segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre a ideia que fazemos de Deus



Aureci F. Martins


Sobre a idéia que fazemos de Deus...

Imanente e transcendente,

Deus em tudo se revela:

É o amor onipresente

Na natura e fora dela.

(Aureci)



Tomemos consciência de que, embora o nosso atual estágio evolutivo não nos permita entender com clareza o que Deus é, nós já podemos imaginar algo do que Ele não pode deixar de ser.
Pessoalmente, penso que Deus é o moto-perpétuo do Universo, o autor da vida, o criador incriado. Creio que, em seu amor sem limites, Deus se faz imanente em todos os seres da Criação, “desde a mônada até o arcanjo”, manifestando-se na voz silenciosa da consciência, voz que se intensifica à medida que nossos níveis conscienciais se expandem ao influxo da lei da evolução por Ele estatuída.

Todavia a idéia que fazemos da Divindade não passa de uma criação subjetiva nossa. E isto independe da nossa vontade, porquanto ao analisarmos, na intimidade da nossa câmara mental, qualquer idéia ou sentimento, estaremos, inevitavelmente, “pintando” uma tela com as “cores” disponíveis nos escaninhos da nossa estrutura psíquica construída ao longo das múltiplas e sucessivas experiências vividas em nosso já extenso passado espiritual.

Informa a doutrina espírita que "Deus é a inteligência suprema, a causa primária de todas as coisas". Tal "definição" do indefinível é uma clara tentativa de desantropomorfizar a idéia que fazemos da Divindade, de levar-nos a entender que o Criador não é aquele super-homem criado por nós à nossa imagem e semelhança.

Quanto à existência de Deus, entendemos que pode ser deduzida ao buscarmos o elemento causal da vastidão infinita do cosmo, ou quando nos perguntamos sobre a origem da Vida. Como disse Einstein, "Deus é a lei e o legislador do Universo".

Muita descrença advém do acanhamento das doutrinas que apresentam um deus temível, faccioso, injusto, que quer ser bajulado como se fosse um tirano vaidoso e cruel. Este deus impiedoso, que pode condenar suas criaturas a penas infernais e eternas, é fruto da imaginação de mentes dogmáticas, sectárias ou mal-intencionadas, que se projetam numa imagem distorcida e caricatural do Criador.

Por ora, fiquemos com o Deus misericordioso e bom de que nos fala Jesus, segurando-nos “nas mãos carinhosas do Pai nosso que está nos Céus”, tal como recomendado na sábia metáfora do meigo profeta da Galiléia.

Todavia, mais de dois milênios após termos sido visitados pelo Excelso Mestre, podemos hoje guardar conosco a certeza de que Deus, em sua perfeição absoluta, transcende a toda e qualquer concepção humana e é muito mais e melhor do que podemos conceber ou imaginar.

Aureci Figueiredo Martins – aureci@globo.com