Larissa Carvalho
Historiadora, expositora espírita e
colaboradora do Projeto Estudando Kardec/POA-RS
Natal!
Nestes tempos acelerados em que nos movimentamos, o Natal é uma data que chega tão rápido a cada ano! Passa o carnaval, inicia o ano letivo, em seguida chega o mês de agosto, as comemorações cívicas... o Natal, novamente o Natal. Então, temos que comprar os presentes, não podemos nos esquecer de ninguém, todos precisam estar em nossas listas. "E se o namorado da minha prima comparecer à ceia? Compro um presente para ele?" Para os entes queridos mais próximos, presentes melhores, para os que não são tão próximos, lembrancinhas.
Para os filhos... Bom, esses, hoje em dia, escolhem seus presentes antes da véspera do Natal; em geral àqueles brinquedos que brincam pelas crianças: Bonecas que falam e que não permitem que as meninas exercitem a imaginação criando diálogos nem supostas necessidades dos seus bebês. Robôs que andam, conversam, brincam sozinhos e os meninos ficam apenas observando, se assim o quiserem.
Sem falar nos preparativos da própria ceia natalina. Perus, doces, tâmaras e os supermercados ficam abertos até a noite da véspera do Natal para atender às solicitações de todos os clientes. Preços exorbitantes, jovens senhoras de família digladiando umas com as outras pelos últimos exemplares dos seres desencarnados que serão servidos na ceia de Natal. Filas enormes, principalmente quando vamos comprar o refrigerante esquecido, quase à hora do jantar.
À hora da ceia natalina, da chegada dos familiares, amigos, os queridos do nosso coração, estamos cansados, verdadeiramente esgotados. Os preparativos foram tantos, tão desgastantes, que a alegria do Natal, a espera da passagem das horas, os abraços e sorrisos parecem terem se perdido no tempo de nossas infâncias. Apenas nossas crianças ainda sonham.
Mas, afora os saudosismos, será que ainda sabemos o real objetivo do Natal? Alguns dirão, inopinadamente, que é o nascimento de Jesus. Pois bem! Mas o que isso significa nas nossas vidas?
Jesus foi o ser mais perfeito que Deus permitiu viver na terra até nossos dias com o intuito de nos auxiliar a progredir enquanto Espíritos imortais. Somente por isso o Seu nascimento é uma dádiva para a Humanidade. Mas além disso, a celebração do nascimento de Jesus, como nós a organizamos em nossa sociedade, deveria ser uma celebração do sentimento de família.
Jesus nasceu em local simples, rodeado de animais, como conta a história dos Hebreus, sem luxo, sem pompa, sem jantar fausto, mas rodeado de sua família. Não nos importa se a família de Jesus contava somente com três ou havia mais pessoas, o que realmente importa é que ele estava com sua família, seu pai, sua mãe, os pastores amigos. Em Seu nascimento Jesus celebrou a família.
E não olvidemos que os laços de família, conforme nos exortam os Espíritos em resposta à Kardec na questão 775 d’O Livro dos Espíritos, fortemente consolidados fazem com que o egoísmo que viceja em nós não recrudesça, não se intensifique. E quanto mais forte tornamos esses laços, mais enfraquecido fica o nosso egoísmo, essa chaga da Humanidade.
Natal! Celebração do nascimento do Cristo! Celebração do sentimento de família! Celebração da futura conquista da família universal. Procuremos não encontrarmo-nos demasiadamente cansados na véspera do Natal pela correria na compra dos presentes, na preparação do jantar, na arrumação da decoração. Reservemos energia, motivação para sorrir e sentirmo-nos felizes com a chegada dos familiares, dos amigos, dos entes queridos. Vivamos a alegria do Natal, a esperança de sermos felizes, sem nos esquecer de que sem a nossa família a ceia, os presentes não teriam sentido e que Jesus nasceu no seio de uma família exortando a humanidade, pelo exemplo, a não olvidar os laços divinos da família que iniciam a trama milenar que vem tecendo na Terra, paulatinamente, o Amor Universal.