segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Medite sempre


VINÍCIUS LIMA LOUSADA
vlousada@hotmail.com
Passo Fundo, RS (Brasil)



O homem que busca a realização pessoal inevitavelmente é impelido à interiorização. – Joanna de Ângelis [1]


Lá fora, na vida social, ainda vigora a agitação e a angústia a que se entregam os indivíduos refletindo no organismo da sociedade a inconstância emocional dos seus membros e os conflitos existenciais que são portadores inconscientes.

Na competição entre o ser e o ter, em que o último tem sido o campeão ovacionado pela massa, os valores transitórios e as conquistas mentirosas são, lamentavelmente, o fanal perseguido pelas criaturas desconhecedoras de sua natureza espiritual.


Nesse afã, religiões têm sido criadas e templos suntuosos erguidos para satisfazer uma fé perturbadora que promove a pseudotranscendência porque empurram o ser às conquistas transitórias a fim de que anestesie, de forma alienante, o vazio existencial que ultraja os seus dias.


A experiência no campo do espiritual é autêntica e promove a transcendência quando tem a “capacidade de potenciar a liberdade”
[2].


Propostas que não libertam e ao invés de espiritualizarem promovem posturas fanáticas e propalam o materialismo como filosofia subjacente, com as suas consequências deploráveis.


Doutrinas absurdas, promessas de curas e vantagens mundanas têm sido enunciadas ao povo simples que a elas se agarram por desconhecerem os próprios potenciais que os credenciariam à libertação sem a manipulação dos falsos profetas [3], identificados por Jesus como lobos devoradores.


Diante dos fariseus que queriam apedrejá-lo sob a falsa alegação de que ele se dissera Deus, o Mestre recordou as escrituras[4] perguntando-lhes:


Não está escrito na vossa lei: “Eu disse: Sois deuses?”. [5]


De certo modo, esse questionamento de Jesus também nos fala da transcendência que possuímos e que temos o dever de desenvolver saudavelmente.

Um recurso para atender à nossa vocação para transcender os limites materiais e socioculturais da experiência terrena está presente na meditação.


Para a meditação se tornar um hábito é preciso dar-lhe início e exercitá-la até que se incorpore no cotidiano como uma prática simples, desataviada, cujo foco seja a busca de si mesmo.


Inicialmente, a meditação precisa ser breve para ser gratificante, de forma que o indivíduo tenha vontade de prosseguir o exercício noutro momento.


Ao realizar a meditação analítica, o praticante concentra-se em sua própria natureza moral, estudando uma imperfeição por vez e podendo refletir sobre as possibilidades de que dispõe para a sua superação, ainda que por alguns minutos.


A prática continuada da meditação educa o pensamento, disciplinando-o a um foco, e, nesses dias de dispersão, a sua repetição fixa o aprendizado da atenção plena.


De início apresenta-se a dificuldade de concentração que será superada somente com treinamento.


Procure respirar calmamente e sente-se de modo confortável, nada obstante, possa meditar caminhando.


Observe a sua respiração por alguns minutos. Logo a seguir, atenha-se ao que lhe dizem os seus pensamentos e faça uma leitura de seus conteúdos.


Seus pensamentos são o reflexo do que você é, e você é o que nutre na alma. Procure identificar os pensamentos negativos e inferiores com tranquilidade.

Eleja um tipo deles para começar a transformar para melhor.


Verifique os demais, provavelmente você encontrará pensamentos positivos, saudáveis e de aspirações superiores. A prova disso é que você está fazendo, exatamente agora, uma leitura edificante e está interessado na arte de meditar!

Procure mudar o teor de seus pensamentos, mas não esqueça que isso se dará com o tempo e à custa somente de seu próprio esforço.


A arte de transformar a qualidade dos pensamentos pede, para que seja efetivada, a utilização da energia possível de ser mobilizada na prece.


No cotidiano ore e vigie a sua casa mental a fim de limpar a própria mente e superar a sombra interior, num processo paulatino e continuado.


A prática da meditação vai levar você ao equilíbrio emocional pela educação dos sentimentos e libertação de emoções afligentes ou pensamentos perturbadores.


E a paz não será raridade em seu mundo íntimo, mas um estado de espírito conquistado como um ensaio para a plenitude.



[1] FRANCO, Divaldo. Momentos de Meditação. (Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis). Salvador/BA: LEAL, 1998, p. 3.

[2] BOFF, Leonardo. Tempo de transcendência: o ser humano como projeto infinito. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009, p. 33.

[3] Mateus, 7:15.

[4] Salmos, 82:6.

[5] Jo, 10:34.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Deus responde sempre



Carina Streda
Santo Ângelo/RS



Todo Homem traz dentro de si a certeza de que Deus existe.

Neste tempo de tantas tribulações em que vivemos, o que mais necessitamos é ligarmo-nos a Deus. Os Espíritos orientam que deveríamos dedicar alguns minutos a meditação e a prece, no início do nosso dia, agradecendo a Deus pela oportunidade de estar no corpo físico, pedindo forças e auxílio para bem encarar as dificuldades e cumprir nossos compromissos, e à noite, antes do repouso, para analisarmos tudo o que fizemos no dia, percebendo nossos erros e acertos.

Essa prática torna o homem mais forte, porque no momento em que fugimos por alguns minutos da correria do nosso dia-a-dia para serenarmos o pensamento, analisarmos nossas atitudes e refletirmos sobre a vida, nós permitimos que os amigos espirituais nos intuam e nos assistam.

O Cristo assegurou: “Pedi, e se vos dará! Buscai e achareis! Batei à porta e se vos abrirá!”[1]

Deus conhece todas as nossas reais necessidades antes que peçamos a Ele providencias. Mesmo assim, quantas vezes nos sentimos insatisfeitos com a vida? Nascemos na família certa, com o corpo minuciosamente preparado para atender nossas necessidades, com um plano de vida traçado para que possamos reparar erros, avançarmos.

Mas, quando encarnamos, esquecemos da nossa vida espiritual e passamos a ver as nossas necessidades do ponto de vista material. Muitas vezes fixamos toda nossa atenção nesses desejos, e acabamos fazendo deles condição para nossa felicidade.

Na verdade nós estamos sempre querendo mais. Se desejamos chegar a um determinado ponto, quando lá chegamos vemos que queremos mesmo é chegar mais adiante. É graças a esse sentimento que evoluímos. Mas esse sentimento não pode prorrogar nossa felicidade, impossibilitando-nos a felicidade hoje.

Quando estamos em dúvida sobre qual atitude tomar, qual caminho percorrer, se pedirmos a Deus que ilumine nossa consciência, seremos atendidos. Nessas circunstâncias, deveríamos sempre pedir socorro a Deus. É para intuir-nos e auxiliar-nos nas decisões de nosso dia-a-dia que Deus permite que os espíritos amigos estejam ao nosso lado, e em especial nosso mentor espiritual, que nos acompanha e nos intui. Se, nas dificuldades, serenarmos o pensamento por alguns minutos, pensando antes de agir, abrimos espaço para receber esse auxílio.

É incontestável a máxima: “Ajuda-te que o céu te ajudará!”[2]. O que acontece, na maioria das vezes, é que esperamos sermos atendidos por um milagre sem fazer uso de nossas faculdades para alcançar nossos objetivos. De nada adianta orarmos e cruzarmos os braços esperando que as soluções caiam do céu. É necessário esforçarmo-nos, extraindo os ensinamentos e lições de todas as situações difíceis que nos são impostas.

Os Espíritos esclarecem que “Deus se ocupa com todos os seres que criou por mais pequeninos que sejam. Nada para sua bondade é destituído de valor”[3].

Tenhamos fé que Deus nos conhece, nos ama, ouve as nossas preces e acima de tudo: confiemos na sua justiça.

Procuremos entender as respostas de Deus, mesmo quando diferem de nossos pedidos específicos, e aceitar seus sábios desígnios, pois é só através da fé e do trabalho que ultrapassaremos os obstáculos do caminho e chegaremos a nossa meta que é a perfeita felicidade.





[1] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XXV. FEB, 2002.
[2] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XXV. FEB, 2002.
[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Questão n 963. FEB, 2003.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A obra “A Física da Alma” e o Espiritismo

ALEXANDRE FONTES DA FONSECA
afonseca@puvr.uff.br
Volta Redonda, Rio de Janeiro (Brasil)



A obra de Amit Goswami contém vários pontos que estão em desacordo com os principais ensinamentos espíritas


Nos dias 21 e 22 de agosto de 2010, aconteceu no Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa em Espiritismo Eduardo Carvalho de Oliveira1, em São Paulo, o 6º Encontro da Liga de Pesquisadores em Espiritismo2, com o tema “O Espiritismo visto pelas áreas de conhecimento atuais”, em que apresentamos um trabalho intitulado “Uma Análise Espírita da Obra ‘A Física da Alma’ de Amit Goswami”. Nesse trabalho demonstramos que a referida obra é contrária ao Espiritismo. Nesta matéria, apresentamos um resumo dos pontos principais deste estudo para divulgação junto
ao Movimento Espírita.
O interesse do Movimento Espírita pela Ciência é antigo e nos últimos 10 anos vimos bons trabalhos de esclarecimento sobre o que é Ciência, Ciência Espírita, e o tríplice aspecto do Espiritismo3-5. A Física, em particular, tem despertado muito interesse no público espírita leigo. Obras como "O Tao da Física"6, “O Espírito Este Desconhecido”7, “A Cura Quântica”8 e, mais recentemente, “A Física da Alma”9, de Amit Goswami (foto),
têm sido lidas e consideradas por muitos espíritas como demonstrações científicas de conceitos espíritas. Nesta matéria, mostraremos que a teoria apresentada na obra “A Física da Alma” é contrária ao que ensina o Espiritismo em alguns dos seus pontos principais. Para isso, apresentaremos trechos das explicações de Goswami para os conceitos de alma, reencarnação e mediunidade.
A proposta de Amit sobre a ALMA se baseia numa questão de natureza filosófica: a dualidade espírito–matéria. Como pode uma “substância” de natureza diferente da matéria interagir com ela? Kardec não esteve alheio a esta questão e, no item 17 do cap. XI de A Gênese10, apresenta uma solução ao dizer: “Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, do Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, (...)”. Goswami, de modo diferente, propõe que a alma seja uma função de onda (ver aula n. 8 da referência 3) que, segundo a Física, não é algo fisicamente real, não passando de um método de cálculo das propriedades físicas de um sistema material. Apesar de sua proposta também resolver o problema da dualidade, ela traz consequências diferentes do que ensina o Espiritismo.
Em sua proposta sobre a natureza quântica da alma, Goswami revê o conceito de consciência dentro de um paradigma diferente. Na pág. 44 do cap. 2 (daqui em diante o leitor deve subentender que nos referimos à obra “A Física da Alma”) Goswami, ao analisar a questão do colapso3 da função de onda pelo observador, diz: “A resposta do idealismo monista é que há apenas um a escolher, que a consciência é uma só. O leitor e eu temos pensamentos, sentimentos, sonhos etc. individuais, MAS NÃO ‘TEMOS’ CONSCIÊNCIA, muito menos consciências, separada; nós ‘somos’ a consciência. É a mesma consciência, para todos nós.” (grifos em maiúsculas, nossos).
O conceito novo introduzido por Goswami, e que a Física não reconhece, é a não-localidade no tempo
A questão 79 de O Livro dos Espíritos11 diz que os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, e a de número 122 diz que o “livre-arbítrio se desenvolve à medida que o Espírito adquire a consciência de si mesmo” e que “Já não haveria liberdade se a escolha fosse determinada por uma causa independente da vontade do Espírito”. Na questão 621 é dito que a Lei de Deus está escrita “Na consciência”. Portanto, o conceito de consciência que o Espiritismo fornece é inerente à alma, sendo, portanto, diferente do que Goswami propõe.
A diferença no conceito de consciência se torna mais clara ao lermos as seguintes palavras de Goswami (cap. 7, pág. 152): “As almas, entendidas, tal como fazemos aqui, como mônadas quânticas desencarnadas, NÃO PODEM ter percepção sujeito-objeto, NÃO PODEM crescer espiritualmente de maneira alguma, e NÃO PODEM se libertar porque fizeram obras espirituais no Céu ”. (grifos em maiúsculas, nossos). A questão 227 do Livro dos Espíritos11 deixa claro o equívoco da afirmativa acima. Se essa teoria da alma estiver correta não poderia existir, por exemplo, Nosso Lar nem a história de André Luiz.
A ideia de REENCARNAÇÃO segundo Goswami se baseia no conceito de “não-localidade” da Física Quântica. Ele diz (cap.4, pág. 83) que as “reencarnações de uma mesma vida (...) estão ligadas pelo fio da não-localidade quântica...”. Não-localidade é um conceito que surge em sistemas que são ligados de tal forma que uma ação sobre um afeta instantaneamente o outro, não importando a distância entre eles. Porém, Goswami parece criar um conceito novo a partir da não-localidade ao dizer que (cap. 4, pág. 83) “A correlação se estende tanto para o passado como para o futuro ...”. O conceito novo introduzido por Goswami, e que a Física não reconhece, é a não-localidade no tempo, isto é, uma viagem instantânea no tempo para o passado ou para o futuro. No cap. 4, pág. 82, ele diz: “Com o tempo, podemos intuir nossa situação específica com respeito à mônada humana – (...) – e, de forma sincronística, em parte no TEMPO NÃO LOCAL, em parte na temporalidade, podemos nos tornar conscientes de como essa mônada-identidade ESTÁ RENASCENDO EM UM FETO RECÉM-CONSTITUÍDO, ou até partilhar a consciência com ela nos primeiros anos dessa nova vida...” (grifos em maiúsculas nossos). Goswami afirma, assim, que no momento da morte uma ligação do tipo não-local no tempo se forma ligando, instantaneamente, a alma do agonizante a desencarnar NO PRESENTE ao feto recém-constituído NO FUTURO. Uma viagem no tempo instantânea equivale a pularmos do passado para o futuro sem vivermos o período que se passou de um para outro.
Para Goswami, a alma desencarnada não tem pensamento, não tem consciência independentes de um corpo físico material
Ainda relacionado ao conceito de reencarnação, um ponto de forte contradição com os ensinamentos espíritas pode ser percebido na explicação sobre a escolha de sexo na próxima encarnação. De acordo com Goswami (cap. 8, pág. 181), “Se ao morrer, você estava consciente e fez uma revisão da vida, se você se correlacionou e se comunicou com a criança que será na próxima rodada, no caminho de possibilidades para vocês, então sua opção já está feita. (...). Talvez você tenha visto seus pais e como você foi concebido. Você ainda não se identificou com seu feto; você estava fora do corpo e observava telepaticamente as coisas pelos olhos de seus pais, por assim dizer, e talvez tenha sentido os anseios do desejo. É ESSE DESEJO QUE DETERMINARÁ SEU SEXO AO NASCER o espermatozoide apropriado encontrará o óvulo, mas isso é secundário. SE SEU DESEJO ESTAVA DIRIGIDO PARA SUA MÃE, VOCÊ SERÁ UM MENINO; SE, POR OUTRO LADO, SEU PAI ERA SEU OBJETO DE DESEJO, VOCÊ SERÁ UMA MENINA.” (grifos em maiúsculas nossos).
Sobre MEDIUNIDADE Goswami afirma que (cap. 7, pág. 156) “... não existe colapso das ondas de possibilidades quânticas de uma mônada quântica desencarnada sem a ajuda de um corpo/cérebro físico correlacionado. Por conseguinte, a mônada quântica desencarnada é desprovida de qualquer experiência sujeito-objeto”. Ele, assim, confirma que a alma desencarnada não tem vida, não tem pensamento, não tem consciência independentes de um corpo físico material. Sendo uma função de onda com possibilidades, um Espírito só pode “colapsar” em algum “lugar” material: o cérebro de um médium. Quando um Espírito se manifesta e diz o que sente e o que pensa, na verdade isso não seria uma manifestação consciente de pensamento e sentimento, mas sim manifestações aleatórias das diferentes possibilidades da função de onda (cada uma com uma probabilidade) e não o fruto de um pensamento contínuo do Espírito. Num instante, o Espírito pode manifestar uma dessas possibilidades, e em instantes seguintes outras que, inclusive, podem ser opostas à primeira, já que o fenômeno ocorreria por leis quânticas probabilísticas. Sem dúvida, isso é bem diferente do que o Espiritismo ensina e que os companheiros das tarefas mediúnicas nas casas espíritas vivenciam. Por exemplo, veja-se a questão 459 do Livro dos Espíritos: “Os Espíritos influem em nossos pensamentos e em nossos atos? Muito mais do que imaginais, pois frequentemente são eles que vos dirigem”.
Apesar de se basear em conceitos da Física Quântica, a teoria contida na obra “A Física da Alma” de Amit Goswami não foi obtida seguindo-se os rigores formais da área de Física. Ele baseia sua tese em um novo tipo de paradigma científico, fora do esquema tradicional da Ciência, em que a unidade fundamental é a consciência e não a matéria.
Segundo Amit Goswami, não é possível termos experiências sem um corpo físico
Estando fora da Ciência, ele não pode validar suas teorias de modo científico e, portanto, o conteúdo da obra “A Física da Alma” não pode ser considerado científico, no sentido profissional dessa palavra, e não se pode dizer que a Física, de modo formal, o apoie. A utilização dos conceitos da Física não torna a sua teoria uma teoria da Física ou respaldada por ela. Dessa forma, nós espíritas não precisamos nos preocupar com o fato de ela apresentar conceitos contrários ao Espiritismo.
Além disso, a teoria de Goswami tem outra consequência importante que é contrária ao Espiritismo. Ela supervaloriza a matéria, o que pode ser inferido da seguinte resposta de Goswami à pergunta do psicólogo Kenneth Ring (cap. 13, pág. 274): “Você acha que, se um grande desastre atingisse a Terra, nós poderíamos sobreviver a ele como seres desencarnados? ” A resposta: “Certamente sobreviveríamos como seres desencarnados, assim como faz qualquer um que morra hoje em dia (...). Mas, Ken, há um problema. SEGUNDO MEU MODELO, NÃO É POSSÍVEL TERMOS EXPERIÊNCIAS SEM UM CORPO FÍSICO. O ESTADO DE CONSCIÊNCIA DE UM SER DESENCARNADO É COMO O SONO; a onda de possibilidades não entra em colapso. Assim, como civilização, dificilmente ficaríamos satisfeitos ao escolher esse estado de limbo.” (grifos em maiúsculas nossos). As questões de 84 a 86 de O Livro dos Espíritos, por exemplo, mostram o equívoco da afirmativa acima.
Para concluir, sugerimos ao Movimento Espírita mais cautela contra o modismo cientificista, em que conceitos da Física Quântica, inacessíveis à compreensão do público leigo, são, às vezes, erroneamente usados em teorias espíritas sem o devido rigor científico da área de Física. Kardec, na Revista Espírita de Julho de 1860, ao final do texto sob o título “Observação Geral”, comenta: “Diz um provérbio: ‘Nada mais perigoso que um amigo imprudente’. Ora, é o caso dos que, no Espiritismo, se deixam levar por um zelo mais ardente que refletido.” Na ânsia de ver o Espiritismo valorizado pela Ciência, tem havido um zelo mais ARDENTE que REFLETIDO na divulgação de obras como “A Física da Alma”. Nosso propósito aqui foi o de apresentar um exemplo de REFLEXÃO a respeito dessa obra, demonstrando que seus conceitos são contrários ao Espiritismo, exigindo de nossa parte maior cuidado na sua divulgação.
Se “O Espiritismo nos solicita uma espécie permanente de caridade – a caridade de sua própria divulgação” (Emanuel na obra da Ref. 12), essa caridade requer que tenhamos, de acordo com Kardec, um zelo REFLETIDO. E, perante a dúvida sobre as novidades na Ciência, se confirmam ou não algum conceito espírita, vejamos o que Kardec nos tem a dizer (Obras Póstumas13 , capítulo “Constituição do Espiritismo. Exposição de motivos. II. Dos cismas”): “Se é verdade que a utopia da véspera, frequentemente, seja a verdade do dia seguinte, deixemos ao dia seguinte o cuidado de realizar a utopia da véspera, mas não embaracemos a Doutrina com princípios que seriam considerados quimeras e a fariam rejeitar pelos homens positivos.
Referências:
[3] A. F. Da Fonseca, “Curso de Ciência e Espiritismo: Aulas 1 a 18”, Boletim do GEAE números de 483 a 500 (2004 e 2005)
[4] A. Chagas, Introdução à Ciência Espírita, Publicações Lachâtre, 1ª edição, Bragança Paulista (2004).
[5] S. S. Chibeni, “O Espiritismo em seu tríplice aspecto: científico, filosófico e religioso” Reformador Agosto, pp. 37-40 (2003); Setembro, pp. 38-40 (2003);Outubro, pp. 39-40 (2003).
[6] F. Capra, O Tao da Física, Editora Cultrix, 16ª edição, São Paulo (1995).
[7] J. E. Charon, O Espírito Este Desconhecido, Editora Melhoramentos, 10ª edição, São Paulo (1990).
[8] D. Chopra, A Cura Quântica, O Poder da Mente e da Consciência na Busca da Saúde Integral, Editora Best Seller, 42ª edição, Rio de Janeiro (2004).
[9] A. Goswami, Física da Alma, Editora Aleph, 2ª reimpressão, São Paulo (2005).
[10] A. Kardec, A Gênese, FEB, 34ª edição, Rio de Janeiro (1991).
[11] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, FEB, 1ª. edição, Rio de Janeiro (2006).
[12] F. C. Xavier e W. Vieira, pelos Espíritos de Emmanuel e André Luiz, Estude e Viva, 11ª edição, FEB, Rio de Janeiro (2005).
[13] A. Kardec, Obras Póstumas, IDE, 1ª edição, Araras (1993).
Alexandre Fontes da Fonseca é professor de Física na Universidade Federal Fluminense, em Volta Redonda (RJ).

Publicado sob a anuência do autor e extraído de: http://www.oconsolador.com.br/ano4/188/especial.html

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

As Paixões

 
907. Será intrinsecamente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na Natureza?
“Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

908. Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más?
“As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado, e que se torna perigoso quando passa a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la, e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos ou para outrem.”
As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.
Todas as paixões têm seu princípio num sentimento ou necessidade natural. O princípio das paixões não é, assim, um mal, pois que assenta numa das condições providenciais da nossa existência. A paixão propriamente dita é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa, e este excesso se torna um mal quando tem como conseqüência um mal qualquer.
Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual.
Todo sentimento que eleva o homem acima da natureza animal denota predominância do espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição.

909. Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?
“Sim, e por vezes fazendo esforços bem pequenos. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

910. Pode o homem achar nos Espíritos eficaz assistência para triunfar de suas paixões?
“Se o pedir a Deus e ao seu bom gênio, com sinceridade, os Espíritos bons lhe virão certamente em auxílio, porquanto isso é sua missão.” (459)

911. Não haverá paixões tão vivas e irresistíveis que a vontade seja impotente para dominá-las?
“Há muitas pessoas que dizem: Quero, mas a vontade só lhes está nos lábios. Querem, porém muito satisfeitas ficam que não seja como “querem”. Quando o homem crê que não pode vencer as suas paixões, é que seu Espírito se compraz nelas, em conseqüência da sua inferioridade. Compreende a sua natureza espiritual aquele que as procura reprimir. Vencê-las é, para ele, uma vitória do Espírito sobre a matéria.”

912. Qual o meio mais eficiente de combater-se o predomínio da natureza corpórea?

“Praticar a abnegação.”


(O Livro dos Espíritos)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Entrevista com João Alessandro Muller


Entrevista realizada pela equipe EspiritismoSul ao Presidente da 10ª Região Federativa Espírita do RS, diretor de publicações da FERGS e editor da Revista Reencarnação e do Jornal Diálogo Espírita em Osório/RS. Visite www.espiritismosul.org.br