terça-feira, 18 de dezembro de 2007

CELEBRAÇÃO DO NATAL


Larissa Carvalho
Historiadora, expositora espírita e
colaboradora do Projeto Estudando Kardec/POA-RS


Natal!
Nestes tempos acelerados em que nos movimentamos, o Natal é uma data que chega tão rápido a cada ano! Passa o carnaval, inicia o ano letivo, em seguida chega o mês de agosto, as comemorações cívicas... o Natal, novamente o Natal. Então, temos que comprar os presentes, não podemos nos esquecer de ninguém, todos precisam estar em nossas listas. "E se o namorado da minha prima comparecer à ceia? Compro um presente para ele?" Para os entes queridos mais próximos, presentes melhores, para os que não são tão próximos, lembrancinhas.

Para os filhos... Bom, esses, hoje em dia, escolhem seus presentes antes da véspera do Natal; em geral àqueles brinquedos que brincam pelas crianças: Bonecas que falam e que não permitem que as meninas exercitem a imaginação criando diálogos nem supostas necessidades dos seus bebês. Robôs que andam, conversam, brincam sozinhos e os meninos ficam apenas observando, se assim o quiserem.

Sem falar nos preparativos da própria ceia natalina. Perus, doces, tâmaras e os supermercados ficam abertos até a noite da véspera do Natal para atender às solicitações de todos os clientes. Preços exorbitantes, jovens senhoras de família digladiando umas com as outras pelos últimos exemplares dos seres desencarnados que serão servidos na ceia de Natal. Filas enormes, principalmente quando vamos comprar o refrigerante esquecido, quase à hora do jantar.

À hora da ceia natalina, da chegada dos familiares, amigos, os queridos do nosso coração, estamos cansados, verdadeiramente esgotados. Os preparativos foram tantos, tão desgastantes, que a alegria do Natal, a espera da passagem das horas, os abraços e sorrisos parecem terem se perdido no tempo de nossas infâncias. Apenas nossas crianças ainda sonham.

Mas, afora os saudosismos, será que ainda sabemos o real objetivo do Natal? Alguns dirão, inopinadamente, que é o nascimento de Jesus. Pois bem! Mas o que isso significa nas nossas vidas?

Jesus foi o ser mais perfeito que Deus permitiu viver na terra até nossos dias com o intuito de nos auxiliar a progredir enquanto Espíritos imortais. Somente por isso o Seu nascimento é uma dádiva para a Humanidade. Mas além disso, a celebração do nascimento de Jesus, como nós a organizamos em nossa sociedade, deveria ser uma celebração do sentimento de família.

Jesus nasceu em local simples, rodeado de animais, como conta a história dos Hebreus, sem luxo, sem pompa, sem jantar fausto, mas rodeado de sua família. Não nos importa se a família de Jesus contava somente com três ou havia mais pessoas, o que realmente importa é que ele estava com sua família, seu pai, sua mãe, os pastores amigos. Em Seu nascimento Jesus celebrou a família.

E não olvidemos que os laços de família, conforme nos exortam os Espíritos em resposta à Kardec na questão 775 d’O Livro dos Espíritos, fortemente consolidados fazem com que o egoísmo que viceja em nós não recrudesça, não se intensifique. E quanto mais forte tornamos esses laços, mais enfraquecido fica o nosso egoísmo, essa chaga da Humanidade.
Natal! Celebração do nascimento do Cristo! Celebração do sentimento de família! Celebração da futura conquista da família universal. Procuremos não encontrarmo-nos demasiadamente cansados na véspera do Natal pela correria na compra dos presentes, na preparação do jantar, na arrumação da decoração. Reservemos energia, motivação para sorrir e sentirmo-nos felizes com a chegada dos familiares, dos amigos, dos entes queridos. Vivamos a alegria do Natal, a esperança de sermos felizes, sem nos esquecer de que sem a nossa família a ceia, os presentes não teriam sentido e que Jesus nasceu no seio de uma família exortando a humanidade, pelo exemplo, a não olvidar os laços divinos da família que iniciam a trama milenar que vem tecendo na Terra, paulatinamente, o Amor Universal.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

A GERAÇÃO NOVA

27. Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande emigração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o endurecimento de seus corações, uns em mundos inferiores, outros em raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem, aos quais levarão os conhecimentos que hajam adquirido, tendo por missão fazê-las avançar. Substituí-los-ão Espíritos melhores, que farão reinem em seu seio a justiça, a paz e a fraternidade.

A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas.

Tudo, pois, se processará exteriormente, como sói acontecer, com a única, mas capital diferença de que uma parte dos Espíritos que encarnavam na Terra aí não mais tornarão a encarnar. Em cada criança que nascer, em vez de um Espírito atrasado e inclinado ao mal, que antes nela encarnaria, virá um Espírito mais adiantado e propenso ao bem.

Muito menos, pois, se trata de uma nova geração corpórea, do que de uma nova geração de Espíritos. Sem dúvida, neste sentido é que Jesus entendia as coisas, quando declarava: “Digo-vos, em verdade, que esta geração não passará sem que estes fatos tenham ocorrido.” Assim, decepcionados ficarão os que contem ver a transformação operar-se por efeitos sobrenaturais e maravilhosos.

28. A época atual é de transição; confundem-se os elementos das duas gerações. Colocados no ponto intermédio, assistimos à partida de uma e à chegada da outra, já se assinalando cada uma, no mundo, pelos caracteres que lhes são peculiares.

Têm idéias e pontos de vista opostos as duas gerações que se sucedem. Pela natureza das disposições morais, porém, sobretudo das disposições intuitivas e inatas, torna-se fácil distinguir a qual das duas pertence cada indivíduo.

Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as idéias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração.

O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, pelo se negarem a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.

Desses vícios é que a Terra tem de ser expurgada pelo afastamento dos que se obstinam em não emendar-se; porque são incompatíveis com o reinado da fraternidade e porque o contacto com eles constituirá sempre um sofrimento para os homens de bem. Quando a Terra se achar livre deles, os homens caminharão sem óbices para o futuro melhor que lhes está reservado, mesmo neste mundo, por prêmio de seus esforços e de sua perseverança, enquanto esperem que uma depuração mais completa lhes abra o acesso aos mundos superiores.

(Itens do cap. XVIII do livro A GÊNESE, de Allan Kardec, 1868)