojem por seus irmãos senão em nome da solidariedade universal e nunca para ganharem um paraíso, que sabem muito bem que não podem possuir senão quando tiverem expiado bastante!... Que conheçam a Deus e que, antes de tudo, saibam que ele é imutável em sua justiça, e, consequentemente, não pode perdoar uma vida de faltas acumuladas por um segundo de arrependimento, como não pode punir uma hora de sacrilégio por uma eternidade de suplício! ...

Sim, espíritas! Contai os anos de arrependimento pelo número das estrelas; mas a idade de ouro virá para aquele que tiver sabido contá-los.
Ide, pois, trabalhadores e soldados e que cada um volte com a pedra ou o seixo que deve auxiliar a construção do novo edifício. Em verdade vos digo, desta vez não mais tereis que temer a confusão, posto que, querendo elevar ao céu a torre que o coroará: ao contrário, Deus estenderá a sua mão no vosso caminho, a fim de vos abrigar das tempestades.

Eis a segunda hora do dia, eis os servidores que vêm de novo da parte do Mestre procurar trabalhadores: vós, que estais desocupados, vinde e não espereis a última hora!...

SANTO AGOSTINHO

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Contribuição mediúnica na difusão do Esperanto


Pelo Espírito Francisco Valdomiro Lorenz
(Médium Francisco C. Xavier)

Estranha-se comumente a atitude de muitos estudiosos desencarnados, recomendando, através de canais mediúnicos, o estudo da língua internacional.


Decerto que o Esperanto não é disciplina religiosa, mas fascinante chave de percepção, descortinando filões inesgotáveis de cultura superior.


Facilitar o entendimento é ato de caridade, e construir o futuro é serviço de confiança.


Qualquer viagem, além das fronteiras em que nos desenvolvemos no torrão de berço, exige
preparação.


É inútil providenciar passaporte em favor de um analfabeto para inspeção demorada aos cursos da Universidade de Paris, tanto quanto desagradável colocar alguém nas telas maravilhosas do inverno suíço sem um trapo de lã.


Aprender Esperanto, ensiná-lo, praticá-lo e divulgá-lo é contribuir para a edificação do Mundo Unido.


(Trecho extraido do livro "O Esperanto como Revelação")

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Enobrecimento do Movimento Espírita


Silvio Seno Chibeni

O Espiritismo representa um patrimônio intelectual de alto valor. Comprova, por meio de suas investigações científicas, a natureza espiritual e imortal do ser humano e as leis que regulam sua evolução. Elaborado filosoficamente, esse conhecimento possibilita a fundamentação de um corpo de princípios morais capazes de colocar o homem no caminho seguro de sua felicidade. Um exame do Movimento Espírita atual revela, no entanto, que ainda falta muito para que a atuação espírita reflita, de forma mais fiel e completa, a nobreza do Espiritismo. Os objetivos do Movimento - estudo, desenvolvimento, divulgação e vivência do Espiritismo - encontram-se parcialmente comprometidos por aberrações da prática espírita, propagação de teses incompatíveis com os fundamentos teóricos do Espiritismo, divulgação de material de má qualidade, assim como pelas polêmicas irracionais, pelos ataques a pessoas e instituições, e, de um modo geral, por comportamentos anti-fraternos entre os próprios espíritas.

Nós, espíritas, precisamos fazer uma reflexão isenta, madura e aprofundada sobre essa situação, contribuindo para que o Movimento se torne verdadeiramente digno do Espiritismo. Apresentamos em seguida algumas sugestões preliminares para direcionar essa reflexão.

Aspectos Intelectuais:

1. Preservação do núcleo teórico espírita. O Espiritismo, como toda disciplina científica, tem um núcleo de princípios teóricos básicos que fornece os elementos essenciais para a explicação dos fenômenos de que a teoria trata. Esse núcleo foi estabelecido por Allan Kardec. É em torno desse núcleo que o natural desenvolvimento da teoria deve realizar-se, por complementações e ajustes na parte menos central da malha teórica. Estudar, divulgar e priorizar as obras básicas de Allan Kardec, eis nossa diretriz metodológica central.

2. Tolerância intelectual. Por definição, o espírita é alguém que, recorrendo à evidência racional e experimental fornecidas pelo Espiritismo, já se convenceu acerca da verdade dos aludidos princípios básicos. No entanto, à semelhança do que ocorre com as disciplinas acadêmicas, o Espiritismo tem áreas de fronteira, onde estão se dando os desenvolvimentos teóricos. Nessas áreas há, naturalmente, questões ainda não resolvidas, que aguardam o concurso do tempo e dos esforços de pesquisa para o seu esclarecimento. Faz parte essencial de toda atividade de pesquisa, tanto na ciência como na filosofia, a pluralidade de vistas acerca dessas questões em aberto. Sem tolerância intelectual, a criatividade científica e filosófica ficaria impedida de contribuir para o avanço das disciplinas. No meio espírita, há que se cultivar essa tolerância, aprendendo-se a conviver pacífica e construtivamente com opiniões divergentes acerca de problemas teóricos periféricos. O direito ao livre exame deve ser respeitado sempre.

3. Prudência intelectual. Por outro lado, as pesquisas nas áreas de fronteira devem ser conduzidas com grande prudência e equilíbrio, a exemplo do que fez Kardec, a fim de que o desenvolvimento teórico assente em bases seguras. Muitas das questões debatidas no Movimento revelam-se, à luz de análises filosóficas rigorosas, serem questões mal formuladas, que não são, portanto, passíveis de solução. Quanto às genuínas, seu esclarecimento é importante, porém não apressado. Temos de ser pacientes intelectualmente, e não apenas em nossa vida comum. O máximo cuidado deve ser exercido para se separar aquilo que já possui evidência cabal daquilo que constitui mera especulação ou opinião pessoal. A exemplo dos fundadores de nossa tradição intelectual, os filósofos gregos da Antigüidade, devemos isentar nossas investigações de qualquer interesse pessoal; o único interesse legítimo deve ser a busca da verdade como um fim em si.

Aspectos Morais:

4. Fraternidade. Nenhum espírita poderia, sob pena de agir de forma incompatível com seu conhecimento, resvalar para o campo da ironia, da indiferença, da discriminação, e muito menos da inveja, do ciúme, da rudeza e da calúnia contra quem quer que seja, e especialmente contra companheiros de ideal espírita. A necessidade de uma elevação no padrão comportamental espírita é imperiosa e urgente, para que o valioso patrimônio intelectual de que somos guardiães não seja dilapidado. Embora a correção de nossos velhos hábitos não seja tarefa fácil, a abstenção de agir com animosidade e desamor relativamente aos espíritas que não pensam exatamente como nós está ao alcance de todos, com um pouco de reflexão e esforço. Fraternidade já! Paz no Movimento Espírita! Tratar todo e qualquer espírita como um irmão querido, independentemente de existir ou não divergências entre suas idéias e ações e as deles; perdoar unilateralmente toda ofensa recebida; exercitar a indulgência. Esses são nossos lemas morais de aplicação urgente.

5. Sinceridade. A falta de sinceridade é um dos fatores mais danosos ao relacionamento humano. Especialmente aqueles que partilham um ideal superior, como nós os espíritas, temos de ser inteiramente transparentes relativamente às nossas preocupações, motivos e intenções. Cada um poderá, assim, agir com maior segurança, e os projetos coletivos poderão ser desenvolvidos com racionalidade e previsibilidade. Deve inspirar-nos aqui o exemplo de Paulo de Tarso, que adotou para si essa regra de conduta e esforçou-se sempre para que vigorasse na comunidade cristã.

6. Humildade. Complemento indispensável a essa regra de transparência é a humildade com que devemos receber toda apreciação de nossas idéias e atos partida de co-idealistas que interagem conosco com espírito de sinceridade plena. Partindo do fato inconteste de nossas imensas limitações intelectuais e morais, devemos receber as opiniões de nossos companheiros de doutrina com atenção e tranqüilidade, aproveitando-as no que tiverem de bom para o aperfeiçoamento de nós próprios e de nossa obra coletiva. Quanto ao que não houver consenso, confiemos no concurso do tempo e do desenvolvimento natural do conhecimento espírita para o devido esclarecimento. Temos suficientes pontos em comum para nos unir. Melindre nunca! Eis outro princípio fundamental para aplicação imediata.

Sugestões de leitura:
Sobre os primeiros tempos do Movimento Espírita e a postura de Kardec diante de suas dificuldades:• Thiesen, F. e Wantuil. Z. Allan Kardec (3 vols.) 1ª ed., Rio, FEB, 1979/80.• Kardec, A. Obras Póstumas. Trad. L. O. Guillon Ribeiro, 18ª ed., Rio, FEB, 1981.• -----. Viagem Espírita em 1862. Trad. W. L. Rodrigues, 2ª ed., Matão, O Clarim, 1981.
Sobre o cuidado com as publicações espíritas:• Kardec, A. "Deve-se publicar tudo o que dizem os Espíritos?" Revista Espírita, novembro 1859.• -----. "Exame das comunicações mediúnicas que nos são endereçadas" Revista Espírita, maio 1863.• Cintra, J. C. A. e Castilho, J. A. "Deve-se publicar tudo? E divulgar tudo o que se publica?" Reformador, abril de 1988, pp. 104-106.• Nazareth, J. Z. "Critérios de seleção e divulgação do livro espírita" Anuário Espírita 2002, pp. 17-21.
Sobre a ciência espírita, suas relações com as ciências acadêmicas e suas implicações morais:• Chibeni, S. S. "A excelência metodológica do Espiritismo", Reformador, novembro de 1988, pp. 328-333, e dezembro de 1988, pp. 373-378.• -----. "O paradigma espírita", Reformador, junho de 1994, pp. 176-80.• -----. "O Espiritismo em seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso", Reformador, agosto 2003, pp. 315-319, setembro 2003, pp. 356-359, outubro 2003, pp. 397-399.
Sobre a nossa condição de espírita:• Chibeni, S. S. "Ser espírita", Mundo Espírita, julho 2003, caderno especial.
Sobre as personalidades e missões singulares de Francisco Cândido Xavier e Yvonne Pereira, bem como suas relações de estima e colaboração com instituições espíritas que desempenharam papel histórico importante na consolidação e preservação do Espiritismo:• Schubert, S. C. Testemunhos de Chico Xavier. 1ª Ed., Rio, FEB, 1986.• Pereira, Y. A. À Luz do Consolador. 1ª ed., Rio, FEB, 1997.