segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O amor cobre a multidão de pecados


(I-Pedro, 4:8)

Por Jorge Saes (*)

O que responderiam hoje, os espíritas, se perguntados pelas razões que levaram Mônica a orar, por anos, pela conversão de seu filho amado, Agostinho? Certamente que se esta pergunta fosse proferida em uma oficina de trabalho realizada dentro do Movimento Espírita, uma mão mais afoita se levantaria para, depressa, responder: “O AMOR”.

Sim! Sem dúvidas, concordaríamos: o amor. Trazemos as respostas na ponta da língua, estagiários do aprendizado teórico na atual escala da evolução coercitiva. Quando, porém, chamados ao pleno exercício do conhecimento na escola da vida, na exigência constante na interação social, nos grupos ou casas que fomos levados pela ação da própria lei, a resposta, que ontem foi imediata, hoje poderá mostrar-se lenta, e às vezes tarda em sua execução.

E isso poderá ocorrer por possível erro de interpretação das lições e dos princípios básicos da Doutrina dos Espíritos. O Espírito Eros, por Divaldo Pereira Franco, no opúsculo: “Em algum lugar no futuro”, disserta sobre a vida de um homem que se considerava “Mestre” – um enviado - verdadeiro missionário das esferas superiores – pronto para iluminar os pensamentos do plano terrestre.

Em um dos capítulos, sobre o “Conhecimento Sem Amor”, relata a seguinte estória: “O mestre, recolhido em meditação, assemelhava-se a uma flor de lótus em pleno desabrochar. Ensinando, o canto da sua voz evocava o ciclo da brisa nas folhagens umedecidas pelo sereno da noite. Os discípulos, à sua volta, enterneciam-se, aprendendo a conquistar o caminho da elevação”. Segue o Espírito Eros, apresentando o dedicado homem que, não desprezando oportunidade alguma para ensinar, propôs uma caminhada pelos arredores da cidade para demonstrar aos aprendizes, ao vivo, “A Lei de Justiça” trabalhando vidas rebeldes.

No caminho, depararam-se com várias realidades. Encontrando um irmão desprovido da luz em seus olhos, ensinou: “Aquele cego recupera, na sombra, o mau uso da visão em outra vida”. Adiante, “este paralítico educa as pernas que o levaram ao crime noutra existência. Este imbecil recompõe a mente que explorou e vilipendiou em jornada pretérita. Os esfaimados, que se entredevoram, nos montes de lixo, ali, buscando detritos para se alimentarem, disciplinam os estômagos viciados pelos excessos”...enfim.

Ante o quadro comovedor, um jovem discípulo, sensibilizado pelo amor que lhe brotava na alma sonhadora, interrogou: - “Não poderíamos fazer algo em favor desses infelizes que, afinal, são nossos irmãos?” A resposta, por lógica, a teríamos prontamente, à luz do evangelho de Jesus. Mas não foi a que pensamos. Foi outra, como veremos: - “De forma alguma – bradou o homem que sabia. – Eles resgatam e devem sofrer o mal que fizeram. Ajudá-los, seria prejudicar o cumprimento das leis...Deixemo-los e cuidemos de evoluir, em nossa meditação e abandono do mundo...”

Diz-nos o Espírito Eros: “O séquito prosseguiu, e o tempo venceu o ciclo das horas. O mestre morreu, e um dia, não obstante houvesse conhecido a técnica da reencarnação, volveu ao proscênio terrestre, sob dificuldades morais e mentais muito severas, como decorrente do egoísmo que minava as fibras da alma e da indiferença pela dor do próximo, que lhe enregelava o sentimento”.

É constante no meio espírita sentirmos por vibrações, entre palavras, pensamentos neste mesmo sentido: “Que se cumpra a lei – seu estado atual é este! É por sua própria culpa! Deixemo-lo à própria sorte! O sofrimento faz parte de seu aprendizado! Terá que beber no cálice da vida o sabor do suco amargo de atos de seu passado menos feliz” – é o libelo - é a sentença. Com Mateus, Cap. 9:13, porém, não foram estas as palavras de Jesus, mas outras: “Ide, porém, e aprendei o que significa: misericórdia quero e não sacrifício...”

(*) Bageense radicado em Torres-RS.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

A IMPRENSA




(Comunicação espontânea – Sociedade Espírita de Paris, 19 de fevereiro de 1864 – Médium: Sr. Leymarie)

A imprensa foi inventada no século quinze. Como tantas outras invenções, conhecidas ou  desconhecidas, foi preciso tomar a taça e beber o fel. Não venho a vós, espíritas, para contar meus dissabores e sofrimentos; porque naqueles tempos de ignorância e de tristeza, em que vossos pais tinham sobre o peito o pesadelo chamado feudalismo e uma teocracia cega e ciosa de seu poder, todo homem de progresso tinha cabeça demais. Quero apenas dizer-vos algumas palavras a respeito de minha invenção, de seus resultados e de sua afinidade espiritual convosco, com os elementos que fazem vossa força expansiva.

A revolução-mãe, que trazia em seus flancos o modo de expressão da Humanidade, despojando o pensamento humano do passado, de sua pele simbólica, é invenção da imprensa. Sob essa forma o pensamento mistura-se no ar, espiritualiza-se, será indestrutível. Senhora dos séculos futuros, alça seu vôo inteligente para ligar todos os pontos do espaço e, desde esse dia, domina a velha maneira de falar. Os povos primitivos necessitavam de monumentos representando um povo, montanhas de pedra dizendo aos que sabem ver: Eis minha religião, minha fé, minhas esperanças, minha poesia.

Com efeito, a imprensa substitui o hieróglifo; sua linguagem é acessível a todos, seus apetrechos são leves; é que um livro não pede senão um pouco de papel, um pouco de tinta, algumas mãos, ao passo que uma catedral exige várias vidas de um povo e toneladas de ouro.

Permiti, aqui, uma digressão. O alfabeto dos primeiros povos foi composto de pedaços de rocha, que o ferro não havia tocado. As pedras erguidas pelos Celtas também se encontram na Sibéria e na América. Eram lembranças humanas confusas, escritas em monumentos duráveis. O galgal hebreu, os crombels, os dólmens, os túmulos, mais tarde exprimiram palavras.

Depois vieram a tradição e o símbolo. Não mais bastando esses primeiros monumentos, criaram o edifício e a arquitetura tornou-se monstruosa; fixou-se como um gigante, repetindo às gerações novas os símbolos do passado. Tais foram os pagodes, as pirâmides, o templo de Salomão.

É o edifício que encerrava o verbo, essa idéia-mãe das nações. Sua forma e sua situação representavam todo um pensamento, e é por isso que todos os símbolos têm suas grandes e magníficas páginas de pedra.

A maçonaria é a idéia escrita, inteligente, pertencente a todos os homens unidos por um símbolo, tomando Iram por patrono e constituindo essa franco-maçonaria tão conspurcada, que trouxe em si o germe da liberdade. Ela soube semear seus monumentos e os símbolos do passado no mundo inteiro, substituindo a teocracia das primeiras civilizações pela democracia, esta lei da liberdade.

Depois dos monumentos teocráticos da Índia e do Egito, vêm suas irmãs, as arquiteturas grega e romana; depois o estilo romano tão sombrio, representando o absoluto, a unidade, o sacerdote; as cruzadas nos trouxeram a ogiva e o senhor quer partilhar, esperando o povo que saberá tomar o seu lugar; o feudalismo vê nascer a comuna e a face da Europa muda, porque a ogiva destrona o românico; o pedreiro torna-se artista e poetisa a matéria; dá-se o privilégio da liberdade na arquitetura, porque então o pensamento só tinha esse modo de expressão. Quantas sedições escritas na fachada dos monumentos! É por isto que os poetas, os pensadores, os deserdados, tudo quanto era inteligente, cobriu a Europa de catedrais.

Como vedes, até o pobre Guttemberg, a arquitetura é a escrita universal. Por sua vez, a imprensa derruba o gótico; a teocracia é o horror do progresso, a conservação mumificada dos tipos primitivos; a ogiva é a transição da noite ao crepúsculo, em que cada um pode ler a pedra facilmente; mas a imprensa é o pleno dia, derrubando o manuscrito, exigindo um espaço mais vasto, que doravante nada poderá restringir.

Como o Sol, a imprensa fecundará o mundo com seus raios benfazejos; a arquitetura não representará mais a sociedade; será clássica e renascentista, e esse mundo de artistas, divorciados do passado, abre rudes brechas nas teogonias humanas, para seguir a rota traçada por Deus; deixa de ser simples artesão dos monumentos da renascença, para se tornar escultor, pintor, músico; a força da harmonia se consome em livros e, já no século dezesseis, é tão robusta, tão forte essa imprensa de Nuremberg, que é o advento de um século literário; é, ao mesmo tempo, Lutero, Jean Goujon, Rousseau, Voltaire; trava na velha Europa esse combate lento, mas seguro, que sabe reconstruir depois de haver destruído.

E agora que o pensamento está emancipado, qual o poder que poderia escrever o livro arquitetural de nossa época?

Todos os bilhões de nosso planeta não bastariam e ninguém poderia reerguer o que está no passado e lhe pertence exclusivamente.

Sem desdenhar o grande livro da arquitetura, que é o passado e o seu ensino, agradeçamos a Deus que sabe, nas épocas propícias, pôr em nosso poder uma arma tão forte, que se torna o pão do Espírito, a emancipação do corpo, o livre-arbítrio do homem, a idéia comum a todos, a ciência, um á-bê-cê que fecunda a terra, tornando-nos melhores. Mas se a imprensa vos emancipou, a eletricidade vos fará verdadeiramente livres; é ela que destronará a imprensa de Guttemberg, para pôr em vossas mãos um poder muito mais temível, e isto em breve.

A ciência espírita, esta salvaguarda da Humanidade, vos ajudará a compreender a nova força de que vos falo. Guttemberg, a quem Deus deu uma missão providencial, sem dúvida fará parte da segunda, isto é, da que vos guiará no estudo dos fluidos.

Logo estareis prontos, caros amigos; não basta, porém, que sejais apenas espíritas fervorosos: também é preciso estudar, a fim de que tudo quanto vos foi ensinado sobre a eletricidade e os fluidos em geral seja para vós uma gramática sabida de cor. Nada é estranho à ciência dos Espíritos; quanto mais sólida a vossa bagagem intelectual, tanto menos vos surpreendereis com as novas descobertas. Devendo ser os iniciadores de novas formas de pensamento, deveis ser fortes e seguros de vossas faculdades espirituais.

Eu tinha, pois, razão de vos falar da minha missão, irmã da vossa. Sois os eleitos entre os homens. Os Espíritos bons vos dão um livro que dá a volta à Terra, mas, sem a imprensa, nada seríeis. Para vós, a obsessão que encobre a verdade aos homens desaparecerá; mas, repito, preparai-vos e estudai para serdes dignos do novo benefício e para saberdes mais inteligentemente que os outros, a fim de o espalhar e tornar aceito.

Guttemberg

Observação – Pela difusão das idéias, que tornou imperecíveis e que espalha aos quatro cantos do mundo, a imprensa produz uma revolução intelectual que ninguém pode ignorar.

Porque esse resultado era entrevisto, ela foi, de início, qualificada por alguns de invenção diabólica; é uma relação a mais que ela tem com o Espiritismo, e da qual Guttemberg deixou de falar. De fato pareceria, a dar ouvidos a certa gente, que o diabo detém o monopólio das grandes idéias: todas as que tendem a fazer a Humanidade dar um passo lhe são atribuídas. Sabe-se que o próprio Jesus foi acusado de agir por intermédio do demônio que, na verdade, deve orgulhar-se de todas as boas e belas coisas que retiram de Deus para lhas atribuir. Não foi ele quem inspirou Galileu e todas as descobertas científicas que fizeram a Humanidade progredir? Conforme isto, seria preciso que ele fosse muito modesto para não se julgar o dono do Universo.

Mas o que pode parecer estranho é a sua falta de habilidade, pois não há um só progresso da Ciência que não tenha por efeito arruinar o seu império. É um ponto sobre o qual não pensaram bastante.

Se tal foi o poder desse meio de propagação inteiramente material, quão maior não será o do ensino dos Espíritos, comunicando-se em toda parte, penetrando onde o acesso aos livros está proibido, fazendo-se ouvir até pelos que não querem escutar! Que poder humano poderia resistir a tal força?

Esta notável dissertação provocou, no seio da Sociedade, as reflexões seguintes, da parte de um outro Espírito.

REVISTA ESPÍRITA, ABRIL DE 1864

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Palestra de Jerônimo Mendonça Ribeiro.

O vídeo foi postado em cinco partes. Na minha opinião vale a pena ouvir um dos mais "belos traços do Espiritismo", como diria Kardec, nas Terras do Cruzeiro.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Verdades e Verdade

Larissa Carvalho
Historiadora


No capítulo XXI do Evangelho Segundo o Espiritismo, o espírito Luís transmite uma esclarecedora mensagem que contém, em seu âmago, a seguinte frase: “Desconfiai dos que pretendem ter o monopólio da verdade! Não, não, o Cristo não está entre esses, porquanto os que ele envia para propagar a sua santa doutrina e regenerar o seu povo serão, acima de tudo, seguindo-lhe o exemplo, brandos e humildes de coração”.

Esse alerta do espírito Luís refere-se aos falsos Cristos e falsos profestas, mas o monopólio da verdade, na atualidade, não é apenas reivindicado por um sujeito em especial, mas muitas vezes por instituições de muitos indivíduos que pensam usufruir do monopólio da verdade. Vemos isso em associações científicas, em credos religiosos variados, em grupos teórico-doutrinários que pensam serem os únicos detentores do saber absoluto, da verdade universal. Ela, a verdade, não é monopólio de alguns, mesmo que estes considerem-se e sejam considerados, aos olhos materiais do mundo, como notáveis e mesmo sábios.

As palavras do Espírito são claras. Ele nos alerta para desconfiarmos dos que pretendem ter o monopólio da verdade. Isto é, daqueles que se acham os seus únicos detentores. A verdade, assim definida, não é apenas de um grupo, ou de alguns sujeitos. Não são apenas alguns indivíduos que a possuem. Diz um provérbio oriental que a verdade é um espelho que caiu das mãos de Deus aqui na Terra e se espatifou. Cada um de nós toma de um pedaço e crê que toda a verdade está neste caco. Cada um de nós possuímos um “caco” de verdade que é, em realidade, aquilo que refletimos na “verdade” que tomamos para nós, ou seja, enxergamos a verdade mediados pelo nosso modo particular de ver o mundo, pela educação que recebemos, pela cultura em que estamos imersos, pelas experiências reencarnatórias que adquirimos ao longo de nossas vidas sucessivas.

Além do que, conforme nos alerta o Espírito Pascal em comunicação publicada na Revista Espírita de maio de 1865, “há duas verdades: a verdade relativa e a verdade absoluta; a verdade relativa é o que é; a verdade absoluta é o que deveria ser” . O que significa que aquilo que temos como verdade hoje, deve ser sempre inserida em seu contexto histórico-social, diz respeito as coisas mutáveis do mundo. Já a verdade absoluta está intrinsecamente ligada a perfeição do Pai Celeste, portanto, imutável, mas também inalcançável para nós outros.

Assim, não nos é permitido condenar a “verdade” de um irmão, ridicularizando-o por isso ou usando de intolerância para com nosso próximo. Todos possuímos cacos de verdade que somente unidos representarão uma imagem mais próxima do que deve vir a ser a verdade absoluta, que rege nossas vidas imortais e nos traz respostas para tudo e para o que ainda nos é oculto. É a partir da união, da fraternidade entre os espíritos encarnados e desencarnados, das trocas de conhecimento moral, intelectual, de experiências no bem que agiremos com eficiência em busca da verdade.

No entanto, o Pai não nos abandona sem farol no oceano de dúvidas que atracarão no porto da verdade absoluta. Em todos os tempos ele nos envia verdadeiros profetas, no sentido lato da palavra, significando aquele que fala das verdades do Pai. Esses, que vem trazer-nos notícias das verdades eternas, aquelas que nos servirão para o futuro imortal, serão humildes e brandos, isto é, não imporão a verdade, mas falarão dela com ternura, reconhecendo sua pequeneza e de toda a humanidade na Terra. Não se acharão melhores que nós outros, mas verão em cada um de nós irmãos. Eles serão modestos , não bradarão que são os detentores da verdade, nem proporão que compartilhemos dessa verdade de forma privilegiada, porque seus ensinamentos serão visíveis e palpáveis a todos homens e mulheres com ouvidos de ouvir. Mas o que realmente bradará aos nossos corações serão seus atos, seus exemplos, que também não serão alardeados, mas por nós serão reconhecidos. É o bom fruto da árvore boa de que fala Jesus .

Francisco Cândido Xavier pode ser considerado um desses profetas de Deus. Como medianeiro da Espiritualidade com os homens, lembrou-nos das verdades espirituais através das vozes dos Espíritos que, através dele, nos deram notícias do Mundo dos Espíritos e nos alertaram quanto ao que devemos realizar para possuir o Reino de Amor e Paz prometido por Jesus. Esse apóstolo da Verdade nunca exigiu que acreditássemos nele, não intitulou-se Mensageiro, Escolhido, mesmo Profeta de Deus, em nenhum momento considerou salvo os espíritas nem alegou que já sabíamos de tudo. Dizia-se um cisco, brincando com seu próprio belo nome, e nessa simplicidade legou-nos um dos maiores exemplos concretos de amor e devoção ao próximo.

Deduzimos em Chico um Profeta do Pai a quem devemos buscar seguir o exemplo unindo-nos todos verdadeiramente como irmãos que somos a fim de, juntos, seguirmos em rumo ascendente à Verdade Absoluta, pois a verdade relativa, respeitando a Lei do Progresso, deve sempre estar no caminho da estrada correta que nos leva ao Pai. E confiemos Nele, pois se Ele é todo Poder, todo Bondade, todo Amor, Ele é também toda a Verdade que desejamos conhecer para a realização plena da Felicidade a que estamos fadados.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Censo demográfico do IBGE



 RECOMENDAÇÃO AOS ESPÍRITAS

 
Por orientação do presidente Nestor João Masotti, ausente do País em viagem a Nova York, em evento que homenageia Chico Xavier, na sede da ONU, RETIFICAMOS a informação transmitida no dia 2 de agosto, a respeito do Censo demográfico 2010, promovido pelo IBGE.

Diante dos novos esclarecimentos, obtidos em consulta direta ao Órgão, pedimos considerar que, aos pesquisadores do IBGE, poderão ser respondidas as alternativas ligadas ao código 610, todas relacionadas a uma mesma opção: Espírita. A exemplo, poderão ser respondidas as opções Allan Kardec, Cardecismo, Cardecista, Kardecismo, Kardecista, Centro Espírita, Doutrina Espírita, Federação Espírita Brasileira e Espiritismo, entre outras, como estão relacionadas no documento do IBGE que anexamos.



João Pinto Rabelo

Diretor de Comunicação Social da FEB

domingo, 1 de agosto de 2010

Autoconhecimento


Vinícius Lousada


“O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual" (1)


A temática do autoconhecimento é de máxima relevância para todo aquele que deseja trilhar o caminho da paz no planeta interno.

Esse exercício permite ao indivíduo desenvolver um estado de plena consciência ao que se refere às imperfeições morais que precisa corrigir, tendo em vista o processo de aprimoramento pessoal que lhe cabe perseguir, atendendo ao chamado íntimo da busca de plenitude.

Encontramos, em O Livro dos Espíritos, o mais excelente roteiro para esse tentame educativo descrito de forma simples, mas profunda, nas sábias palavras do luminar Santo Agostinho.

Num primeiro momento, o benfeitor espiritual propõe uma atitude de recolhimento interior para que, ao fim do dia, venhamos fazer um questionamento à nossa consciência sobre o modo como realizamos nossas ações e deveres cotidianos.

A forma com que estamos lidando com o dever revela o grau de maturidade já logrado. Espíritos imaturos procuram driblar as exigências do dever bem cumprido, enquanto Espíritos mais desenvolvidos assumem uma atitude radical ante os deveres, fazendo tudo pelo melhor a ser realizado.

Obviamente o autor da resposta à questão 919 do Livro-luz não deixa de destacar o valor da oração como uma ferramenta útil ao processo de conhecer a si mesmo.

A prece é um recurso auxiliar para o sujeito que se dedica à auto-análise e, através dela, ele pode contar com a inspiração de Deus e do seu Espírito Protetor para estudar-se criticamente, a fim de esclarecer-se a respeito do bem ou mal que houvera feito.

Na jornada psicológica para dentro de si, é fundamental a problematização a respeito do conteúdo e do objetivo das nossas atitudes.

No ato de problematizar merecerá atenção “o que” estamos realizando e “onde” queremos chegar agindo desta ou daquela maneira. Como diz o próprio Santo Agostinho: “Formulai, pois, de vós para convosco, questões nítidas e precisas e não temais multiplicá-las.” (2) 

Cabe-nos investigarmos se estamos agindo eticamente, ou seja, se o objetivo e conteúdo de uma certa atitude atendem à diretriz ética de levarmos em conta a felicidade de todos os seres sencientes.

Quanto às conseqüências de nossas atitudes, há a sugestão de que as examinemos mediante alguns crivos indispensáveis ao juízo de valor, o mais perfeito possível. Temos obrado dentro das orientações que a consciência aponta como expressão fiel das Divinas Leis? Como agimos em relação ao próximo nas mais diversas circunstâncias? Trabalhamos a favor de nossa felicidade ou contra ela?

Nosso Mestre Jesus afirmou, oportunamente, que “cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto.” (3) Portanto, o exame ético das atitudes e de seus resultados concederá àquele que se investiga a possibilidade de reconhecer, sem os véus da ilusão, a sua condição espiritual através da identificação dos elementos que cultiva no âmbito de sua natureza moral.

O Espírito Agostinho nos alerta para darmos a devida atenção às respostas que surgem na mente. Elas nos darão tranqüilidade ou “a indicação de um mal que precise ser curado.”

Despertos ao imperativo de jornadearmos conscientemente o processo da evolução, será de bom alvitre a assunção do dever de perscrutarmos corajosamente a consciência com questões claras e precisas.

Naturalmente, as dúvidas surgirão no transcorrer dessa caminhada em direção à autoconscientização. Nosso ego produz mecanismos de defesa que nos induzem à percepção errada sobre nós mesmos, desviando-nos do auto-encontro, postergando essa tarefa libertadora rumo ao mais profundo do ser. E, nesse caso, o que fazer?

Segundo a questão em análise, podemos lançar mão da seguinte estratégia: inquirirmo-nos sobre como qualificaríamos determinada ação, realizada por nós mesmos, se fosse feita por outra pessoa.

Por outro lado, apresentar a dúvida aos nossos amigos de verdade escutando o que pensam a respeito seria uma alternativa valiosa. Todavia, se a incerteza persistir, indaguemos aos nossos supostos inimigos... É verdade, você não leu errado não!

Aqueles que se inimizam conosco ou que simplesmente não sintonizamos, por não terem nada a perder, comumente dizem o que pensam e, conforme a orientação para o autoconhecimento do Espírito Agostinho, têm condições de nos ajudar a avaliarmos o nosso comportamento.

Essa metodologia de conhecer a si mesmo, exarada na obra fundamental da Codificação Espírita, é a chave que todos temos ao alcance – sem gurus de ocasião – para o progresso individual.

Trata-se de uma maneira prática, sem teorizações desnecessárias, para que passemos, pouco a pouco, a identificar realmente quem nós somos de fato.

Consiste também numa metodologia apropriada ao desenvolvimento da resistência aos atrativos que os abusos das paixões apresentam em função da invigilância costumeira com que transitamos quando mergulhados no corpo somático.

Ao passo que percebamos determinada imperfeição moral, trabalhemos pela sua superação. Identificando virtudes devidamente assimiladas em nossa conduta, invistamos as forças em praticá-las constantemente.

Reconhecendo as aprendizagens que se fazem necessárias e os valores intelecto-morais já adquiridos pelo bom aproveitamento das vivências que a morada temporária na carne nos concede, dirijamo-nos à felicidade que pode ser granjeada pela dedicação, em apenas alguns minutos diários, ao autoconhecimento.


(1) O Livro dos Espíritos, questão 919.

(2) O Livro dos Espíritos, questão 919.

(3) Lucas 6:43.