sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A beneficência

A mulher rica, feliz, que não tem necessidade de empregar o seu tempo nos trabalhos da casa, não pode dedicar algumas horas ao serviço do próximo? Que, com as sobras dos seus gastos felizes, compre agasalhos para o infeliz que tirita de frio; com suas mãos delicadas, confeccione roupas grosseiras, mas quentes, e ajude a mãe pobre a vestir o filho que vai nascer. Se o seu filho, com isso, ficar com alguns rendados de menos, o daquela terá mais calor. Trabalhar para os pobres é trabalhar na Vinha do Senhor.

E tu, pobre operária, que não dispõe de sobras, mas que desejas, no amor por teus irmãos, dar também um pouco do que possuis, oferece algumas horas do teu dia, do teu tempo, que é o teu único tesouro. Faze alguns desses trabalhos elegantes que tentam os felizes, vende o produto dos teus serões, e poderás também proporcionar, a teus irmãos a tua parte de alívio. Terás, talvez, algumas fitas a menos, mas darás sapatos aos que vivem descalços.

E vós, mulheres devotadas a Deus, trabalhai também para as vossas obras piedosas, mas que os vossos trabalhos delicados e custosos não sejam feitos apenas para ornar as vossas capelas, ou para atrair a atenção sobre a vossa habilidade e paciência. Trabalhai, minhas filhas, e que o resultado de vossas obras seja consagrado ao alívio de vossos irmãos em Deus. Os pobres são os Seus filhos bem-amados: trabalhar por eles é glorificá-Lo. Sede os instrumentos da Providência, que diz: Às aves do céu, Deus dá o alimento. Que o ouro e a prata, tecidos pelos vossos dedos, se transformem em roupas e provisões para os necessitados. Fazei isso, e o vosso trabalho será abençoado.

E todos vós, que podeis produzir, dai: dai o vosso gênio, dai as vossas inspirações, dai o vosso coração, que Deus vos abençoará. Poetas, literatos, que sois lidos somente pela gente de sociedade, preenchei os seus lazeres, mas que o produto de algumas de vossas obras seja destinado ao alívio dos infelizes. Pintores, escultores, artistas de todos os gêneros, que vossa inteligência venha também ajudar os vossos irmãos: não tereis menos glória por isso, e eles terão alguns sofrimentos a menos.

Todos vós podeis dar: a qualquer classe a que pertençais, tereis sempre alguma coisa que pode ser dividida. Seja o que for que Deus vos tenha dado, deveis uma parcela aos que não têm sequer o necessário, pois, em seu lugar ficaríeis contentes, se alguém dividisse convosco. Vossos tesouros da terra diminuirão um pouco, mas vossos tesouros do céu serão mais abundantes: colhereis pelo cêntuplo, lá em cima, o que semeardes em benefícios aqui em baixo.

João


Bordeaux, 1861


(O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XII, item 16)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Revista Espirita (FEB) para download





A FEB acaba de disponibilizar para download gratuito a sua tradução da Revista Espírita publicada pelo mestre Allan Kardec de 1858 a 1869.

Ao leitor que queria ter acesso a esse material que é um verdadeiro curso dinâmico de Espiritismo basta clicar em: http://www.febnet.org.br/site/livros.php?SecPad=370&Sec=406

Bons Estudos!

Estudando Kardec

domingo, 18 de outubro de 2009

O Espiritismo é uma ciência positiva


"O Espiritismo, eu o repito, em demonstrando, não por hipótese, mas por fatos, a e-xistência do mundo invisível, e o futuro que nos espera, muda totalmente o curso das i-déias; dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque ele não trabalha mais somente para o presente, mas para o futuro; sabe que se não goza hoje, gozará amanhã. Demonstrando a ação do elemento espiritual sobre o mundo material, alarga o domínio da ciência e abre, por isso mesmo, um novo caminho ao progresso material. O homem terá, então, uma base sólida para o estabelecimento da ordem moral sobre a Ter-ra; compreenderá melhora solidariedade que existe entre os seres deste mundo, uma vez que essa solidariedade se perpetua indefinidamente; a fraternidade não é mais uma pala-vra vã; ela mata o egoísmo em lugar de ser morta por ele, e muito naturalmente o homem, imbuído dessas idéias, nisso conformará às suas leis e suas instituições sociais.


O Espiritismo conduz inevitavelmente a essa reforma; assim se cumprirá, pela força das coisas, o revolução moral que deve transformar a Humanidade e mudar a face do mundo, e isso tudo simplesmente pelo conhecimento de uma nova lei da Natureza que dá um outro curso às idéias, que dá um resultado a esta vida, um objetivo às aspirações do futuro, e faz encarar as coisas de um outro ponto de vista.

Se os detratores do Espiritismo - falo daqueles que militam para o progresso social, dos escritores que pregam a emancipação dos povos, a liberdade, a fraternidade e a re-forma dos abusos - conhecessem as verdadeiras tendências do Espiritismo, a sua impor-tância e seus resultados inevitáveis, em lugar de abafá-lo como o fazem, de lançar sem cessar entraves em seu caminho, nele veriam a mais poderosa alavanca para chegar à destruição dos abusos que combatem; em lugar de lhe serem hostis, o aclamariam como um socorro providencial; infelizmente, a maioria crê mais neles do que na Providência. Mas a alavanca age sem eles e apesar deles, e a irresistível força do Espiritismo nisso será tanto melhor constatada quanto tiver tido mais a combater. Um dia dir-se-á deles, e isso não será à sua glória, o que dizem eles mesmos daqueles que combateram o movimento da Terra e daqueles que negaram a força do vapor. Todas as negações, todas as perseguições, não impediram essas leis naturais de seguir o seu curso; do mesmo modo todos os sarcasmos da incredulidade não impedirão a ação do elemento espiritual que é também uma lei da Natureza.

O Espiritismo, considerado dessa maneira, perde o caráter de misticismo que lhe censuram seus detratores, aqueles pelo menos que não o conhecem; não é mais a ciên-cia do maravilhoso e do sobrenatural ressuscitada, é o domínio da Natureza enriquecido de uma lei nova e fecunda, uma prova a mais do poder e da sabedoria do Criador; são, enfim, os limites dos conhecimentos humanos recuados.

Tal é, em resumo, senhores, o ponto de vista sob o qual é preciso encarar o Espiri-tismo. Nesta circunstância, qual foi o meu papel? Não foi nem o de inventor, nem o de criador; eu vi, observei, estudei os fatos com cuidado e perseverança; coordenei-os e lhes deduzi as conseqüências: eis toda a parte que nisso me toca; o que fiz, um outro teria podido fazê-lo em meu lugar. Em tudo isso fui um simples instrumento dos desígnios da Providência, e dou graças a Deus e aos bons Espíritos por terem consentido em se servirem de mim; é uma tarefa que aceitei com alegria, e da qual me esforço para me tornar digno, rogando a Deus me dar as forças necessárias para cumpri-la segundo a sua santa vontade. No entanto, esta tarefa é pesada, mais pesada do que ninguém pode crer; se ela tem para mim algum mérito, é que tenho a consciência de não ter recuado diante de nenhum obstáculo, nem de nenhum sacrifício; essa será a obra de minha vida até meu último dia, porque diante de um objetivo tão importante, todos os interesses materiais e pessoais se apagam, como os pontos diante do infinito.

Termino esta curta exposição, senhores, dirigindo felicitações sinceras àqueles de nossos irmãos da Bélgica, presentes ou ausentes, cujo zelo, devotamento e perseverança contribuíram para implantar o Espiritismo neste país. As sementes que depositaram nos grandes centros populacionais, tais como Bruxelas, Anvers, etc., não terão sido, disso estou seguro, lançadas sobre um solo estéril."
 
(Trecho do artigo "O Espiritismo é uma ciência positiva" de Allan Kardec na Revista Espírita de novembro de 1864)

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A Melancolia


25 – Sabeis por que uma vaga tristeza se apodera por vezes de vossos corações, e vos faz sentir a vida tão amarga? É o vosso Espírito que aspira à felicidade e à liberdade, mas, ligado ao corpo que lhe serve de prisão, se cansa em vãos esforços para escapar. E, vendo que esses esforços são inúteis, cai no desânimo, fazendo o corpo sofrer sua influência, com a languidez, o abatimento e uma espécie de apatia, que de vós se apoderam, tornando-vos infelizes.


Acreditai no que vos digo e resisti com energia a essas impressões que vos enfraquecem a vontade. Essas aspirações de uma vida melhor são inatas no Espírito de todos os homens, mas não a busqueis neste mundo. Agora, que Deus vos envia os seus Espíritos, para vos instruírem sobre a felicidade que vos está reservada, esperai pacientemente o anjo da libertação, que vos ajudará a romper os laços que mantém cativo o vosso Espírito. Pensai que tendes a cumprir, durante vossa prova na Terra, uma missão de que já não podeis duvidar, seja pelo devotamento à família, seja no cumprimento dos diversos deveres que Deus vos confiou.

E se, no curso dessa prova, no cumprimento de vossa tarefa, virdes tombarem sobre vós os cuidados, as inquietações e os pesares, sede fortes e corajosos para os suportar. Enfrentai-os decisivamente, pois são de curta duração e devem conduzir-vos junto aos amigos que chorais, que se alegrarão com a vossa chegada e vos estenderão os braços, para vos conduzirem a um lugar onde não têm acesso às amarguras terrenas.


(O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. V)