segunda-feira, 20 de julho de 2009

Férias da Sociedade Espírita de Paris


(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS, 1º DE AGOSTO DE 1862 - MÉDIUM: SR. E. VEZY)

Ides, pois, separar-vos por algum tempo, mas os bons Espíritos estarão sempre com os que lhes pedirem auxilio e apoio.

Se cada um de vós deixa a mesa do mestre, não é apenas para exercício ou repouso, mas ainda para servir, onde quer que vos espalheis, à grande causa humanitária, sob a bandeira a cujo abrigo vos pusestes.

Bem compreendeis que para o espírita fervoroso não há horas designadas para o estudo; toda a sua vida não é mais que uma hora, e ainda demasiado curta para o trabalho a que se dedica: o desenvolvimento intelectual das raças humanas!

Os galhos não se destacam do tronco porque deste se afastem: ao contrário, dão lugar a novos impulsos que os unem e os solida­rizam.

Aproveitai estas férias que vão espalhar-vos, para vos tomardes ainda mais fervorosos, a exemplo dos Apóstolos do Cristo: saí deste cenáculo fortes e corajosos; que vossa fé e as boas obras liguem em torno de vós milhares de crentes, que abençoarão a luz que espalhareis em vosso redor.

Coragem! Coragem! No dia do encontro, quando a auriflama do Espiritismo vos chamar ao combate e se desdobrar sobre vossas cabeças, que cada um tenha em volta de si os adeptos que houver formado sob sua bandeira, e os bons Espíritos dirão o seu número e o levarão a Deus!
Não durmais, pois, Espíritas, à hora da sesta: velai e orai! Já vos disse e outras vozes vo-lo repetirão, soa o relógio dos séculos, uma vibração retine, chamando os que se acham na noite. Infelizes dos que não a quiserem escutar!

Espíritas! Ide despertar os adormecidos e dizei-lhes que vão ser surpreendidos pelas vagas do mar que sobe em rugidos surdos e terríveis; ide dizer-lhes que escolham um lugar mais iluminado e mais sólido, porque eis que os astros declinam e a natureza inteira se move, treme, agita-se!...

Mas após as trevas eis a luz; e aqueles que não tiverem querido ver e ouvir imigrarão naquela hora para mundos inferiores, a fim de expiar e esperar longamente, mui longamente, os novos astros que devem elevar-se e os esclarecer, E o tempo lhes parecerá eternidade, pois não lobrigarão o término de suas penas, até o dia em que começarem a crer e compreender.

Espíritas, não mais vos chamarei crianças, mas homens, ho­mens valentes e corajosos! Soldados da nova fé, combatei va­lentemente; armai o braço com a lança da caridade e cobri o corpo com o escudo do amor. Entrai na liça! Alerta! Alerta! Calcai aos pés o erro e a mentira e estendei a mão aos que vos perguntarem: “Onde está a luz?” Dizei-lhes que os que marcham guiados pela estrela do Espiritismo não são pusilânimes, que se não deslumbrem com miragens e não aceitem como leis senão aquilo que ordena a razão fria e sã; que a caridade é a sua divisa e que não se despojem por seus irmãos senão em nome da solidariedade universal e nunca para ganharem um paraíso, que sabem muito bem que não podem possuir senão quando tiverem expiado bastante!... Que conheçam a Deus e que, antes de tudo, saibam que ele é imutável em sua justiça, e, consequentemente, não pode perdoar uma vida de faltas acumuladas por um segundo de arrependimento, como não pode punir uma hora de sacrilégio por uma eternidade de suplício! ...

Sim, espíritas! Contai os anos de arrependimento pelo número das estrelas; mas a idade de ouro virá para aquele que tiver sabido contá-los.
Ide, pois, trabalhadores e soldados e que cada um volte com a pedra ou o seixo que deve auxiliar a construção do novo edifício. Em verdade vos digo, desta vez não mais tereis que temer a confusão, posto que, querendo elevar ao céu a torre que o coroará: ao contrário, Deus estenderá a sua mão no vosso caminho, a fim de vos abrigar das tempestades.

Eis a segunda hora do dia, eis os servidores que vêm de novo da parte do Mestre procurar trabalhadores: vós, que estais desocupados, vinde e não espereis a última hora!...

SANTO AGOSTINHO