quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Artigos científicos no portal da FEB


No portal da Federação Espírita Brasileira é possível acessar artigos centíficos de diferentes áreas do conhecimento sobre a temática espírita.


Bons estudos!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Médiuns Especiais - Allan Kardec


A experiência prova diariamente quanto são numerosas as variedades da faculdade mediúnica, mas também nos prova que os diversos matizes dessa faculdade são devidos a aptidõesespeciais ainda não definidas, abstração feita das qualidades e dos conhecimentos do Espírito que se manifesta.

A natureza das comunicações é sempre relativa à natureza do Espírito e traz o cunho de sua elevação ou de sua inferioridade, de seu saber ou de sua ignorância. Mas, considerando-se o mesmo mérito, do ponto de vista hierárquico, nele há, incontestavelmente, uma propensão para ocupar-se de uma coisa, em vez de outra. Os Espíritos batedores, por exemplo, quase não saem das manifestações físicas. Entre os que dão manifestações inteligentes, há Espíritos poetas, músicos, desenhistas, moralistas, sábios, médicos, etc. Falamos de Espíritos de uma ordem média, porquanto, chegados a um certo grau, as aptidões se confundem na unidade da perfeição. Mas, ao lado da aptidão do Espírito, há também a do médium que, para o primeiro, é um instrumento mais ou menos cômodo, mais ou menos flexível, e no qual descobre qualidades particulares que não podemos apreciar.

Façamos uma comparação: Um músico muito hábil tem em mãos vários violinos; para o vulgo, são todos bons, mas entre os quais o artista consumado faz uma grande diferença. Capta matizes de extrema delicadeza, que o levam a escolher uns e rejeitar outros, matizes que compreende por intuição, mas que é incapaz de definir. O mesmo se dá em relação aos médiuns: para idênticas qualidades na força mediúnica, o Espírito dará preferência a este ou àquele, conforme o gênero de comunicação que queira dar. Assim, por exemplo, vemos pessoas que escrevem, como médiuns, poesias admiráveis, embora em condições ordinárias jamais tenham conseguido fazer um verso; outros, ao contrário, são poetas, mas, como médiuns, só escrevem prosa, apesar de seu desejo. O mesmo se dá com o desenho, a música, etc. Também há os que, sem conhecimentos científicos próprios, têm uma aptidão toda particular para receber comunicações científicas; outros, para estudos históricos; outros servem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos moralistas. Numa palavra, seja qual for a flexibilidade do médium, as comunicações que recebe com mais facilidade têm geralmente um sinete especial. Alguns, até, não saem de um certo círculo de idéias e, quando dele se afastam, só obtêm comunicações incompletas, lacônicas e freqüentemente falsas. Excetuando-se as causas de aptidão, os Espíritos ainda se comunicam, com maior ou menor boa vontade, por tal ou qual intermediário, conforme as suas simpatias. Assim, considerando-se a mesma igualdade de aptidões, o mesmo Espírito será muito mais explícito através de certos médiuns, pelo simples fato de que esses lhes convêm melhor.

Portanto, incorreríamos em erro se, pelo simples fato de termos um bom médium à mão, que escrevesse com facilidade, pudéssemos, por seu intermédio, obter boas comunicações de todos os gêneros. A primeira condição para obter-se boas comunicações é, sem contradita, assegurar-se da fonte de onde emanam, isto é, das qualidades do Espírito que as transmite; mas não é menos importante levar em conta as qualidades do instrumento oferecido ao Espírito. É necessário, pois, estudar a natureza do médium, como se estuda a do Espírito, pois aí estão os dois elementos essenciais para se obter resultados satisfatórios. Há um terceiro que desempenha um papel igualmente importante: a intenção, o pensamento íntimo, o sentimento mais ou menos louvável de quem interroga; e isto se concebe. Para que uma comunicação seja boa, é preciso que emane de um Espírito bom; para que esse Espírito bom possa transmiti-la, é necessário um bom instrumento; para que a queira transmitir, é preciso que o objetivo lhe convenha. Lendo o pensamento, o Espírito julga se a pergunta que lhe é feita merece uma resposta séria e se a pessoa que a dirige é digna de recebê-la. Caso contrário, não perde o tempo em semear bons grãos em terra imprópria; e é então que os Espíritos levianos e zombadores aproveitam o campo, deixado livre, porquanto, pouco se importando com a verdade, não hesitam em fazê-lo, e geralmente são muito pouco escrupulosos quanto aos fins e aos meios.

De acordo com o que acabamos de dizer, compreendesse que deve haver Espíritos, por gosto ou pela razão, mais especialmente ocupados com o alívio da humanidade sofredora; que, paralelamente, deve haver médiuns mais aptos que outros a lhes servirem de intermediários. Ora, como esses Espíritos agem exclusivamente com vistas ao bem, devem procurar em seus intérpretes, além da aptidão que poderia ser chamada fisiológica, certas qualidades morais, entre as quais figuram, em primeira linha, o devotamento e o desinteresse. A cupidez sempre foi, e será sempre, um motivo de repulsa para os Espíritos bons e uma causa de atração para os outros. É admissível possa o bom-senso aceitar que os Espíritos superiores se prestem a todas as combinações de interesse material e que estejam às ordens do primeiro que aparecer, pretendendo explorá-los? Os Espíritos, sejam quais forem, não querem ser explorados; e, se alguns parecem estar de acordo, se mesmo se adiantam a certos desejos demasiado mundanos, quase sempre têm em vista uma mistificação, de que se riem depois, como de uma boa peça pregada a gente muito crédula. Ademais, talvez não seja inútil que alguns queimem os dedos, a fim de aprenderem que não se deve brincar com coisas sérias.

Seria o caso de falarmos aqui de um desses médiuns privilegiados, que os Espíritos curadores parece haverem tomado sob seu patrocínio direto. A Srta. Désirée Godu, que reside em Hennebon (Morbihan), goza, a este respeito, de uma faculdade verdadeiramente excepcional, que utiliza com a mais piedosa abnegação. Sobre isto já dissemos algumas palavras num relatório das sessões da Sociedade, mas a importância do assunto merece um artigo especial, que teremos a satisfação de lhe consagrar em nosso próximo número. À parte o interesse que se liga ao estudo de toda faculdade rara, sempre consideramos como um dever dar a conhecer o bem e fazer justiça a quem o pratica.



(Revista Espírita, fevereiro de 1860)

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Educação e Ambiente





 
Vinícius Lousada



A ecologia não deverá ser dissociada da educação, a fim de que alcance os seus enobrecidos objetivos sobre o mundo.- Camilo

A temática ambiental é uma das questões que mais está em voga na atualidade. É pauta de discussões e ações dos movimentos sociais, consiste em conteúdo nas escolas, faz-se tônica na produção de algumas leis em defesa do ambiente, dos seres vivos e, ao mesmo tempo, impõe-se como assunto prioritário nos encaminhamentos e definições sobre desenvolvimento nas sociedades humanas.

Marcada por múltiplas tendências teóricas e metodológicas, pela heterogeneidade de princípios, as ações coletivas que delineiam o ambientalismo têm em comum a defesa e preservação da vida em nossa Casa Planetária.

Infinidade de almas, centradas na concepção da Natureza como um bem, afinadas com um sentimento de profundo respeito em relação à Mãe-Terra, têm se disposto a lutar, mediante suas práxis, pela construção de políticas públicas, de elaboração de órgãos oficiais e não-governamentais de orientação local e global, na tentativa de propor meios alternativos de desenvolvimento sócio-econômico que entenda a vida como um valor em si mesma.

Inspirados por inteligências enobrecidas do mais-além, esses lidadores da questão ambiental vêm estruturando tratados entre governos, cartas de compromisso por parte dos povos, promovendo e pesquisando meios de educar as massas e inverter a lógica egotista do “lucro sem freios” geratriz de tanta destruição, cumprindo todos nobilitantes tarefas junto a esta digna causa.

Esses Espíritos comprometidos com a questão ambiental dão à vida a sua contribuição, tentando sensibilizar seus pares, alertando-os dos riscos do enfraquecimento da camada de Ozônio, do desmatamento da Amazônia e de outras florestas, despertá-los para a realidade da futura escassez da água potável causada pela poluição e desperdício das águas; ou, ainda, à proteção de espécies quase extintas e dos ecossistemas – viveiros naturais de várias espécies, etc.

Quando Allan Kardec interrogou aos Espíritos da Codificação sobre o “Que se deve pensar da destruição, quando ultrapassa os limites que as necessidades e a segurança traçam?” Alcançou uma alarmante resposta da qual reproduzirei a parte que nos interessa na questão. Dizem os Espíritos: “Predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus.(...) [o homem] Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.” (1)

Desta forma, notamos na elucidação dos Espíritos que a humanidade se atira à destruição indevida do seu oikos (casa) porque se deixa dirigir por sua remanescente bestialidade, ou seja, pela animalidade que ainda conduz no imo da alma, herdeira que é da conduta moral que historicamente tem se afeiçoado.

Abusando de sua liberdade de pensar e agir, dando vez à sua inferioridade, é que os homens e as mulheres dão-se ao luxo de agredir seu Planeta, de eliminar a vida em suas formas mais singelas às mais complexas e é assim que acabam por violar a Lei Natural, desequilibrando a harmonia do sistema em que vivem – sistema complexo que não deve ser compreendido apenas como a soma de suas partes, mas também como as inter-relações entre suas partes e destas com a totalidade –, gerando desmedida destruição da qual, pela lei de causa e efeito, receberão as conseqüências no circuito das vidas sucessivas.

Penso que precisamos nos conscientizar de que “Compartilhamos a vida com outros seres da vida, somos todos o todo e a parte de uma mesma dimensão de tudo o que existe.” (2) Vivemos em interdependência relacional com os demais seres vivos existentes e com os outros de nossa espécie, por isso, nesse compartilhar e conviver da existência, influenciamos e somos influenciados pelos outros, pelo nosso ecossistema, bem como pelo produto de nossas ações sobre a Natureza. E em virtude de um axioma básico da vida, desculpem-me a obviedade, colhemos o que plantamos em tudo o que fazemos.

Isto me faz recordar uma célebre afirmação atribuída a um chefe indígena americano que a teria postulado nestes termos: “Tudo está entrelaçado. Tudo o que acontece à terra, acontecerá aos filhos da terra. O homem não teceu a trama da vida, ele é apenas um fio.” (3) Ou seja, por causa de nossa intrincada conexão com a realidade objetiva que nos cerca, toda ação destrutiva, aviltadora dos recursos naturais ou do que é pertinente à vida alheia, cedo ou tarde, chegar-nos-á mediante seus funestos resultados.

Nesta lógica, a crise ambiental vigente é, sem sombra de dúvida, efeito de um racionalismo a serviço de uma lucratividade inconseqüente que, nas atitudes implementadas, tem desconsiderado esse princípio da sabedoria dos povos indígenas.

No entanto, uma consciência ambiental, se assim posso me exprimir, não pode ser forjada com a mera transmissão de informações, ela exige a construção de atitudes mais respeitosas com o ambiente, pede intervenções educativas que considerem os saberes ecológicos e que promovam a assunção dos educandos como sujeitos viventes num mundo com outros seres vivos, sabedores da responsabilidade advinda do reconhecimento de sua natureza espiritual e, da mesma forma, da finalidade educativa de sua estada temporária na Terra.

Outro aspecto que envolve a urgente temática da ecologia é que esta não pode esquecer em seus reclames o ser humano, não somente no sentido de formatar nova mentalidade junto dele, no que toca ao “amor ao verde”, mas também com a própria vida humana em sua complexa presença.

É de importância ímpar que levemos em conta a questão do cuidado com os nossos irmãos em humanidade, sobretudo aqueles a quem a pobreza lhes é impingida, expondo-os facilmente aos riscos da sórdida expansão do egoísmo globalizado.

São estes e estas que algemados ao problema ambiental da fome, da miséria, do trabalho escravo ainda existente, que precisam de uma definição nossa ou daqueles que se dizem cristãos na luta contra o egoísmo, “essa lepra que se deve atribuir o fato de não haver ainda o Cristianismo desempenhado por completo a sua missão.” (4)

Convidados por Cristo a edificarmos o Reino em nossa intimidade, meditemos, pois, nas proposições que nos permitem as reflexões espíritas sobre a temática ambiental, buscando fazer a nossa bestialidade destrutiva ceder à natureza espiritual que possuímos, propulsionadora de dias melhores na História de todos nós.

(1) O Livro dos Espíritos, questão 735.


(2) BRANDÃO, Carlos R. Em campo aberto: escritos sobre a educação e a cultura popular. São Paulo: Cortez, 1995, p. 223.

(3) LEFF, Enrique. Saber ambiental: sustentabilidade, racionalidade, complexidade, poder. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2001, p. 30.

(4) O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XI, item 12.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

A reencarnação na turma da Mônica

Como disse oportunamente Kardec, "o Espiritismo está no ar". Veja essa bela e instrutiva estória do Maurício de Souza sobre a reencarnação clicando em http://www.monica.com.br/comics/reencarnacao/