quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

9º ENCONTRO NACIONAL DA LIGA DE PESQUISADORES DO ESPIRITISMO



Tema Central: “Espiritismo e Ciência”

24 e 25 de agosto de 2013

São Paulo-SP







CHAMADA DE TRABALHOS

Apresentação


O Encontro Nacional da Liga de Pesquisadores do Espiritismo (ENLIHPE) é um espaço privilegiado no contexto brasileiro para apresentação e discussão de propostas e trabalhos de investigação científica sobre a temática espírita. O sucesso alcançado nos anos anteriores tem atraído pesquisadores de todo o Brasil, interessados na divulgação e discussão de seus estudos.


Um dos diferenciais do ENLIHPE é o seu formato, o qual incentiva a formação de redes de pesquisa e promove a aproximação de estudiosos de diferentes áreas do conhecimento.


SUBMISSÃO DE TRABALHOS


Áreas de conhecimento

Os trabalhos poderão ser ofertados em todas as áreas do conhecimento:

Instruções aos autores

A data final para submissão de trabalhos é 15 de maio de 2013. A confirmação do recebimento e o parecer da Comissão Científica sobre o artigo serão enviados eletronicamente ao e-mail do remetente.

A avaliação será feita utilizando-se o sistema Double Blind Review, no qual o trabalho é avaliado anonimamente por 2 por membros da Comissão Científica do encontro.

Todos os trabalhos deverão ser submetidos, exclusivamente, por meio da página eletrônica: www.lihpe.net

Os trabalhos poderão ser submetidos em forma de artigo científico, conforme procedimentos definidos a seguir:

Tipos de trabalhos

Os trabalhos poderão ser submetidos em forma de artigos ou pôsteres, conforme formatos definidos a seguir:


 
Artigo científico:



■O artigo deverá ser gravado em 2 arquivos:

ARQUIVO 1 – contendo o nome, o título do trabalho e o resumo;

ARQUIVO 2 – contendo o título e o texto integral do artigo sem qualquer identificação de autoria. Ambos os arquivos deverão ser enviados, simultaneamente, para o endereço abaixo discrininado.


Formato do Trabalho:



■Editor de textos: Word for Windows 6.0 ou Posterior.

■Número de páginas: máximo de 15 (doze).




Configuração das páginas Margens:


■superior 3cm; inferior 2 cm; esquerda 3cm; direita 2 cm.

■Tamanho do papel: A4 (largura 21 cm; altura 29,7 cm)

■Fonte: Times New Roman, tamanho 12.

■Formato do parágrafo: Recuo especial: primeira linha 1,25 cm.

■Espaçamento: antes 0 pt; depois 6 pt; entre linhas: simples.

■Figuras, tabelas e gráficos: Fonte Times New Roman, tamanho 8 a 12.

■Orientação geral: Normas da ABNT

■Resumo: Mínimo de 1150 caracteres (aproximadamente 10 linhas), máximo de 1750 caracteres (aproximadamente 15 linhas).

■Revisão ortográfica a cargo dos autores.



Pôster:



■O pôster deverá ser gravado em 2 arquivos:

ARQUIVO 1 – contendo o nome, o título do trabalho e o resumo;

ARQUIVO 2 – contendo o título e o texto integral do pôster sem qualquer identificação de autoria. Ambos os arquivos deverão ser enviados, simultaneamente, o endereço abaixo discrininado.



Formato do Poster:



■Dimensão: 100 x 90cm.

■Conteúdo obrigatório (ARQUIVO 2): Título, introdução, objetivos, método, análise de dados, conclusão e referências.

■Modelo disponível:

Postagem dos trabalhos



Todos os trabalhos deverão ser submetidos, exclusivamente, pelo endereço: http://www.lihpe.net/wordpress/?page_id=948


Informações:



Sobre a apresentação dos trabalhos: acesse www.lihpe.net ou envie uma mensagem para contato@lihpe.net.



Sobre inscrições, hospedagem, alimentação: acesse www.ccdpe.org.br.



Local do Evento: Centro de Cultura, Pesquisa e Documentação do Espiritismo – CCDPE/ECM. Alameda dos Guaiases, 16, S.Paulo/SP

Mais informações específicas sobre inscrições (forma de realizá-las, valores, reservas), sugestões de hospedagem, alimentação, etc. serão divulgadas oportunamente.



terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O resgate da categoria ´espírito´




Na cultura atual, a palavra “espírito” é desmoralizada em duas frentes: na cultura letrada e na cultura popular.

Na cultura letrada dominante, “espírito” é o que se opõe à matéria. Matéria, sabemos mais ou menos o que é, pois pode ser medida, pesada, manipulada e transformada, enquanto “espírito” cai no campo do intangível, indefinido, e até nebuloso. A matéria é a palavra fonte de valores axiais da experiência humana dos últimos séculos. A ciência moderna se construiu sobre a investigação e a dominação da matéria. Penetrou até as suas últimas dimensões, as partículas elementares, até o campo Higgs, no qual se teria dado a primeira condensação da energia originária em matéria: os tão buscados bósons e hádrions e a chamada “partícula de Deus”. Einstein comprovou que matéria e energia são equipolentes. Matéria não existe. É energia altamente condensada e um campo riquíssimo de interações.

Os valores espirituais, na acepção moderna convencional, situam-se na superestrutura e não cabem nos esquemas científicos. Seu lugar é o mundo da subjetividade, entregue ao arbítrio de cada um ou a grupos religiosos. Exprimindo-o de uma maneira um tanto grotesca, mas nem tanto, podemos dizer com José Comblin, grande especialista no tema: “Quando se fala em ‘valores espirituais’, todo mundo imagina que está falando um burguês numa reunião do Rotary ou dos Lions Club depois de uma abundante ceia regada a bons vinhos e servida com comidas finas; para o povo em geral ‘valores espirituais’ equivale a ‘palavras belas mas ocas”. Ou então pertence ao repertório do discurso eclesiástico moralizante, espiritualizante e em relação hostil com o mundo moderno.

Em razão disso, a expressão “valores espirituais” surge com mais frequência na boca de padres e de bispos de viés conservador. Deles se ouve amiúde que a crise do mundo contemporâneo reside fundamentalmente no abandono do mundo espiritual: a não frequência da missa ou de qualquer referência explícita à Igreja hierárquica.

Mas com os escândalos havidos nos últimos tempos com os padres pedófilos e com os escândalos financeiros ligados ao Banco do Vaticano, o discurso oficial dos “valores espirituais” se desmoralizou. Não perdeu valor, mas a instância oficial que os anuncia conta com muito pouca audiência.

Na cultura popular, a palavra “espírito” possui grande vigência. Ela traduz certa concepção mágica do mundo à revelia da racionalidade aprendida na escola. Para grande parte do povo, especialmente os influenciados pela cultura afrobrasileira e indígena, o mundo é habitado por bons e maus espíritos que afetam as distintas situações da vida, como a saúde e as doenças, a vida afetiva. os sucessos e os fracassos, a boa ou a má sorte. O espiritismo codificou esta visão de mundo pela vida da reencarnação. Possui mais adeptos do que se suspeita.

No entanto, nos últimos decênios nos demos conta de que o excesso de racionalidade em todas as esferas e o consumismo exacerbado geraram saturação existencial e também muita decepção. A felicidade não se encontra na materialidade das coisas mas em dimensões ligadas ao coração, ao afeto, às relações de amor, de solidariedade e de compaixão.

Por toda a parte, buscam-se experiências espirituais novas, quer dizer, sentidos de vida que vão além dos interesses imediatos e da luta cotidiana pela vida. Eles abrem uma perspectiva de iluminação e de esperança no meio do mercado de ideias e de propostas convencionais, veiculadas pelos meios de comunicação e também pelas assim chamadas “instituições do sentido”, que são as religiões, as Igrejas e as filosofias de vida. Elas ganharam força através dos programas de TV e dos grande shows religiosos, que obedecem à lógica da espetacularização massiva e que, por isso mesmo, se afastam do caráter reverente e sagrado de toda religiosidade. Numa sociedade de mercado, a religião e a espiritualidade se transformaram também em mercadorias à disposição do consumo geral. E rendem muito dinheiro.

Não obstante a referida mercantilização do religioso, o mundo espiritual começou a ganhar fascínio, embora, na maioria das vezes, na forma de exoterismo e de literatura de autoajuda. Mesmo assim, ele abriu uma brecha na profanidade do mundo e no caráter cinzento da sociedade de massa. Nos meios cristãos emergiram as Igrejas pentecostais, os movimentos carismáticos e a centralidade da figura do Espírito Santo.

Estes fenômenos supõem um resgate da categoria “espírito” num sentido positivo e até antissistêmico. O “espírito” constitui uma referência consistente e não mais colocada sob suspeita pela crítica da modernidade, que somente aceitava o que passava pelo crivo da razão. Ocorre que a razão não é tudo nem explica tudo. Há o irracional e arracional. No ser humano há o universo da paixão, do afeto e do sentimento que se expressa pela inteligência cordial e emocional. O espírito não se recusa à razão, antes, precisa dela. Mas vai além, englobando-a num patamar mais alto, que tem a ver com a inteligência, a contemplação e o sentido superior da vida e da história. Em termos da nova cosmologia, ele seria tão ancestral quanto o universo, este também portador de espírito. A era do espírito?

Leonardo Boff é teólogo e escritor.

fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=5984

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Juventude e aproveitamento



VINÍCIUS LIMA LOUSADA
vlousada@hotmail.com
Bento Gonçalves, RS (Brasil)


KEILA LOUSADA
keila.2012lousada@gmail.com
Rio Grande, RS (Brasil) 




"O dever é obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida.”  ( ESE, Cap. XVII, item 7)

 
Nos primeiros tempos de juventude, tudo são descobertas, novidades e desafios... Nesta nova etapa são tantas as informações que chegam e muitas decisões a tomar.

De que grupo social se fará parte?  

Com quem e como se apresentar no palco da vida?

Às vezes, o certo nos parece errado e vice-versa...

Nesta fase da vida, em busca da afirmação de si mesmo, se contraria aos pais, tios, avós, professores, afinal, o que se quer é ser livre, ser construtor do próprio destino.

De um momento para o outro, também, o jovem se crê ”desencaixado” dos grupos sociais dos quais faz parte, na descoberta que passa a ter de si mesmo, pouco a pouco. Transita entre a revelação de sua própria identidade e as exigências do meio em que vive.

O indivíduo na etapa juvenil aspira a um mundo só seu com regras próprias, onde define seu jeito de viver, vestir, gostos etc. Nesse simbólico alguns de seus pares tem acesso e, talvez, mais ninguém.

Tudo isso é algo muito natural, nesta fase de desenvolvimento psicológico do sujeito jovem. Em primeiro lugar, porque ele quer conquistar o seu espaço no mundo, nesse processo de individuação e, em segundo lugar, porque nessa fase se costuma crer que ninguém o compreende como ele quer ser compreendido.

Contudo, lidar com as dificuldades de compreensão e diálogo com as outras gerações não é algo fácil; algumas vezes o jovem tende a enveredar para o isolamento, fechando-se em restrito círculo de convivência e até de solidão excessiva, portanto, perniciosa.

Ocorre também que se quer aproveitar ao máximo a "juventude", porque tudo passa rápido e é frágil na lógica social instaurada em nossos dias, sob os cânticos de sereia do materialismo. Nesse contexto, fruir, gozar, curtir parece ser o caminho único a ser trilhado pelos indivíduos inexperientes.

Em razão disso, não é incomum que se cometam grandes enganos e se depare com dores, que poderiam ter sido evitadas, se a rebeldia desnecessária não tivesse impedindo-o de ouvir um pouco mais quem se apresenta com mais experiência nas vivências terrenas de agora. 
Jovem, as conquistas em teu roteiro existencial devem ser realizadas com responsabilidade, respeito à vida, à família e principalmente a ti mesmo, à tua condição de filho de Deus.

Ao jovem espírita o compromisso se delineia como mais profundo, pois que sabe da importância que tem a atual existência para o Espírito imortal. Compreende que a cada reencarnação é presente dado por Deus com novas oportunidades de aquisições intelectuais e morais.

Aprende a estar com Jesus, meditando e aplicando o Seu Evangelho elucidado pelos Numes Tutelares como encontramos nos textos de Allan Kardec. Lembra, porém, que para estar com Jesus não há necessidade de fugir do mundo, apenas não escravizes a tua vida moral à realidade material, perdendo-te de ti mesmo.

Seria muito bom que viestes a considerar a orientação de um Espírito Protetor. "Sede felizes segundo as necessidades da humanidade, mas que em vossa felicidade não entre jamais um pensamento, nem um ato que possa ofendê-lo, ou fazer velar a face daqueles que vos amam e vos dirigem. (...)" (1) 

Aproveita, com bom senso, as descobertas incontáveis que a juventude te permite, mas de maneira consciente e sob as diretrizes de Amigo Celeste Jesus.

Procura compreender a preocupação daqueles que te dirigem os passos, por hora, uma vez que são corresponsáveis diante de Deus pelo teu êxito na atual reencarnação, guardando o compromisso sagrado de orientar-te no rumo do dever e do bem.

Escuta com plena atenção os teus pais, aproveita os ensinos deles, ainda que possam ser simplórios à tua inteligência supostamente arguta; afinal de contas, a vida no corpo é transitória e nem sempre os terás perto de ti.

Observa que juventude é momento de semeadura, tempo de colocar na terra de teu coração as lições do bem e da virtude para que, na vida adulta e no Mais Além, gozes dos resultados da colheita do bem que tens o dever de cultivar agora em teu mundo íntimo, com a colaboração inestimável daqueles que te orientam a caminhada.  

Por fim, parece ser preciso compreender a transitoriedade da juventude do corpo e considerar o sentido da atual reencarnação para ti mesmo, como filho de Deus que és.

Jovem amigo, recorda que em todas as circunstâncias da vida, nada obstante os conflitos e desafios que se acerquem de tua alma, o futuro espera de ti o aproveitamento espiritual das vivências encetadas em tua família e no mundo.

(1)
 
O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 10.


Publicado na Revista O Consolador: http://www.oconsolador.com.br/ano6/299/vinicius_lousada.html

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

PORQUE LER KARDEC?



Vinícius Lousada (1)


Por que ler as obras fundamentais do Espiritismo?

A pergunta acima, ao adepto estudioso, pode parecer dispensável por ser sua resposta uma obviedade, pois, nas obras fundamentais do Espiritismo, as de Allan Kardec, é que encontramos a Filosofia Espírita na sua totalidade, e, sem a leitura delas não seremos capazes de apreender seus postulados, nem tampouco, o seu objetivo essencial.

No entanto, do ponto de vista de quem interage junto ao movimento espírita, percebemos muita gente se esquecendo de ler Kardec – ou lendo-o de maneira fragmentada, apenas selecionando trechos ou páginas ao acaso – e saindo à cata de novidades espiritualistas ou as difundindo (e confundindo) como se fossem mesmo da alçada da Doutrina Espírita, ignorando, por sua vez, os princípios filosóficos do Espiritismo ou se detendo nos comentários, leituras e concepções de terceiros sobre o assunto sem se ocuparem da bibliografia kardequiana.


Como, de modo geral, trazemos atavismos religiosos dos quais não nos libertamos por desconhecimento de nós mesmos ou preguiça, lidamos com o Espiritismo como se fosse apenas mais uma religião, ignorando que a convicção espírita se elabora muito mais no exercício da fé raciocinada do que na simples adesão às instituições humanas. 


Aliás, escreveu Kardec que “O Espiritismo é uma questão de fé e de crença, e não de associação.” (2), ao responder à reclamação do queixoso Abade Barricand acerca da análise do codificador, presente na Revista Espírita, a respeito das pretensas refutações deste sacerdote à tese espírita nos cursos que ministrava, obviamente, sem conhecimento de causa. Disso, deve ficar evidente que a convicção espírita se edifica mediante o estudo sério e com uma atitude filosofante, por parte do adepto, em relação aos saberes presentes nas obras fundamentais da Doutrina dos Espíritos.

E, no que tange a questão que dá título a esse artigo, o que corrobora no sentido de termos consciência da relevância das obras de Allan Kardec consiste no fato de que, numa perspectiva antropológica do quefazer científico, o emérito professor pode ser considerado co-autor ou co-fundador dessa ciência, em especial conexão com o Espírito Verdade e sua equipe, além de notável codificador do Espiritismo – função mais destacada na primeira edição de O Livro dos Espíritos. 

Confirma essa constatação o erudito Canuto Abreu, ao prefaciar a sua tradução da primeira edição de O Livro dos Espíritos, afirmando ser o mestre lionês aprendiz e secretário dos Espíritos passando, na segunda edição (1860), de discípulo a mestre, ou seja, naquela produção “Nivela-se o Aprendiz com os Instrutores” (3). Enfim, visando valorizar efetivamente o trabalho missionário de Kardec é útil levarmos em conta a co-laboração em que se deu a dinâmica de sua pesquisa e produção teórica com os Espíritos Superiores.



Quais são as obras fundamentais?


Muito se ouve falar, da parte daqueles que se consideram versados no Espiritismo, que a pessoa que queira se iniciar no conhecimento espírita precisa ler ou estudar as obras básicas da Doutrina. Essa afirmação corrente parece óbvia, mas nem tanto, e, no meu ponto de vista, por dois motivos.

O primeiro deles se refere ao que podemos depreender de um texto do escritor italiano Ítalo Calvino, em que defende a relevância da leitura das obras consideradas clássicas na literatura e de diferentes campos do saber. 

Lendo esse artigo, verificamos que os clássicos são o tipo de livros com os quais todos deveriam se ocupar, todavia poucos o fazem e raras são as pessoas que admitem, ao menos publicamente, não terem feito essas leituras e, não por humildade. 



É o caso de alguns adeptos descomprometidos com a Causa que desconhecem os textos de Kardec e afirmam ter ouvido falar ou fingem que sabem deles, atendendo a expedientes nas atividades da casa ou do movimento espírita sem se proporem a ler as tais obras (que consideram básicas!), indiscutível fonte primacial do Espiritismo.

Outro motivo que demonstra a não-obviedade da necessidade de se ler e estudar os livros de Kardec, em nosso meio, consiste na redução que se faz da produção de Allan Kardec ao denominado Pentateuco Kardequiano.



Dito isto, atenhamo-nos à pergunta: quais são as obras fundamentais do Espiritismo? A resposta está num opúsculo escrito por Allan Kardec no ano de 1869, trata-se do “Catálogo Racional: obras para se fundar uma biblioteca espírita”. Nesse pequeno livro, o co-fundador da Doutrina Espírita apresenta um conjunto de obras catalogadas que se vinculavam, de algum modo, ao objeto de estudos da ciência com que se ocupava.


Assim, encontramos citadas no referido catálogo (4) as obras fundamentais da Doutrina Espírita, obras diversas sobre Espiritismo, obras produzidas fora do Espiritismo e as que a ele se opunham. 


Kardec nomeia da seguinte forma as obras fundamentais do Espiritismo: 

O Livro dos Espíritos (parte filosófica); O Livro dos Médiuns (parte experimental); 
O Evangelho segundo o Espiritismo (parte moral); 
O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo; 
A Gênese, os milagres e as predições, segundo o Espiritismo; 
O que é o Espiritismo? – Introdução ao conhecimento do mundo dos Espíritos;
O Espiritismo em sua mais simples expressão; 
Resumo da lei dos fenômenos espíritas; 
Viagem Espírita em 1862 e a 
Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos.


Logo é fácil perceber que o essencial para aprender a Filosofia Espírita está nessas obras consideradas por Kardec como fundamentais, entre livros, brochuras e a Revista que produziu até a sua desencarnação em 1869.


Estudando Kardec:
“Temos dito que a melhor maneira de uma pessoa adquirir conhecimentos sobre o Espiritismo é estudar-lhe a teoria. Os fatos virão depois, naturalmente, e serão compreendidos, qualquer que seja a ordem em que os tragam as circunstâncias. Nossas publicações têm sido feitas com o propósito de favorecer esse estudo.” (5)

Notas

1- Educador e pesquisador.
2 - Revista Espírita de julho de 1864.
3 - ABREU, Canuto. O primeiro livro dos espíritos de Allan Kardec. Texto bilíngüe. SP: ICESP, 2007, p. XV.
4 - KARDEC, Allan. Catálogo Racional: obras para se fundar uma biblioteca espírita. Tradução de Julia Vidili. Ed. fac-similar bilíngüe histórica. SP: Madras:USE, 2004.
5 - O que é o Espiritismo? – Terceiro Diálogo – o padre.

ARTIGO PUBLICADO EM: http://www.espiritualidades.com.br/Artigos/L_autores/Lousada_vinicius_por_que_ler_kardec.htm

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Entenda o sofrimento



Buda ensinava que a única função da vida é a luta pela vitória sobre o sofrimento. Empenhar-se em superá-lo deve ser a constante preocupação do homem. 
                                                                                                - Joanna de Ângelis[1]



Seguindo na trilha reflexiva do Iluminado e calcada no pensamento espírita-cristão, Joanna de Ângelis nos ensina que o sofrimento é uma experiência comum a todos os seres, portando, por sua vez, um caráter burilador no sentido da evolução espiritual.

Sua origem na trajetória do princípio espiritual remete ao mecanismo das Divinas Leis, cujo propósito consiste em despertar a consciência, desde as vivências mais simples e, sem saber, à sensibilidade e à emoção equilibrada que no estágio de humanização ganha o suporte da razão.

Em nossa caminhada espiritual, ao lograrmos os dias da racionalidade fazendo-nos capazes de escolher e fazer juízos éticos, possuímos consciência do sofrimento, não raramente adormecida pelas paixões inferiores.

Dia virá em que faremos cessar os nossos sofrimentos e dele nos libertaremos quando encarnarmos na prática e em sua completude o ensinamento do Mestre Jesus que se refere à Lei de Amor.

Considerando que todos os seres em algum momento sofrem e que estamos jungidos, dada a nossa condição evolutiva, ao sofrimento, parece oportuno compreendermos um pouco a natureza do sofrimento para dele extrairmos as lições que nos são necessárias.

O sofrimento pode se apresentar sob três formas: “o sofrimento do sofrimento; o sofrimento da impermanência e o sofrimento resultante dos condicionamentos”.[2] O sofrimento por si só gera um contingente de aflição, um conjunto de dores, que pode ser agravado conforme venhamos a encará-lo, ou seja, a revolta ou o desespero podem amplificar o desconcerto íntimo inicial gerado pelo sofrimento, produzindo estados ainda mais perturbadores.

Por outro lado, a aceitação (resignação) pode gerar um estado contínuo de serenidade que permite ao indivíduo compreender a causa de seu sofrimento em momentos de meditação, aprender com ele no sentido de ver a vida sob outro prisma e amadurecer, a tal ponto que se encoraje a ajudar outras pessoas a compreender a “marcha da vida e ir tocando em frente”, como diz a letra da música do violeiro Almir Sater.

O sofrimento da impermanência nasce em nosso modo apegado de lidar com as coisas, circunstâncias e pessoas. O estado de impermanência é uma característica da vida, tudo é transitório e por falta de observação não nos apercebemos disso. Na ignorância sobre a impermanência queremos reter valores materiais de forma acumulativa, vincular emocionalmente a nós as pessoas, e procuramos cristalizar as condições em que nos movemos.

Entretanto, tudo passa. A vida material é um momento fugaz na imortalidade. Para lidar com sabedoria ante a transitoriedade da vida é preciso aprender a meditar na natureza impermanente das coisas e obedecer, conscientemente, à dinâmica das Leis do Criador.

Nossos condicionamentos inferiores também produzem sofrimentos que, no caso, poderíamos evitar. Toda transgressão ética gera conflitos na consciência culpada que reclama reparação, resgate e alteração comportamental do infrator, estando no corpo ou desencarnado, algum dia.

Levemos em conta, alma amiga, as considerações dos Numes Tutelares acerca da relação da condição aflitiva dos Espíritos imperfeitos com as paixões inferiores que nutrem, elas “retardam o progresso”[3], fazendo-nos viver atrelados a sofrimentos diversos, semeados por nós mesmos na lavoura da existência.



[1] FRANCO, Divaldo. Plenitude. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 1991, p. 21.
[2] Idem.
[3] O Livro dos Espíritos, questão 97.