sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

NATAL - POESIA MEDIÚNICA

“Natal! Reparte o carinho
Que te envolve a noite santa.
Veste, alimenta e levanta
O companheiro a chorar.
E, na glória do caminho
Dos teus gestos redentores,
Recorda por onde fores
Que o Cristo nasceu sem lar” -- Irene S. Pinto

(Do livro “Antologia mediúnica do Natal”,
psicografia de Chico Xavier, ed. FEB, pg. 16).

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Refletindo sobre o Progresso

Larissa Carvalho - Expositora e evangelzadora espírita - I. E. Terceira Revelação Divina - POA/RS
camachocarvalho@yahoo.com.br




Bastante grande é a perversidade do homem. Não parece que, pelo menos do ponto de vista moral, ele, em vez de avançar, caminha aos recuos?
Enganas-te. Observa bem o conjunto e verás que o homem se adianta, pois que melhor compreende o que é mal, e vai dia a dia reprimindo os abusos. Faz-se mister que o mal chegue ao excesso, para tornar compreensível a necessidade do bem e das reformas. (L.E., q.784)

No mundo se fala de progresso. Progresso tecnológico, científico, econômico, político. A tecnologia de ponta avança em suas especificidades e torna os instrumentos eletrônicos, computacionais cada vez mais potentes e de menor volume. Pequeninos aparelhos eletrônicos, hoje, são capazes de armazenar em formatos de bits e bytes, em combinações de 0 e 1, o que apenas algumas centenas de arquivos de ferro poderiam conservar.




A medicina descobre curas para doenças que até então condenavam seus portadores à morte; e a genética manipula os genes humanos de tal forma a procurar outras curas para problemas que faziam os doentes sentirem-se condenados pela vida. As ciências humanas, por sua vez, buscam e alcançam resultados muito positivos para a relativização da história da humanidade e valores de sujeitos calados pelo preconceito humano ao longo da mesma.




Afora todo esse desenvolvimento intelectual alcançado pela nossa sociedade, enquanto espíritas, por vezes, olhamos ao nosso redor e nos questionamos onde encontra-se o tão alardeado progresso que iremos assistir e que irá alavancar a Terra a mundo de Regeneração na escala dos mundos compreensível ao nosso entendimento. Vemos o desenvolvimento das técnicas, das ferramentas que utilizamos para viver, mas também testemunhamos um mundo onde a violência parece alastrar-se, onde as drogas ganham cada vez mais adeptos, onde as guerras parecem focos de incêndio sem a possibilidade de contenção.




Nos deparamos, em nosso tempo, com tanto progresso científico, tecnológico, econômico, com tantos avanços materiais, mas não temos conseguido vislumbrar os efeitos desse progresso na resolução da fome e da miséria no mundo; na solução dos graves problemas no campo da medicina para as populações, em geral, dos países; na erradicação do analfabetismo; na solução do problema nefasto do desemprego; no aniquilamento do preconceito; na grande desigualdade social vivida no âmbito dos países periféricos; e tantos outros graves problemas que assolam nossa sociedade.




Assim, por vezes, nos questionamos: Onde, então, o progresso da humanidade?
A partir do momento que nos dedicamos aos estudos espiritistas e começamos a compreender as engrenagens da vida com o auxílio da lente dos ensinos ditados pelos espíritos superiores sob comando do Espírito de Verdade passamos a ter consciência que o progresso intelectual da humanidade não a impulsiona para o efetivo progresso sem que ocorra, também, o desenvolvimento progressivo da moralidade nos homens.




E – invocando a primeira obra espírita organizada, codificada por Kardec, leitura obrigatório de todo adepto da Doutrina Espírita ou daquele que está procurando conhecer essa doutrina –, de acordo com a questão 780 d’O Livro dos Espíritos, o progresso moral decorre do progresso intelectual. Podemos ter em mente, desta forma, que estamos vivendo um período de transição, onde o progresso intelectual deve estar engendrando o desenvolvimento da moralidade no ser humano. Mas como perceber se isso procede ou não procede.




Se auscultarmos brevemente a história mesmo recente da nossa sociedade ocidental – para circunscrevermos nosso campo e visão – iremos perceber o quanto de progresso moral temos realizado nas últimas décadas. Quando, há anos atrás, considerávamos o duelo uma forma legítima de manutenção da honra ofendida por uma traição ou pelo desrespeito alheio; as exibições públicas de matança de homens por animais selvagens como genuíno divertimento de um público ávido por sangue; quando abandonar crianças à própria sorte no meio de florestas ou sacrificar os familiares mais jovens para que a pouca alimentação possa sustentar, pelo menos, os que sobreviveram aos difíceis primeiros anos infantis eram ações justificáveis e, mesmo, aceitáveis, embora não legais; vivíamos uma moralidade comandada pela lei do mais forte, pelos instintos inferiores humanos, pelo homem velho atormentado pelo passado regido pelo ímpeto e pelas atitudes inferiores.




Na atualidade assistimos a mudanças claramente perceptíveis, embora não costumemos refletir sobre elas: as brigas, as guerras privadas ainda existem, mas não são legitimadas pela sociedade; ainda há homens que decidem resolver seus problemas com armas de fogo, sem diálogo, mas, em termos de porcentagem o número é pequeno comparado ao dos homens e mulheres que lutam pela paz em todos recantos onde movimentam-se os indivíduos. Ter uma arma, portar instrumentos que possam ferir não é mais uma marca de virilidade, coragem, para a maioria de nós, mas um símbolo de perigo, de violência iminente, de desrespeito social.




Ainda assistimos a espetáculos em circos, em teatros, mas a platéia, hoje, regozija-se com atores encenando esquetes da vida cotidiana, adaptações de grandes peças da literatura mundial, nunca o espetáculo da morte dos circos romanos. Ainda vemos circos de horrores que incluem a matança de animais, espectadores que se comprazem com cenas grotescas no cinema, na televisão, mas, apesar dessas almas enfermas, a comoção do grande público, os espetáculos patrocinados por governos e entidades respeitáveis têm como atração a cultura e o talento humanos, uma celebração ao belo e ao estético.




Nossas crianças e jovens, atualmente, contam com a proteção de órgãos internacionais e nacionais, com projetos sociais de atendimento, com estatuto popularizado, com o respeito humano, com atendimento especializado, com políticas públicas. A comunidade busca proteger as crianças de maus-tratos, de abandono, busca assegurar-lhes o direito à educação, ao lazer, a presença dos pais, ao carinho, aos cuidados alimentares, médicos e psicológicos. Embora nessa área também existam almas enfermas que desconsideram esses seres pequeninos que precisam de nossos cuidados, estamos cada vez mais preocupados com o bem-estar infantil e juvenil, e cada vez mais encantados e aprendizes desses Espíritos imortais habitantes de pequeninos corpos.




Há alguns anos começamos a nos preocupar com a Natureza, com a casa terrestre que habitamos. Em que ocasiões, há duzentos anos atrás, nos preocuparíamos com isso? Em nenhuma, em raras ocasiões, em pouquíssimas oportunidades e dificilmente com o objetivo específico de conservar a beleza da Terra, mas com objetivos utilitários, com vistas ao maior aproveitamento dos recursos naturais.




Então, podemos perceber, agora, o nosso progresso?
O progresso intelectual faz que o homem possa discernir o que é bem do que é mal, como nos explicam os Espíritos
[1], perceber erros que cometemos; corrigindo, paulatinamente, as leis humanas, os códigos que regem a vida em sociedade. Estamos em processo de esclarecimento, iluminando nossos corações, percebendo as barbaridades que cometíamos. Abrindo-nos intelectualmente, ao outro, à alteridade propagada pela antropologia, à outredade, estamos descobrindo as dores do nosso próximo, estamos transferindo-a à nós, aprendendo a piedade, começando a procurar curar essas dores, amenizar os sofrimentos dos outros indivíduos, nossos iguais, nossos irmãos.




No entanto, estamos em processo; assim, ainda necessitamos corrigir muitas atitudes ainda arraigadas ao nosso ser.
E como o livre-arbítrio acompanha a inteligência, com o progresso intelectual fomos compreendendo que nos tornamos responsáveis por nossas escolhas, e fomos nos responsabilizando por elas. Entendemos que a vida na Terra depende do cuidado que com a Terra temos, assim, precisamos conservar a Natureza, preservar aquilo que a conserva: o verde, as matas, as águas.




Mas os Espíritos da Codificação nos esclarecem que “o moral e a inteligência são duas forças que só com o tempo chegam a equilibrar-se”[2] ensejando-nos a reflexão de que ainda temos longo caminho a percorrer. Pois se percebemos que muitos progressos realizamos ao longo dos anos, também não podemos ficar indiferentes à realidade de violência, desrespeito e miséria moral e intelectual que assola a Terra de forma geral. Temos ainda longo caminho pela frente, mas o desânimo não pode andar conosco nas fieiras da estrada a percorrer.




E, da mesma forma, não podemos ficar parados na estrada aguardando o progresso esperado chegar. Nós precisamos andar pela estrada, realizar a caminhada. A sociedade é formada pelos seus indivíduos. Todos nós, sem exceção, somos esses indivíduos. Já alertavam os Espíritos da Codificação de que a força para progredir haure o homem em si mesmo, naturalmente, e aqueles mais adiantados têm o dever de auxiliar o progresso dos outros, por meio do contato social[3].
Precisamos desenvolver nossa moralidade, precisamos ser éticos para com o mundo, descobrir as virtudes da caridade, mas primeiro precisamos decidir-nos sobre o que queremos para nosso futuro. Se soubermos os objetivos que queremos alcançar com a atual existência, o caminho a seguir é de fácil escolha e, em geral, não é o mais fácil em termos de travessia. Precisamos focar no objetivo de nossas vidas. Será que temos esses objetivos? O planejamento de nossas vidas também faz parte do nosso progresso individual, bem como o conhecimento de nós mesmos.




Se desejarmos viver em uma sociedade mais justa, sairmos tranqüilos às ruas sem medos, sem receios, se quisermos que nossos filhos encontrem uma cidade organizada, emprego e qualidade de vida, se necessitamos não mais preocuparmo-nos com guerras, terrorismos e outras tantas atrocidades presentes no nosso mundo, hoje, temos o dever de nos preocuparmos com o progresso: Primeiramente o nosso, buscando ser homem de bem, vivendo uma vida ética, sem guerras domésticas, sem violência simbólica, doando-nos aos familiares, aos amigos, desenvolvendo compaixão para com as dores do próximo, praticando a caridade com amor, sem obrigação, sem querer livra-se de culpas milenares. Depois, retornando no caminho de nossos próprios pés, na estrada tortuosa já conhecida, então, e trazendo conosco outros irmãos, buscando os que caíram no decorrer da caminhada, os afetos que não tiveram forças. Assim, com alegria, reuniremos nossa família universal, no fim desse caminho conhecido, e poderemos considerar que o progresso almejado é mais fácil do que pensávamos, pois depende unicamente de nós.




Conhecer, crescer intelectualmente, sem necessitarmos verter conhecimentos inúteis somente para mostrarmos nossos progressos intelectuais. Conviver, tolerar, ser paciente, ser manso, ser benévolo, amar; procurar sermos homens e mulheres de bem, como nos anuncia o Evangelho de Jesus à luz da Doutrina Espírita, só assim veremos, sem delongas, erguer-se diante de nós o mundo verdadeiramente regenerado, o mundo que alcança os benefícios dos progressos realizados, pois contará com homens e mulheres que cresceram e alçaram o progresso através das duas asas anunciadas pelo Espírito Emannuel: sabedoria e amor, inteligência e moralidade



[1] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 87ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006, p. 408, q. 780a.
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 87ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006, p. 409, q. 780b.
[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 87ª ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2006, p. 408, q. 779.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Jesus



Você já parou para pensar, algum dia, como era o homem Jesus?


Se nos inspirarmos nos Evangelhos podemos esboçar Sua aparência física e espiritual. Verdadeiramente, Sua aparência física não está descrita nos Evangelhos, mas Ele sempre se mostra simpático e atraente. Causava profunda impressão na multidão, quando Se apresentava em público.


Tinha um corpo sadio, resistente ao calor e ao frio, à fome e à sede, aos cansaços das longas jornadas a pé, pelas trilhas das montanhas da Palestina. Também ao cansaço por Sua atividade ininterrupta junto ao povo, que não Lhe deixava tempo nem para se alimentar.


Embora nascido em uma estrebaria, oculto aos olhos dos grandes do mundo, teve Seu nascimento anunciado aos pequenos, que traziam os corações preparados para O receber. A orquestra dos céus se fez presente e a ópera dos mensageiros celestiais O anunciou a quem tivesse ouvidos de ouvir.


Antes de iniciar o Seu messianato, preparou-Lhe os caminhos um homem rude, vestido com uma pele de animal e que a muitos, com certeza, deve ter parecido esquisito ou perturbado. Principalmente porque, num momento em que o povo aguardava um libertador que fosse maior que o próprio Moisés, ele falava de alguém que iria ungir as almas com fogo.


Enquanto todos aguardavam um guerreiro, que surgisse com seu exército numeroso para subjugar o dominador romano, João, o Batista, lhes falava do Cordeiro de Deus. E cordeiro sempre foi símbolo de mansuetude, de delicadeza.


Quando Ele se fez presente, às margens do Jordão, a sensibilidade psíquica de João O percebe e O apresenta ao mundo.


Esse ser tão especial tomou de um grão de mostarda e o fez símbolo da fé que move montanhas. Utilizou-Se da água pura, jorrada das fontes cristalinas, para falar da água que sacia a sede para todo o sempre.


Tomou do pão e o multiplicou, simbolizando a doação da fraternidade que atende o irmão onde esteja e com ele reparte do pouco que tem.


Falou de tesouros ocultos e de moedas perdidas. Recordou das profissões menos lembradas e as utilizou como exemplo, Ele mesmo denominando-Se o Bom Pastor, que conhece as Suas ovelhas.


Ninguém jamais O superou na poesia, na profundidade do ensino, na doce entonação da voz, cantando o poema das bem-aventuranças, no palco sublime da natureza.


Simples, mostrava Sua sabedoria em cada detalhe, exemplificando que os grandes não necessitam de ninguém que os adjetive, senão sua própria condição.


Conviveu com os pobres, com os deserdados, com os considerados párias da sociedade, tanto quanto visitou e privou da amizade de senhores amoedados e de poder.


Jesus, ontem, hoje e sempre prossegue exemplo para o ser humano que caminha no rumo da perfeição.


* * *


Embora visando sempre as coisas do Espírito, Jesus jamais descurou das coisas pequenas e mínimas da Terra.


É assim que Seu coração se alegra pelas flores do campo, as quais toma para exemplo em Sua fala, da mesma forma que as pequeninas aves do céu.


O Seu amor se dirigia sobretudo aos pobres, aos humildes, aos oprimidos, aos desprezados e aos párias.


E, justamente por conhecer a fraqueza e a malícia dos homens, sempre perdoa, enquanto Ele mesmo alimenta a Sua vida pelo cumprimento da vontade e do agrado de Deus, o Pai.




Redação do Momento Espírita com detalhes colhidos no verbeteJesus, do Dicionário enciclopédico da bíblia, deA. Van den Born, ed. Vozes.Em 05.12.2008.

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