segunda-feira, 26 de julho de 2010

O ESPIRITISMO E A FRANCO-MAÇONARIA



(Sociedade Espírita de Paris, 25 de fevereiro de 1864)

Nota – Nesta sessão foram dirigidos agradecimentos ao Espírito Guttemberg, com o pedido de tomar parte em nossas conversas, quando julgasse conveniente.

Na mesma sessão, a presença de vários dignitários estrangeiros da Ordem Maçônica motivou a seguinte pergunta: Que concurso o Espiritismo pode encontrar na Franco-maçonaria?

Várias dissertações foram obtidas sobre o assunto.

I

Senhor Presidente, agradeço o vosso amável convite. É a primeira vez que uma de minhas comunicações é lida na Sociedade Espírita de Paris e, espero, não será a última.

Talvez tenhais achado em minhas reflexões, um tanto longas sobre a imprensa, alguns pensamentos que não aprovais completamente. Mas, refletindo na dificuldade que sentimos ao nos pormos em relação com os médiuns e utilizar as suas faculdades, havereis de passar de leve sobre certas expressões ou modo de dizer, que nem sempre dominamos. Mais tarde a eletricidade fará a sua revolução mediúnica, e como tudo será mudado na maneira de reproduzir o pensamento do Espírito, não mais encontrareis essas lacunas por vezes lamentáveis, sobretudo quando as comunicações são lidas diante de estranhos.

Falastes da franco-maçonaria, e tendes razão de nela esperar encontrar bons elementos. O que se pede a todo maçom iniciado? Crer na imortalidade da alma, no Divino Arquiteto e em seres benfeitores, devotados, sociáveis, dignos e humildes. Ali se pratica a igualdade na mais larga escala. Há, pois, nessas sociedades uma afinidade com o Espiritismo de tal modo evidente que salta aos olhos.

A questão do Espiritismo foi posta na ordem do dia em várias lojas e eis o resultado: leram volumosos relatórios muito complicados a este respeito, mas não o estudaram a fundo, o que fez que nisto, como em muitas outras coisas, discutissem um tema que não conheciam, julgando por ouvir dizer, mais do que pela realidade. Entretanto, muitos maçons são espíritas e trabalham bastante na propagação dessa crença. Todos escutam, e se o hábito diz: Não, a razão diz: Sim.

Esperai, então, porque o tempo é um aliciador sem igual; por ele as impressões se modificam e, necessariamente, no vasto campo dos estudos, abertos nas lojas, o estudo espírita entrará como complemento; isto já está no ar. Riram, falaram; não riem mais, meditam.

Assim, tereis um seminário espírita nessas sociedades essencialmente liberais. Por elas entrareis plenamente neste segundo período, que deve preparar os caminhos prometidos. Os homens inteligentes da maçonaria vos bendirão por sua vez, pois a moral dos Espíritos dará um corpo a esta seita tão comprometida, tão temida, mas que tem feito mais bem do que se pensa.

Tudo tem um parto laborioso, uma afinidade misteriosa; e se isto existe para o que perturba as camadas sociais, é muito mais verdadeiro para o que conduz o progresso moral dos povos.

Guttemberg (Médium: Sr. Leymarie)

(Revista Espírita, abril de 1864)

sábado, 17 de julho de 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

O que ensina o Espiritismo?


Vinícius Lousada



Para responder a pergunta é importante esclarecer que o Espiritismo é uma doutrina filosófica e moral nascida em meados do séc. XIX, sendo fruto do trabalho científico do Prof. Rivail, pedagogo francês e discípulo de Pestalozzi, que se ocupou de investigar o fenômeno espírita e dele extrair – pela narrativa dos habitantes do mundo dos Espíritos que nos cerca – o conjunto de ensinamentos dos Espíritos Superiores.

Desse modo, o leitor já pode deduzir que o Espiritismo tem por princípio filosófico a imortalidade da alma, tanto quanto, a comunicabilidade entre os que jazem na carne e os que já partiram para a vida espiritual. Não se trata de mera especulação, é o exercício da mediunidade, ao longo da História da humanidade, que indica a inexistência da morte e a realidade existencial de além túmulo, onde cada um experimenta no tribunal da própria consciência o fruto de suas ações.

Somos Espíritos transitoriamente mergulhados pelo mecanismo da reencarnação num corpo físico, vivendo uma experiência corpórea entre tantas vividas e outras mais que viveremos em prol de nossa ascensão espiritual, num crescente aprendizado das leis morais da vida, ou seja, das diretrizes do Pai Celestial.

O corpo é uma abençoada roupagem que merece cuidado e gratidão, no entanto, as nossas riquezas maiores superam as coisas impermanentes, são as da inteligência e do sentimento que deverão ser cultivadas para que em nós brilhe a luz do bem.

Nossa família é um excelente educandário, na configuração que ela se apresentar. É nesse laboratório de sociabilidade transcendente que aprendemos a lição da cooperação e do amor. O Espiritismo nos ensina a amar a nossa família, valorizando-a.

Com Kardec, Deus passa a ser compreendido como a Inteligência Suprema, Causa Primeira de todas as coisas, de todas as casas planetárias no Universo, cuidando de tudo e todos, sem as predileções pintadas pela religiosidade matizada de imperfeições.